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quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Flower - PS4

Flower é um jogo diferente, praticamente conceitual. O próprio aprendizado de como manusear corretamente o controle faz parte da experiência. Eu levei uns 15 minutos para entender como sequer interagir adequadamente com o jogo. Esse é um dos charmes desse jogo originalmente do PlayStation 3 que encontra nova vida em um relançamento no PS4. 
Entre as diversas qualidades de Flower estão os gráficos belíssimos, a trilha sonora e o ambiente extremamente relaxantes e efeitos sonoros que agregam a experiência, mas o grande trunfo do jogo é a sua criatividade no que se refere ao gameplay. 


Você nunca jogou nada exatamente como Flower e esse tipo de originalidade é muito bem vinda em um mundo tomado por Call of Duty e Battlefield. Mas o preço acessível também é um atrativo, o jogo é bastante curto, mas tem um potencial de re-jogabilidade bastante grande. Eu acabei adquirindo o título por apenas R$ 17,00 na PSN brasileira. 


Flower surpreende no início, mas seus truques são relativamente curtos, talvez se você for jogar todo ele em um sessão só você se sinta um pouco entediado lá pela terceira fase, porém essa não é a proposta do jogo. Flower é um excelente jogo quando a pessoa não quer pensar em nada e simplesmente relaxar com o joystick na mão. Uma ótima opção para introduzir pessoas desacostumadas ao mundo do video-game aos novos lançamentos de jogos. 
Flower é melhor saboreado em doses homeopáticas, um conceito que é reforçado por um de seus troféus que premia jogadores por tirarem uma pausa de mais de 10 minutos do gameplay. 
Jogos assim, que sabem sua função e seu público, são raros e Flower deve ser apreciado por isso. 

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

The Last of Us - Remastered PS4



Eu não consigo me lembrar de um outro jogo que tenha tido uma fama tão avassaladora. The Last of Us é bom, todo mundo sabe disso. Mas parece que há uma compulsão em se comentar o quão bom esse jogo é. Amigos me disseram que eu devia comprar o Playstation 4 por causa desse jogo. O Rafael Seibel e o Jovem Nerd ficam repetindo que esse é o jogo da vida deles, e uma infinidade de outros amigos me comentam que esse jogo é sensacional! 
Baseado nesse “hype” todo é de se esperar duas coisas: a primeira é de que o jogo seja revolucionário, e a segunda é de que ocorra alguma dose de desapontamento, afinal a expectativa já foi lá em cima. No fim, nenhuma das duas coisas ocorrem (pelo menos não em doses que eu considero relevantes). 


Na verdade The Last of Us é bem “básico” em sua mecânica. Terceira pessoa, apocalipse zumbi e customização de armas são características que poderiam descrever Dead Rising. Mas o trunfo do jogo da Naughty Dog são os personagens, a história e o ritmo. 
Há um nível de qualidade cinematográfica que você não vai encontrar em nenhum outro jogo, seja da atualidade ou anterior. Uma das colas que junta todo o material de forma inspirada é justamente o antídoto para que ninguém se decepcione com a aventura mesmo depois de tanta propaganda: o jogo tem seus pés-no-chão. 


Há um boa dose de realidade em The Last of Us e isso inclui a noção de que mesmo em uma aventura em um mundo pós-apocaliptico há muito espaço para tédio e marasmo. Isso não significa que o jogo seja chato ou apático em alguns partes, mas que tem a confiança necessária para entender que não há a necessidade de uma bomba ou helicóptero ou zumbis pulando na tela a cada dez segundos para que ele mantenha o interesse dos personagens na história. 
Joel e Ellie são personagens clichês mas com uma dose certa de originalidade. Joel é quem faz o papel de protetor mas ao mesmo tempo é o mais emocionalmente frágil dos dois. Ellie é que está sendo escoltada por Joel, mas é ela que mais significativamente cuida dele na história. 


The Last of Us é simplesmente bem feito desde a primeira cena até a última. Os gráficos realmente são os melhores que eu já joguei, já vi melhores mas nunca em um jogo que fosse meu. Mas isso não chega a ser o mais impactante do jogo, como eu disse o conjunto é que faz toda a diferença. 

Eu vi vários gameplays do jogo no YouTube e não é incomum ver gamers experientes se emocionarem já na abertura do jogo (aconteceu comigo). Esse nível de envolvimento só é obtido quando tudo funciona em conjunto. 



O design das fases é muito interessante, o jogo é bem linear e na maioria das fases você começa no ponto "a" e deve chegar ao ponto "b", mas a criação dos ambiantes é tão inteligente que na maioria das vezes você sente que pode explorar o cenário quase a vontade. 


Outra parte desse conjunto vencedor é a excelente trilha sonora de Gustavo Santaolalla (que eu conhecia da trilha sonora de Brokeback Mountain). O violão do argentino dá o tom certo de melancolia e progressão de sentimentos sem ser afetado.



Eu ainda não joguei muitos jogos da nova geração mas The Last of Us é definitivamente o melhor deles, e isso sem considerarmos o excelente multiplayer que acompanha a campanha principal.
Muito mais tático do que outros jogos de tiro da atualidade é altamente recomendado para aqueles que preferem um experiência diferente do que simplesmente apertar o gatilho antes do adversário.
O jogo permite que você escolha entre duas facções e faz que você seja o responsável por um grupo de sobreviventes. Os seus resultados nas partidas indicam se você conseguiu suprimentos suficientes para mantê-los saudáveis ou se eles morrem de fome, afligidos por doenças ou ataques de inimigos. Há a opção de importar o nomes dos seus contatos do facebook para formarem os sobreviventes, o que eu altamente recomendo, nada é publicado na sua timeline, e torna a experiência bem mais pessoal.

De todos os jogos exclusivos que eu já vi e já joguei The Last of Us é o que eu considero ser o mais impactante na decisão de influenciar na escolha de um console. Eu não acho que por si só ele seja um motivo para comprar um PlayStation 4 quando comparado a opção de um Xbox One, mas se alguém for comparar os exclusivos ele me parece ser o mais relevante. 



O grande defeito do jogo para mim foi transformar todos os meus outros jogos em produtos bem menos qualificados na comparação direta. Eu desisti de jogar Destiny, que tem seus próprios defeitos mas a falta de história ficou ainda mais grave depois de jogar um game com uma trama tão impactante, e tive grande dificuldade de passar por cima dos clichês e falta de refinamento de Sombras de Mordor. 

Ainda que o jogo em si não seja de fato revolucionário, seu impacto na mídia é. É bastante raro um jogo que não faz parte de uma franquia estabelecida ter tanta repercussão e atingir tantas mídias além do video-game. A trilha sonora foi bem vendida, um filme está certamente a caminho e a Naughty Dog fez uma apresentação ao vivo, atuada pelos dubladores, de cenas chaves do jogo em um evento chamado "The Last of Us - One Night Live", algo que seria completamente inviável e sem sentido na maioria dos outros jogos que conhecemos.



A versão "Remastered" para PS4 já vem com a adição da DLC "Left Behind" que adiciona mais três ou quatro horas bastante inspiradas ao gameplay original e aprofunda a história de Ellie enquanto ajuda Joel e mostra o que aconteceu com ela logo antes do início do jogo original. O impacto emocional dessas revelações são um atestado de que a qualidade de TLoU não é um acerto único da equipe responsável pelo jogo, mas que a sua capacidade para realizar um história com uma qualidade narrativa surpreendente veem se aprimorando.


The Last of Us é o tipo de jogo que eu poderia sentar e discutir a motivação dos personagens por horas a fio com amigos, algo que eu acredito ser inédito quando se trata de jogos de video-game. 

Sem dúvida um um dos melhores jogos que eu já joguei, eu poderia me divertir tranquilamente apenas assistindo alguém jogar e ir acompanhando a história e os personagens. Difícil imaginar que alguém consiga jogar esse jogo e não se surpreender envolvido na narrativa.
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