Esse é o segundo texto dos dois que eu mais me orgulho. A razão para isso é que eu criei ele com a idéia de falar especificamente sobre uma colega do Derek, a Alice. Eu não mencionava ela no texto mas enquanto escrevia ela foi minha total fonte de inspiração. O meu orgulho por ele foi justamente porque mesmo sem mencionar nada eu postei o texto no "Teorias" na comunidade dos Groovers no Orkut e depois de alguns dias a própria Alice me pediu para postar um trecho do texto na descrição dela no perfil do orkut.
Ela está sentada embaixo da árvore, não se sabe ao certo a quanto tempo. Ela pode estar lá, sentada no mesmo lugar a horas ou pode ter acabado de escolher aquele local para um descanso passageiro.
As nuvens estão escuras sob um céu pouco amistoso. Ela considera se deve partir. Um trovão da seu ultimato. Ela estava prestes a sair, já tinha se decidido, estava apenas esperando mais alguns segundos, mas mudou de opinião. Não gosta que lhe digam o que fazer. Adora provar que sua opinião prevalece sobre as demais, não importando se o seu oponente for seu namorado ou a própria natureza.
O vento começa a soprar mais forte, levanta folhas do chão e mexe em seu cabelo. É um afago rude, mas ela o aceita sem relutância, pois sabe que é sincero. Um carinho sincero é algo que ela sabe não receber facilmente, se é que já recebeu. Mas o pensamento que surge, contra a sua vontade, é de que ela não sabe por que necessita de algo sincero. A falsidade e a distância têm servido aos seus propósitos Ela sabe que não pode se afogar em sentimentos rasos. Ela sabe de muitas coisas. Mas ela afasta todos esses pensamentos. Ela quer algo. Ela quer mais do rude afago, mas o vento cessa. Ela se levanta e olha para as nuvens vigorosas, acima de onde ela coloca seu ego quando está sozinha. O vento se foi de fato.
Ela dá diversos passos decididos em direção ao nada. Por um breve momento, ela se questiona de que adianta a determinação que não leva a lugar algum. Mas novamente ela afasta o pensamento. Um pensamento mais profundo poderia tira-lá de seu caminho não traçado.
Ela encontra-se perdida no mundo, mas sabe tudo sobre ela mesma e isso é o que basta para o mundo se curvar a sua vontade, mas talvez não seja o bastante para ela.
Ela têm todas as escolhas à sua frente. Todas elas estão certas. Não existe caminho errado. Existem caminhos por onde ela não andou, e eles trazem uma fascinação, mas nem mesmo isso é certo.
Ela dá passos calmos em direção ao vento, ela têm certeza de que não dará os mesmos passos na direção contrária. Não há necessidade. A brisa suave toca seu rosto e brinca com seu cabelo. O vento fica mais forte. As nuvens se juntam em uma forma que parece seguir o trajeto de seus passos. A chuva cai molha seu cabelo, seu rosto, suas mãos...
O tempo se torna mais impetuoso... o vento uiva, as nuvens se tornam negras, e no horizonte uma tempestade se forma. Ela para. Prefere não refletir. Ela não precisa, mas ela não o deixa de fazer por receio, ela não reflete por instinto. Para não se perder de um caminho não trilhado. E isso não é mais algo revelado com culpa ou pesar. Ela não mudou. Continua a mesma. Ela nunca necessitou mudar. Todos os caminhos estão certos. Ela levanta a cabeça e olha para a tempestade. A chuva e o vento a dizem para não prosseguir. Ela não gosta que lhe digam o que fazer. Os trovões ressoam. Ela mantém sua cabeça ereta. Ela é quem dá ultimatos. Ela é maior do que isso. Ela é cada dia menos e cada noite mais. Ela sou eu sem a cicatriz.
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