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sexta-feira, 17 de julho de 2015

The Revenant com Leonardo DiCaprio

Eu já havia ficado fascinado com essa história a primeira vez que a ouvi, ainda que brevemente em um daqueles posts do 9gag falando sobre os "homens mais machos".

"Hugh Glass...
Atacado por um urso ele foi dado como morto e abandonado a 200 milhas de distância do acampamento mais próximo. Ele tinha uma perna quebrada, cortes que deixavam a mostra suas costelas e feridas infeccionadas.
Ele recobrou sua consciência, ajeitou sua perna, usou vermes para comer a parte de sua carne que já estava morta e rastejou de volta a civilização durante 6 semanas.
Ele sobreviveu comendo sementes, raízes e até mesmo espantou lobos de uma carcaça de bisão.
Quando ele retornou para casa, ele recuperou seu rifle e continuou trabalhando com armadilhas."

Até aí a história já parece incrível, mas o mais legal é que há um livro que foi escrito que detalha ainda mais a aventura de Glass, chamado The Revenant (algo como "Aquele que Retornou" ou "O Retornado" em um sentido mais sobrenatural).


Quanto mais detalhes eu fico sabendo da história mais incrível ela fica. O urso com o qual Glass se deparou era na verdade uma fêmea com dois filhotes. A página da Wikipedia de Glass, tem uma descrição bastante impressionante de seu encontro com o urso:

"Antes que ele pudesse disparar seu rifle, o urso o atacou, o pegou e atirou-o ao chão. O urso jogou pedaços da carne Glass para seus filhotes. Ele levantou-se, sacou sua faca, e lutou golpeando repetidamente o animal enquanto o urso continuava rasgando-com as garras."

Depois seus companheiros o abandonaram, acreditando que ele não sobreviveria aos ferimentos, e levaram seus equipamentos, incluindo sua faca e seu rifle.

Seus companheiros deixaram-lhe coberto com a pele do urso como uma mortalha e Glass a utilizou para se cobrir. Para evitar gangrena ele se deitou em um tronco podre e deixou os vermes comerem a carne morta de seus ferimentos.

Ainda não é o suficiente? Durante sua jornada Glass foi brevemente ajudado por índios que costuraram a pele de urso nas suas costas (para cobrir os ferimentos expostos) e durante todo o caminho Glass teve que evitar a perseguição de uma tribo hostil, os Arikara.

Depois que Glass voltou a civilização ele iniciou uma jornada de vingança contra os homens que o haviam abandonado e recuperou seu rifle!

Agora, o genial Alejandro Gonzáles Iñarritu decidiu levar essas história para as telas do cinema com ninguém menos do que Leonardo DiCaprio.

Eu já havia achado o trailer bom, mas agora com os detalhes da história ele ficou épico!




quinta-feira, 16 de julho de 2015

Dança Macabra - Stephen King


Sempre soube que as minhas impressões sobre a obra de Stephen King tinham uma grande chance de estarem erradas, afinal meus únicos contatos com o tão aclamado "Mestre do Terror" sempre foram através das adaptações de seus livros e contos para o cinema e tv.
Por essa visão de segunda mão sempre tive a percepção de que as melhores adaptações de seus livros eram os que não envolviam terror e focavam mais no elemento humano, como: "Um Sonho de Liberdade" e "À Espera de Um Milagre" ambos adaptados por Frank Darabont e "Conta Comigo" de Rob Reiner.
Também tinha consciência de que mergulhar nesse universo "Kingniano" poderia ser uma tarefa bastante árdua já que ele tem se mostrado um escritor prolífico nos seus mais de 40 anos de carreira e seus leitores tem o hábito de não se restringir a apenas uma obra do autor.
Por onde exatamente começar então?

Gosto de livros, mas sou um cinéfilo em primeira lugar, então gosto de ler livros que tenham adaptações para o cinema (minhas mais recentes compras foram Tubarão de Peter Benchley e Jurassic Park de Michael Crichton). Chega a ser  quase difícil encontrar algum trabalho de King que não tenha sido adaptado para o cinema ou tv. Então esse requisito seria fácil de cumprir, mesmo assim ainda não sabia exatamente iniciar.
Acabei por encontrar um livro que justamente parecia entregar o "feeling" cinematográfico que eu procurava juntamente com o sabor da escrita de King: Dança Macabra. Dos 54 livros escritos por King apenas 6 são não-ficção e Dança Macabra é justamente um deles.

Trata-se de um "estudo sobre o terror" onde King apresenta como as histórias de terror foram abordadas nas diversas mídias (rádio,cinema, tv e literatura) ao longo das décadas de 50, 60 e 70 e sua influência e repercussão na sociedade e a resposta da crítica.

A princípio eu considerei uma pena que o período analisado por King não fosse um com o qual eu me identificasse naturalmente. Obviamente para mim, nascido em 85, as referências naturais são os anos 90 e 2000, enquanto King, nascido em 47, aborda o período entre os anos de 1951 até 1980.
Quando King aborda os programas de rádio da época a maior parte de suas referências é completamente obscura para mim, porém quando ele começa abordar os filmes de terror eu tive a ideia de pesquisá-los e para minha surpresa a maior parte deles está disponível para visualização na internet (alguns até mesmo completos no YouTube).
Foi então que o livro se tornou absolutamente interessante para mim. Descobri várias pérolas e clássicos recomendados por King e realmente comecei a entender e ficar fascinado pela avalanche de referências e comparações despejadas pelo Mestre do Terror.

O livro foi originalmente escrito e publicado em 1981 e em muitos momentos se torna bastante datado, mas dada a forma e o tema abordados essa seria uma condição difícil de se evitar.

King constrói uma teoria bastante sólida de que filmes de terror bem sucedidos transformam medos sociais e intangíveis em projeções concretas. Alguns fazem de propósito enquanto outros acabam acertando por acaso, provavelmente também inconscientemente influenciados pelos mesmos medos que afetavam a sua geração.


O livro é conduzido mais como uma conversa entre amigos, do que como alguém determinado a convencer o seu interlocutor de algum ponto específico. Ele não martela suas opiniões, ele apenas planta sementes de conceitos e passa para a próxima antes mesmo de ter a certeza de que a última ideia apresentada realmente se afixou.

Um dos defeitos do livro para mim é que os filmes mencionados são apresentados sempre com seu nome de lançamento no Brasil, quando na verdade eu estou bem mais familiarizado com o título original, em inglês, e também porque muitos dos filmes tiveram seus títulos modificados em re-lançamentos posteriores. Por exemplo, eu estava familiarizado com Omega Man, um filme com Charlton Heston, mas eu não sabia que o título no Brasil era "A Última Esperança da Terra". A inclusão do titulo original como nota de rodapé ou mesmo ao lado da tradução teria ajudado bastante a leitura.

Um comentário que deve ser valorizado é que a tradução feita por Louisa Ibañez é perfeita. Não percebi nenhum erro de tradução, o que infelizmente tem sido uma constante mesmo em grandes lançamentos editoriais.

Devo admitir que essa não é de fato uma introdução à obra de King, mas serviu para me mostrar o quanto o autor é apaixonado pelo seu tema principal e como seu conhecimento não se restringe apenas a literatura mas também a toda uma gama de outras mídias. Com um total de 463 páginas é uma leitura pesada e que requer atenção, eu recomendaria que o leitor tenha acesso a internet enquanto lê pois a pesquisa das citações de King tornam o livro infinitamente mais interessante.
Agora com licença, mas Christine me espera...

quinta-feira, 9 de julho de 2015

Grito Wilhelm

O "Grito Wilhelm", como é chamado, é um efeito sonoro muito famoso usado pela primeira vez em "Tambores Distantes", um filme de 1951 estrelado por Gary Cooper. O som, um grito doloroso e estridente, já havia sido usado em dois filmes mas ficou conhecido pelo nome do Soldado Wilhelm no filme "Investida de Bárbaros" de 1953, quando o personagem é atingido na perna por uma flecha e o som é usado. De lá para cá o som foi usado mais de 300 vezes, quase sempre quando um personagem é atingido ou arremessado, se tornando um piada interna na edição dos filmes.
Pessoalmente, eu lembro que a primeira vez que eu reconheci o som foi em "Indiana Jones e o Templo da Perdição".
Achei um vídeo com uma edição dos melhores momentos do famoso grito:

terça-feira, 7 de julho de 2015

Batman: Arkham Knight - PS4



EU SOU A VINGANÇA! EU SOU A NOITE! EU SOU O BATMAN!

Batman: Arkham Knight é o capítulo final de série que teve os excelentes Arkham Asylum e Arkham City e o fraco Arkham Origins. Desde o primeiro momento a ideia de que essa é aventura final desta encarnação do Batman é algo que é comunicado de forma bem clara ao jogador. Isso acrescenta uma dramaticidade que nos dois primeiros episódios foi atingida de forma mais elegante através de uma história envolvente, e aqui é quase um pré-requisito para que o jogador entenda e importância pré-determinada da narrativa do jogo. Isso não quer dizer que a história em si não seja sólida e interessante, ela apenas estava mais inspirada nos capítulos anteriores e gerava um comprometimento mais natural do jogador, mas esse é o único detrimento do jogo.

Retornamos a uma Gotham que vive em relativa paz desde a morte do Coringa, ocorrida em Arkham City, até que o surgimento de um novo inimigo, o Arkham Knight . Juntamente com o Espantalho, o novo inimigo carrega o manto de principal vilão do jogo. Felizmente isso não significa que ficamos sem o melhor vilão do universo do Homem-Morcego.
O Coringa retorna, novamente perfeitamente interpretado por Mark Hammil. Em Arkham Origins a aparição do Coringa passava uma sensação de que havia um arrependimento na decisão de matar o principal nêmesis do Homem-Morcego. A solução para o retorno do vilão nesse jogo é bastante inspirada e acrescenta um peso e profundidade inesperados à história.

No que se refere ao gameplay o jogo manteve o que deu certo, com seu combate genial e conseguiu a façanha de manter os controles enxutos e ao mesmo tempo expandir as opções de manobras e golpes. Nos outros episódios da saga ao atingir um certo nível de upgrades era comum o jogador ficar confuso com o número de combos possíveis e, apesar de que lembrar de todas as opções à sua disposição durante um combate seja uma tarefa difícil, ainda é mais intuitivo do que nos capítulos anteriores.
Um diferencial significativo dessa versão e que com certeza está evidente para todos aqueles que já ouviram falar desse jogo, é a inclusão do Batmóvel. Há alguma discussão sobre o quão "forçada" é a integração dessa novidade à mecânica do gameplay atual, e é verdade que em alguns momentos a utilização do Batmóvel parece ser mais recorrente do que gostaríamos. Pelo menos a metade dos puzzles do jogo se utilizam dessa ferramenta. Ainda que nem sempre pareça uma adição natural, o fato é que o Batmóvel é uma ferramenta divertida que oferece diversidade ao gameplay e é muito bem vinda por quem achava que a série precisava de algo novo para crescer ainda mais.

A trilha sonora me pegou de surpresa. É com certeza a melhor da série, pelo menos a única que conseguiu fazer a transição do jogo diretamente para a minha playlist pessoal. Há vários temas únicos que tem um impacto na emoção transmitida na tela. Há momentos engraçados, de ação, medo, tristeza e vários tipos de intensidade emocional que são perfeitamente retratados pelas composições da trilha. A variedade e intensidade dos temas me causaram a impressão de que estava ouvindo um tipo de parceria nos mesmo moldes do que foi feito com Hans Zimmer e James Newton Howard nos dois primeiros filmes de Noland. Quando fui checar a informação vi que de fato se tratavam de dois compositores: Nick Arundel e David Buckley. Arundel já havia composto para Asylum e City e Buckley é novo na franquia. Essa é a minha faixa preferida:


Os gráficos são muito bons, a modelagem dos personagens está excelente. Apesar de eu não achar que esse o melhor exemplo de capacidade gráfica da nova geração (The Last of Us Remastered ainda é a minha escolha para o título) eu fiquei genuinamente impressionado com a escala das coisas e o detalhamento de Gotham. A cidade é bastante grande e a transição entre os diversos modos de jogo instantânea.
Quando tudo é levado em conta, esse para mim é o principal momento no qual eu  consigo perceber o potencial da nova geração de consoles: não a capacidade de fazer uma ou duas coisas ótimas, mas diversas coisas muito boas.
Para mim, uma dos piores pecados de Origins foi deixar de lado o nível de detalhamento da série, perdendo os enigmas do Charada e desperdiçando oportunidades. Esse erro não é repetido em Arkham Knight e os troféus, análises de ambientes e desafios estão todos de volta.

Um ponto forte na série, que continua sendo refinado em Arkham Knight, é a imersão na história e no mundo do jogo. Momentos chaves aparecem em primeira pessoa, o jogo flerta com diversos modos de gameplay e faz tudo trabalhar a favor da história que se propõe a contar. Capangas tem conversas aleatórias que mencionam o restante do universo DC.
O jogo apresentou uma tagline nada original: "Seja o Batman". Mas essa mensagem nunca foi tão verdadeira. O arsenal de gadgets do Homem-Morcego nunca parece servir ao propósito do gameplay (com excessão do Batmóvel) e sim a favor da imersão. Você nunca tem a impressão de que há um desafio proposto que só pode ser vencido por uma determinada ferramenta das Industria Wayne por que o jogo quer que você use aquela gadget agora e sim porque você se sente como alguém preparado para qualquer eventualidade.

Como eu disse no início do post, a Rocksteady está apresentando essa como se fosse a última aventura de Bruce Wayne dentro desse universo, ou pelo menos encerrando esse arco de forma definitiva e depois que essa realidade passa a integrar a história de Arkham Knight o jogo fica muito mais épico.
Vilões e aliados tomam posições definitivas, há baixas de figuras icônicas do universo Batman e ao longo do jogo, jogador e personagem começam a perceber que esse é o fim da linha para o Homem-Morcego seja qual for o desfecho da história.
Uma das minhas ideias favoritas em Arkham Knight é que o jogo só apresenta seu final completo quando você completou 100% do jogo e de fato retomou Gotham dos criminosos.

Há vários detalhes inspirados em Arkham Knight, desde a representação de momentos chaves do gibis até os momentos espetaculares do Coringa, há sempre algo de especial acontecendo, como se o fato de o jogo ser simplesmente ótimo não fosse o bastante para a Rocksteady.

                
               

Os fãs dos gibis e da série animada do Homem-Morcego também vão perceber vários easter-eggs, como o nome dos troféus e conquistas ser diretamente tirado do título de revistas do Batman ou a famosa frase na voz de Kevin Conroy (perfeito como sempre): "Eu sou vingança, eu sou a noite, eu sou o Batman!".



A propósito, eu duvido alguém não se empolgar quando Batman solta essa pérola no jogo.
Me desculpem os que gostam de jogos dublados, mas a voz do Batman dublado nesse jogo é um lixo.

Aparentemente a série chega ao fim com seu melhor título. Eu tive o privilégio de jogar e postar resenhas sobre todos os títulos da série aqui no blog: Arkham Asylum, Arkham City e Arkham Origins.
 Eu gosto muito de Arkham Asylum e o elegi o melhor jogo da minha lista do Xbox 360, mas na minha opinião Arkham Knight supera seu antecessor em todos os aspectos. A série Arkham mudou a forma como jogos de super-heróis eram percebidos e criou todo um universo incrível que poderia ser teoricamente expandido para outros heróis da DC. Se a Rocksteady vai ter coragem de tentar trazer para a tela da 8ª geração alguém como o Homem de Aço, uma tarefa considerada impossível por muitos, permanece um mistério. Mas uma coisa é certa, se eles fizerem eu vou comprar. 

terça-feira, 10 de março de 2015

Sombras de Mordor - PS4 (Middle-Earth - Shadows of Mordor)


Sombras de Mordor tinha vários atrativos para mim desde antes de eu sequer começar a jogar. Um jogo ambientado na Terra Média, com um combate inspirado na série Batman Arkham e com um mundo aberto são todos ingredientes certos para um jogo de sucesso. Quando chegou a hora de jogar percebi que realmente a maior qualidade do jogo era o "sistema Nemesis" que faz com que o exército de orcs vassalos de Sauron tenham um sistema de patentes, com suas características específicas e fraquezas, onde cada vez que um deles mata você ele é promovido e se torna mais poderoso.
Essa realmente uma mecânica que torna todo gameplay único e cada derrota relevante.
O game se sai bem na tarefa de explicar os poderes mais extravagantes que o personagem vai obtendo ao colocar um espírito elfo compartilhando o corpo do personagem. É um pouco mais fantástico do que o universo da Terra Média cinematográfico, mas ainda sim se  mantém próximo da estética que estamos acostumados graças a Peter Jackson.


A progressão de poderes é excelente. Em nenhum momento eu me vi adquirindo um poder que não se encaixasse no meu estilo de jogo e todos tem um impacto considerável na forma como o jogador enfrenta seus próximos desafios.


Os dois pontos que eu colocaria como negativos são o cenário em si, e o personagem principal.
Talion, é um ranger do Portão Negro que tem sua família assassinada no início do jogo e ele próprio também é morto, com a ajuda de Celebrimbor, um espírito elfo responsável pela criação do Um Anel ele retorna para a terra de Mordor para executar sua vingança. O pai e viúvo vingativo já é um clichê bastante corriqueiro para qualquer história, porém Talion pode com muita justiça ser chamado de "Aragorn genérico". Ele é raso, não apresenta um desenvolvimento no decorrer da história e apesar de contar com o talento de Troy Baker (o mesmo dublador de The Last of Us) em nenhum momento eu consegui sentir empatia pelo personagem, algo que deveria ser crucial se tratando de uma trama essencialmente de vingança. Celebrimbor é ainda pior e não passa de uma desculpa para a progressão de poderes do jogo, sua personalidade vai de nula para entendiante.


Quanto ao cenário, Mordor é uma armadilha para os desenvolvedores do jogo. Planícies sem vida, onde centenas de orcs vagam cumprindo os desejos do Senhor das Sombras. A descrição não é muito interessante e o design do mundo deixa isso claro depois de algumas horas de jogo. Há uma segunda paisagem no Mar de Nurnen, que apresenta um cenário um pouco mais vivo, mas Mordor é o palco principal. E esse palco principal é um pouco morto, por assim dizer.
A inteligência artificial do jogo não compromete e a música é competente, mas nada que realmente seja digno de nota ou inesperado em um lançamento AAA, como esse.


Há especulações de que o jogo era originalmente um projeto para um jogo do Batman ambientado no universo dos filmes de Nolan, porém quando o projeto foi abandonado os desenvolvedores tentaram salvar o que fosse possível e criaram um jogo ambientado na Terra Média. Um pequeno easter-egg, mencionando um homem morcego no jogo, parece confirmar a teoria.
Um detalhe que realmente me desiludiu é a qualidade da versão dublada em português. As vezes eu tenho a impressão que há uma tentativa de localização excessiva e que fica tirando o jogador de uma necessária imersão na história e ambientação. Alguém imaginou que, algo que eu só posso descrever como "modo de falar da periferia elevado a última potência" seria uma versão adequada para as falas dos orcs. Felizmente é possível jogar com o áudio original.
Sombras de Mordor é um jogo divertido que tem uma parte técnica competente, um sistema inovador, porém não apresenta uma história que tenha me cativado ou um protagonista que conquista a empatia do jogador, algo necessário em um mundo com tantos personagens inesquecíveis.
Com o sucesso do jogo eu posso sonhar em sequências que explorem outras regiões do universo de Tolkien, quem não gostaria de jogar "Middle Earth - Gondor" ou "Middle Earth - Mines of Moria". Sonhar é possível.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Livros que Mudam a Vida: Eu sou Malala


Eu levei quase um ano para ler a biografia da jovem paquistanesa alvejada com um tiro na cabeça pelo Talibã por defender a educação de meninas no Paquistão. A minha falta de interesse se deve ao fato de o livro não ter um foco ou um senso de desenvolvimento muito grande.
Malala começa descrevendo sua terra natal, o lindo vale do Swat no Paquistão, apresenta sua família, fala de assuntos e problemas corriqueiros na vida de uma jovem adolescente, como as brigas com os irmãos irmãos e suas amizade e competições com jovens da mesma idade. Isso tudo é muito singelo, porém apresentados com uma humildade e apego cativantes. Eu sabia que eventualmente a história atingiria o ponto no qual Malala seria baleada, mas até chegar a esse ponto o livro acaba não prendendo o leitor.
Os pontos mais interessantes para mim são os momentos nos quais Malala descreve a realidade do Paquistão, tão diferente do Ocidente, bem como as peculiaridades de sua vida como muçulmana.
O livro foi escrito em coautoria com a jornalista britânica Christina Lamb. A eloquência de Malala e a fluidez de suas ideias me fizeram considerar que o envolvimento de Lamb seja mais do que o indicado para que possamos acreditar na veracidade do que lemos, principalmente porque o livro é escrito em primeira pessoa. Mas eu felizmente acompanhei diversas entrevistas de Malala para verificar que ela é de fato uma excelente oradora e que sua capacidade na escrita deve ser igualmente desenvolvida, somado a isso o fato de a mesma se mostrar uma aluna dedicada e uma campeã do direito a educação é possível acreditar que o livro seja honesto e transmita realmente a linguagem de uma adolescente eloquente de uma cultura bastante diferente da nossa.
O que mais me decepcionou no livro são os momentos nos quais Malala defende sua religião com os mesmos argumentos cansados que já vimos antes, porém ainda sim é interessante ver essas idiossincrasias se manifestarem na mente de alguém tão jovem que já está doutrinada a defender a própria religião das perguntas que ela mesmo manifesta e ao mesmo tempo a exime sem nenhuma justificativa.
"Nosso país estava enlouquecendo. Como era possível que agora festejássemos os assassinos?" a menina pergunta. Mas apesar de sua astúcia intelectual precoce nunca parece considerar o papel deturpador e potencialmente perigoso da religião em seu mundo.
Malala tem uma mensagem inspiradora e uma determinação inabalável de que todas as meninas do mundo tenham acesso a educação, porém ela não parece considerar porque ela precisa lutar contra organizações religiosas (como o Talibã) para que isso aconteça.
Infelizmente o Talibã que atirou em uma menina indefesa é um seguidor mais fiel da religião islâmica do que a inocente menina vítima da violência e que tem uma luta tão nobre pela frente.

Ps: Uma observação na versão brasileira, na contra-capa ao lado da recomendação do livro feita pelo secretário geral da ONU, Ban Ki-moon, está uma recomendação de Luciano Huck. O porque isso deveria ser algo positivo eu realmente não entendo.



quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Flower - PS4

Flower é um jogo diferente, praticamente conceitual. O próprio aprendizado de como manusear corretamente o controle faz parte da experiência. Eu levei uns 15 minutos para entender como sequer interagir adequadamente com o jogo. Esse é um dos charmes desse jogo originalmente do PlayStation 3 que encontra nova vida em um relançamento no PS4. 
Entre as diversas qualidades de Flower estão os gráficos belíssimos, a trilha sonora e o ambiente extremamente relaxantes e efeitos sonoros que agregam a experiência, mas o grande trunfo do jogo é a sua criatividade no que se refere ao gameplay. 


Você nunca jogou nada exatamente como Flower e esse tipo de originalidade é muito bem vinda em um mundo tomado por Call of Duty e Battlefield. Mas o preço acessível também é um atrativo, o jogo é bastante curto, mas tem um potencial de re-jogabilidade bastante grande. Eu acabei adquirindo o título por apenas R$ 17,00 na PSN brasileira. 


Flower surpreende no início, mas seus truques são relativamente curtos, talvez se você for jogar todo ele em um sessão só você se sinta um pouco entediado lá pela terceira fase, porém essa não é a proposta do jogo. Flower é um excelente jogo quando a pessoa não quer pensar em nada e simplesmente relaxar com o joystick na mão. Uma ótima opção para introduzir pessoas desacostumadas ao mundo do video-game aos novos lançamentos de jogos. 
Flower é melhor saboreado em doses homeopáticas, um conceito que é reforçado por um de seus troféus que premia jogadores por tirarem uma pausa de mais de 10 minutos do gameplay. 
Jogos assim, que sabem sua função e seu público, são raros e Flower deve ser apreciado por isso. 
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