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domingo, 27 de abril de 2014

Livros que Mudam a Vida: Cash: A Autobiografia


Quando eu já estava na metade da leitura de Cash - A Autobiografia percebi que essa era apenas a segunda biografia que leio e a primeira autobiografia. Minhas expectativas quanto a esse tipo de livro estavam corretas, quando você conta a própria história as partes mais feias são varridas para baixo do tapete e a sensação de que a história ficou incompleta é inevitável. O fato de essa não ser a primeira autobiografia de Cash agrava ainda mais esse cenário e a impressão é que esse livro se propõe apenas a preencher algumas lacunas deixadas pelo seu antecessor.
Os grandes focos do livro são o cenário da música country entre as décadas de 50 e 60 e a relação de Cash com outras figuras famosas do mesmo período. 
Cash menciona sua relação com as drogas e sua personalidade destrutiva de forma extensa porém superficial. Ele se abstém dos detalhes em relação a destruição que causou e as pessoas que magoou. A própria relação com June Carter não é mencionada tanto quanto se imaginaria. O início da relação, quando ambos ainda eram casados com outras pessoas, não é bem explicado e fica a impressão de que foi suprimido para não causar uma má impressão ou porque o assunto já foi abordado no livro anterior. 
Cash se mostra um pai e avô coruja e relata detalhadamente os integrantes de seu clã e sua relação com todos eles. Ele sempre tem algum elogio para seus filhos, genros e netos, a maioria deles com laços na industria musical. 
Sua relação com as gravadoras e seu ostracismo nos anos 80 são mencionados e tem algumas histórias interessantes sobre o período. Ele conta rapidamente sobre o inicio de sua relação com Rick Rubin e o lançamento de American Records (minha fase favorita de Cash). 
O aspecto mais interessante do livro para mim é o retrato de Cash como um artista inovador, responsável por diversos álbuns conceituais que inúmeras vezes forçou sua opinião e estilo sobre o das gravadoras e estúdios e que isso somado ao seu envolvimento com as drogas pode ter lhe custado um estrelato ainda maior do que ele eventualmente acabou atingindo. 
No geral "Cash" acaba parecendo mais um amontoado de "causos" contados por Cash do que uma sequência cronológica fiel da vida do famoso músico. 
Enquanto biografias escritas por terceiros podem ser mais fiéis (e intrusivas) no que diz respeito as partes mais comprometedoras da vida de uma personalidade, uma autobiografia nos fornece o "insight" da mente genial por trás da obra e no caso de "Cash" alguns desses momentos são bem interessantes se você se interessa pelos pensamentos de um cantor e compositor que tem uma carreira que se estendeu por mais de 50 anos. 
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