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terça-feira, 2 de junho de 2009

Amor é só amor, mas amar é só amar?

Mais um texto de 2005, eu descreveria esse como um híbrido romântico-melancólico.



Eu estava considerando algumas questões fundamentais a minha existência.E se o universo for apenas uma meleca presa no sapato de um cara muito, muito grande isso aumentaria a minha insignificância? A nossa vida realmente passa diante de nossos olhos no momento antes da morte? E se isso realmente acontece eu posso estar morrendo agora e apenas revendo a minha vida? Isso com certeza explicaria um monte de coisas... Por que os postes apagam quando eu passo, em um número tão absurdo de vezes que supera a barreira da coincidência? ( nas verdade eu sei a resposta para essa questão , mas gosto de pensar nela como se eu não soubesse a resposta). Fiquei considerando tudo isso enquanto estava deitado no telhado da Dona Célia, na verdade eu teria ido embora quando comecei a pensar na questão do universo, mas com tanto frio meu corpo começou a ficar dormente e eu comecei a achar um pouco de dificuldade em descer de lá , então resolvi esperar a morte filosofando ,já que não sei jogar xadrez, achei que a senhora infálivel gostaria de um bom papo antes de fazer o que deve ser feito. Comecei a pensar em qual assunto a agradaria mais, sim eu me refiro a ela no feminino pois se alguém tiver de me levar que seja uma mulher, cheguei a conclusão de que ela gostaria de falar de amor.
O que ela gostaria de ouvir? Com certeza ela não gostaria de ouvir histórias de sacrificios em nome do amor, já deveria estar cheia disso.Teria ela já amado em sua existência tortuosa? Teria deixado alguém prosseguir por amor? Considerei o que era consenso em torno do amor. Bom, talvez não seja consenso, mas uma boa parte das pessoas acha o amor complexo. Acho que não, acho que o amor é bastante simples, amar é que é complexo. Difícil achar uma história de amor que seja simples, mas por outro lado o âmago da questão é muito simples...”nós nos amamos e queremos ficar juntos”, mas até chegar a esse ponto não é pura complicação?
Acho que a Morte não conhece essa faceta do amor, acho que ela só pega o final da história, e quase sempre finais tristes ou apáticos. Eu sempre acreditei que a graça não está no “viveram felizes para sempre” , ou talvez esteja, já que eu nunca cheguei lá, mas gosto de pensar que o mais importante é o caminho percorrido até lá, os sonhos que foram sacrificados, as angústias de noites em claro, a vergonha de se olhar no espelho e saber que não se têm a pessoa que foi destinada a você, a trágica caminhada na chuva da noite esperando que a próxima pessoa que dobre a esquina seja destinada a você, ou mesmo a luta contra o próprio destino para faze-lo ceder aos seus pés. Eu iria explicar tudo isso a ela... e ela se tornaria uma pessoa mais romântica? Jamais saberei... Ela não apareceu...Vou ter que voltar a pensar no universo.

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