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domingo, 14 de junho de 2009

Cinema Groover - A Paixão de Cristo


Hoje finalmente decidi assistir novamente A Paixão de Cristo, eu comprei o DVD há uns quatro meses atrás e ainda não havia reunido coragem o suficiente para assisti-lo novamente. Não que seja um consideração em relação à religiosidade do filme, mas quando se vive sozinho e se vê a namorada menos do que gostaria você passa a selecionar cuidadosamente as ocasiões nas quais pode assistir filmes com potencial para fazê-lo chorar. Mas primeiro deixem me falar a respeito da minha admiração por esse filme. Assisti-lo no cinema foi uma experiência marcante no mínimo. Eu o vi duas vezes a primeira com a minha irmã e a segunda com o Derek. Na primeira vez obviamente a experiência foi mais intensa. Eu já estive em velórios e não lembro em nenhum deles ter causado mais comoção nas pessoas do que esse filme. As pessoas choravam alto, soluçavam e o intervalo programado de 15 minutos durante a exibição de fato foi necessário para as pessoas se recomporem . Essa sessão de cinema causou um grande impacto em mim, não pela história em si, mas pela maneira como foi capaz de emocionar a todos na sala. Eu me percebi desejando que outras histórias tivessem essa capacidade de difusão e apelo entre uma audiência tão diversa. Agora assistindo em DVD o filme perde muito de sua emoção e é possível analisá-lo com mais calma. Logo nas primeiras cenas tudo fica claro para mim que não é possível analisar o filme sem levar em consideração a sua religiosidade. A iluminação é a mais bonita que eu considero ter visto em um filme, a trilha sonora não só é uma das minhas favoritas como também valoriza cada cena do filme. O diretor Mel Gibson mostra como é capaz de transformar os filmes através de detalhes, como colocar um ator com uma face levemente afeminada e belo olhos para interpretar Satanás e abusar da violência gráfica do filme. Mas o que me chama a atenção é a falta de qualidade dos diálogos, particularmente os de Jesus. Jim Caviezel é um ator competente e faz um excelente trabalho como Jesus, mas sempre que o personagem fala é visível o esforço do diretor em consertar o excesso dessas passagens e tornar o personagem mais humano. De fato eu considero esse ser a grande vantagem da obra de Mel Gibson em relação a outros filmes que retrataram Jesus, o filme é bem sucedido em criar uma identificação da audiência com o personagem. É possível ao espectador se colocar no lugar de Jesus e sentir sua fragilidade, que na verdade é a chave para o sucesso do filme. Ninguém se emocionaria com um personagem que é repetidamente atacado e ferido mas é apresentado como alguém inatingível. Porém essa capacidade de apego do público pelo personagem só é possível porque o diretor tem a consciência de colocar várias cenas lembrando da humanidade e fragilidade do personagem. Um exemplo claro é a cena em que um muito humano Jesus fala com sua mãe a respeito de uma mesa mais alta do que o normal que acabou de construir. Outro exemplo é a cena em que Maria vê seu filho caindo sob o açoite dos romanos e lembra de uma passagem da infância na qual o menino Jesus cai e ela pode lhe socorrer e consolar. Essa é uma das cenas mais emocionantes para mim e imagino que seja difícil que ela não apele a qualquer pessoa que seja mãe. No entanto apesar de truques como esse ajudarem o filme no final eles não apagam (para mim) a sensação incômoda que de que o personagem principal parece alguém fora de si e tem seus melhores momentos quando está quieto. É louvável o esforço do ator em seus olhares e interpretação de dor e isso diluí a má impressão causada pelos diálogos bíblicos. Como filme em si é uma bela obra, mas meu apreço pelo personagem sofre um forte abalo assim que eu me lembro que esse é o mesmo Jesus que é contra homossexuais e sempre precisa do dinheiro alheio.


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