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domingo, 14 de junho de 2009

Cinema Groover - A Paixão de Cristo


Hoje finalmente decidi assistir novamente A Paixão de Cristo, eu comprei o DVD há uns quatro meses atrás e ainda não havia reunido coragem o suficiente para assisti-lo novamente. Não que seja um consideração em relação à religiosidade do filme, mas quando se vive sozinho e se vê a namorada menos do que gostaria você passa a selecionar cuidadosamente as ocasiões nas quais pode assistir filmes com potencial para fazê-lo chorar. Mas primeiro deixem me falar a respeito da minha admiração por esse filme. Assisti-lo no cinema foi uma experiência marcante no mínimo. Eu o vi duas vezes a primeira com a minha irmã e a segunda com o Derek. Na primeira vez obviamente a experiência foi mais intensa. Eu já estive em velórios e não lembro em nenhum deles ter causado mais comoção nas pessoas do que esse filme. As pessoas choravam alto, soluçavam e o intervalo programado de 15 minutos durante a exibição de fato foi necessário para as pessoas se recomporem . Essa sessão de cinema causou um grande impacto em mim, não pela história em si, mas pela maneira como foi capaz de emocionar a todos na sala. Eu me percebi desejando que outras histórias tivessem essa capacidade de difusão e apelo entre uma audiência tão diversa. Agora assistindo em DVD o filme perde muito de sua emoção e é possível analisá-lo com mais calma. Logo nas primeiras cenas tudo fica claro para mim que não é possível analisar o filme sem levar em consideração a sua religiosidade. A iluminação é a mais bonita que eu considero ter visto em um filme, a trilha sonora não só é uma das minhas favoritas como também valoriza cada cena do filme. O diretor Mel Gibson mostra como é capaz de transformar os filmes através de detalhes, como colocar um ator com uma face levemente afeminada e belo olhos para interpretar Satanás e abusar da violência gráfica do filme. Mas o que me chama a atenção é a falta de qualidade dos diálogos, particularmente os de Jesus. Jim Caviezel é um ator competente e faz um excelente trabalho como Jesus, mas sempre que o personagem fala é visível o esforço do diretor em consertar o excesso dessas passagens e tornar o personagem mais humano. De fato eu considero esse ser a grande vantagem da obra de Mel Gibson em relação a outros filmes que retrataram Jesus, o filme é bem sucedido em criar uma identificação da audiência com o personagem. É possível ao espectador se colocar no lugar de Jesus e sentir sua fragilidade, que na verdade é a chave para o sucesso do filme. Ninguém se emocionaria com um personagem que é repetidamente atacado e ferido mas é apresentado como alguém inatingível. Porém essa capacidade de apego do público pelo personagem só é possível porque o diretor tem a consciência de colocar várias cenas lembrando da humanidade e fragilidade do personagem. Um exemplo claro é a cena em que um muito humano Jesus fala com sua mãe a respeito de uma mesa mais alta do que o normal que acabou de construir. Outro exemplo é a cena em que Maria vê seu filho caindo sob o açoite dos romanos e lembra de uma passagem da infância na qual o menino Jesus cai e ela pode lhe socorrer e consolar. Essa é uma das cenas mais emocionantes para mim e imagino que seja difícil que ela não apele a qualquer pessoa que seja mãe. No entanto apesar de truques como esse ajudarem o filme no final eles não apagam (para mim) a sensação incômoda que de que o personagem principal parece alguém fora de si e tem seus melhores momentos quando está quieto. É louvável o esforço do ator em seus olhares e interpretação de dor e isso diluí a má impressão causada pelos diálogos bíblicos. Como filme em si é uma bela obra, mas meu apreço pelo personagem sofre um forte abalo assim que eu me lembro que esse é o mesmo Jesus que é contra homossexuais e sempre precisa do dinheiro alheio.


A Tempestade

Esse é o segundo texto dos dois que eu mais me orgulho. A razão para isso é que eu criei ele com a idéia de falar especificamente sobre uma colega do Derek, a Alice. Eu não mencionava ela no texto mas enquanto escrevia ela foi minha total fonte de inspiração. O meu orgulho por ele foi justamente porque mesmo sem mencionar nada eu postei o texto no "Teorias" na comunidade dos Groovers no Orkut e depois de alguns dias a própria Alice me pediu para postar um trecho do texto na descrição dela no perfil do orkut.


Ela está sentada embaixo da árvore, não se sabe ao certo a quanto tempo. Ela pode estar lá, sentada no mesmo lugar a horas ou pode ter acabado de escolher aquele local para um descanso passageiro.
As nuvens estão escuras sob um céu pouco amistoso. Ela considera se deve partir. Um trovão da seu ultimato. Ela estava prestes a sair, já tinha se decidido, estava apenas esperando mais alguns segundos, mas mudou de opinião. Não gosta que lhe digam o que fazer. Adora provar que sua opinião prevalece sobre as demais, não importando se o seu oponente for seu namorado ou a própria natureza.
O vento começa a soprar mais forte, levanta folhas do chão e mexe em seu cabelo. É um afago rude, mas ela o aceita sem relutância, pois sabe que é sincero. Um carinho sincero é algo que ela sabe não receber facilmente, se é que já recebeu. Mas o pensamento que surge, contra a sua vontade, é de que ela não sabe por que necessita de algo sincero. A falsidade e a distância têm servido aos seus propósitos Ela sabe que não pode se afogar em sentimentos rasos. Ela sabe de muitas coisas. Mas ela afasta todos esses pensamentos. Ela quer algo. Ela quer mais do rude afago, mas o vento cessa. Ela se levanta e olha para as nuvens vigorosas, acima de onde ela coloca seu ego quando está sozinha. O vento se foi de fato.
Ela dá diversos passos decididos em direção ao nada. Por um breve momento, ela se questiona de que adianta a determinação que não leva a lugar algum. Mas novamente ela afasta o pensamento. Um pensamento mais profundo poderia tira-lá de seu caminho não traçado.
Ela encontra-se perdida no mundo, mas sabe tudo sobre ela mesma e isso é o que basta para o mundo se curvar a sua vontade, mas talvez não seja o bastante para ela.
Ela têm todas as escolhas à sua frente. Todas elas estão certas. Não existe caminho errado. Existem caminhos por onde ela não andou, e eles trazem uma fascinação, mas nem mesmo isso é certo.
Ela dá passos calmos em direção ao vento, ela têm certeza de que não dará os mesmos passos na direção contrária. Não há necessidade. A brisa suave toca seu rosto e brinca com seu cabelo. O vento fica mais forte. As nuvens se juntam em uma forma que parece seguir o trajeto de seus passos. A chuva cai molha seu cabelo, seu rosto, suas mãos...
O tempo se torna mais impetuoso... o vento uiva, as nuvens se tornam negras, e no horizonte uma tempestade se forma. Ela para. Prefere não refletir. Ela não precisa, mas ela não o deixa de fazer por receio, ela não reflete por instinto. Para não se perder de um caminho não trilhado. E isso não é mais algo revelado com culpa ou pesar. Ela não mudou. Continua a mesma. Ela nunca necessitou mudar. Todos os caminhos estão certos. Ela levanta a cabeça e olha para a tempestade. A chuva e o vento a dizem para não prosseguir. Ela não gosta que lhe digam o que fazer. Os trovões ressoam. Ela mantém sua cabeça ereta. Ela é quem dá ultimatos. Ela é maior do que isso. Ela é cada dia menos e cada noite mais. Ela sou eu sem a cicatriz.

sábado, 13 de junho de 2009

Apenas mais um passo...

Esse é o meu texto favorito e um dos dois eu tenho mais orgulho de ter escrito. Começou com um encontro real com uma atendente do Zaffari em 14/09/2005. Uma das razões por ele me deixar tão orgulhoso foi ter postado ele na comunidade "Glamour Decadente" no orkut e recebido diversos elogios um deles de uma autora paulista que me incentivou a mandar material para a sua editora (algo que eu acabei nunca fazendo). Para aqueles que não perceberem, o Arco do Triunfo gaúcho que eu menciono no texto é o Marco do Expedicionário.


00:30... Eu deixo um dos motéis mais baratos que eu já estive na vida, no meio do caminho até a porta de saída cruzo com um homem idoso que me olha sem dizer uma palavra. Minha acompanhante se despede de mim com um sorriso e um beijo no rosto. Um beijo no rosto. Depois de coisas inomináveis. Um beijo no rosto. Ela vai para o norte e eu para o sul. Ela sobe e eu desço. Desço ao limite do que minha alma permite. Centro de Porto Alegre, Lima e Silva. A chuva cai com a intenção de lavar meus pecados. Eu não deixo. Eu preciso deles. Eles me fazem resistir. As ruas, vazias. As únicas pessoas que andam pelas ruas não usam guarda-chuvas. Pessoas sem guarda-chuva no meio da madrugada são justamente o tipo de pessoa que se deve conheceer. Mas ninguém têm nome na madrugada. Nesse horário a cidade não é só mais um amontoado de pessoas correndo e comprando. Nessa hora única, a cidade têm alma. Um ônibus passa por uma poça de água e me encharca da fria e suja água da chuva. Estou encharcado e com frio. Uma BMW cruza a Lima e Silva e me observa. Eu me sinto decadente. Eu me sinto bem. Eu me sinto acima de tudo, livre. Eu sorrio, imaginando que aquele idiota possa achar que está melhor do que eu. Eu sorrio mais quando penso que ele vai viver a vida toda sem saborear esse tipo de sensação. Deixo a Lima e Silva. Sigo meu caminho. Ele me leva até o Arco do Triunfo, na frente da Redenção. Eu penso nas palavras e sorrio novamente. Redenção, 01:00. Eu atravesso o Triunfo, e sinto seu peso em minhas costas. A decadência é uma companheira mais amena. Redenção, existe um nome mais apropriado para a maior concentração de prostitutas, traficantes, viciados e estupradores do que esse? Se ainda existe um lado bom nessas pessoas, eu sou feito desse lado. Vultos movem-se em meio as árvores, cobertos pela acolhedora escuridão. Mais de uma vez eu ouvi falarem que passar pela Redenção a uma hora dessas é suicídio. Eu não me importo. Não tem nada a ver com coragem. Eu sou medroso. No meu âmago eu sei disso. Eu espero ser confrontado pela justiça poética que teima em me deixar passar impune. Dois vultos saem das sombras e se dirigem em minha direção.Eu olho para eles esperando apenas minha punição. Eles passam por mim e me comprimentam com a cabeça. Eu percebo que eles me tomaram por um deles. Quando você tenta estar completo e percebe que já esta mais coberto de lama do que limpo, não é mais fácil simplesmente sujar o resto? Não... Seria fácil demais. Eu retomo meu caminho, não posso desviar dele. Eu me viro e olho para a Redenção. Ela ficou para trás. Eu penso que em meio a esse grande inferno de podridão e decadência existe um caminho iluminado que eu decidi não trilhar. Os postes que iluminam a Redenção mostram a todos esse caminho. Eu dou mais um passo a frente. Algo me impede de seguir. Eu me viro novamente. Os postes se apagam. Eu me sinto em casa.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Livros que Mudam a Vida - Zombie Survival Guide

Zombie Survival Guide - "Não saia matando zumbis sem ele"!

Como meu primeiro testemunho de livros que mudam a vida eu escolhi esse absolutamente indispensável lançamento. Fiz uma pequena pesquisa e apesar de eu ter pensado no título do post descobri que há uma lista na Amazon "Top 10 Life Changing Books", entre eles "A Sabedoria da Humanidade" e "Ghandi Essencial - Uma antologia de seus escritos sobre sua vida, obra e idéias", mas o meu livro escolhido para o primeiro post desse novo tópico é "Zombie Survival Guide" ou "Guia de Sobrevivência Zumbi". Com certeza um livro que muda a vida. Primeiro vamos esclarecer qual a relevância desse livro para mim. Umas das minhas fantasias recorrentes (juntamente com ser transportado para o universo de Star Trek ou ir para em uma ilha deserta com a Silvia Saint, ou ainda ser o único sobrevivente de um desastre em massa) é que o mundo seja assolado por zumbis mortos-vivos comedores de cérebro. Porquê? Ínumeras vantagens:
1. Não é necessário trabalhar. Claro você ainda tem que procurar por alimento e proteção, mas se você der a sorte de ter alguns amigos sobreviventes será praticamente como "dar uma banda radical com a galera".
2. Podemos atirar em pessoas! Melhor ainda são pessoas mortas e que estão tentando te devorar ou seja nenhum dilema moral. É só mandar bala!
3. Saques! Com os mortos levantando dos túmulos lá se vai a ordem mundial pela janela e o caos entra chutando a porta da frente! É cada um por si. Aquela jaqueta legal da vitrine que custava R$ 600,00 agora custa um tijolo na vitrine. Aquela Kawasaki linda que jamais seria sua? É só sair andando. Tudo é claro "confiscado" para ajudar na luta contra os zumbis.
Eu poderia continuar com mais motivos mas esses já são o suficiente para me convencer a trocar a humanidade por uma infestação de zumbis. E é justamente aí que entra o importantíssimo "Zombie Survival Guide", informações sobre como transformar sua casa em uma fortaleza anti-zumbis, as melhores formas de atacar, se defender, táticas de sobrevivência e uma série de informações sobre a fisiologia dos mortos-vivos. Isso sem falar é claro, no imensurável valor jornalístico de todos os casos registrados de ataques de zumbis no decorrer da história començando em 60.000 AC em Katanga na Africa Central até 2002 na cidade de Saint Thomas nas Ilhas Virgens.

 
Claro há as 10 lições mais importantes do livro:
1º - Se organize antes que eles le levantem.
2º - Eles não sentem medo, porque você deveria?
3º - Usa a cabeça - corte fora a deles.
4º - Lâminas não precisam ser recarregadas.
5º - Proteção ideal - Roupas apertadas, cabelos presos.
6º - Suba as escadas e depois destrua-as.
7º - Sai do carro, suba na moto.
8º - Fique em movimento, fique abaixado, fique em silêncio, fique alerta!
9º - Nenhum lugar é seguro, apenas mais seguro.
10º - Os zumbis podem ir embora, mas a ameaça permanece.
O guia ainda conta com diversas páginas em branco onde você pode registrar o seu diário de lutas contra os mortos no evento de uma inevitável infestação de zumbis.
Nota pessoal: O guia contém uma timeline dos sintomas da infestação do vírus no seu organismo o que o torna especialmente assustador se você está lendo ele com uma gripe forte e mal-estar. Seguindo o relato por pelo menos 5 horas você pode ficar na dúvida sobre estar com pneumonia ou estar se tornando um morto-vivo.
Hora 1- Dor e descoloração da área infectada. Coagulação imediata do ferimento.
Hora 5- Febre entre 37°c e 40°c. Calafrios, demência leve, vômito, e dor aguda nas articulações.
Hora 8- Dormência de extremidades e da área afetada , forte febre entre 41°c e 42°c. Forte demência e perda da coordenação muscular.
Hora 11- Paralisia dos membros inferiores, dormência no corpo todo, batimento cardíaco enfraquecido.
Hora 16- Coma.
Hora 20- Ataque cardíaco e término de todas as funções cerebrais.
Hora 23- Reanimação.
Dica de trilha sonora para leitura: Bram Stoker's Dracula: Original Motion Picture Soundtrack e
Underworld: Rise of the Lycans Soundtrack

quinta-feira, 11 de junho de 2009

O Anti-Protagonista

Eu sempre tive uma forte admiração por todos aqueles personagens que não eram os protagonistas de seus respectivos veículos, mas de alguma forma acabavam roubando a cena e não seguindo a trilha pré-determinada dos eventos. Há algo de fascinante naquele personagem que é designado a fazer parte de algo e transforma a forma como você percebe determinado seriado, filme, livro ou qualquer outra plataforma de comunicação. Evidentemente eu não sou o único com essa admiração e acho até que não somos poucos por aí. Ainda que eles não se resumam a esse estereótipo, uma grande parte destes personagens são anti-heróis, mas a totalidade deles atuou para mim como um caminho para fugir do comum e satisfazer a minha necessidade de diferencial.
Vários personagens apresentaram esse tipo de personalidade nos mais variados tipos de mídia que eu acompanhei. Em Cavaleiros do Zodíaco, nós tínhamos a figura (hipnotizante para mim) de Ikki de Fênix. Ele só aparecia de vez em quando nos episódios (quase sempre para salvar o irmão Shun) e mesmo assim cada aparição trazia algo novo e desafiador. Eu lembro que o background do personagem citava um treinamento na "Ilha da Morte" (na qual ele foi parar tomando o lugar do seu irmão) e o amor do personagem havia sido a filha do seu treinador carrasco a qual era morta pelo próprio pai com um golpe que visava Ikki. Agora eu pergunto alguém lembra da história do Seya?

Em Lost, o protagonista é Jack, o doutor com suas crises de responsabilidade e comprometimento, enquanto para mim o personagem mais interessante é Sawyer, o trapaceiro que novamente tem um background muito mais interessante. Nada como um filho vingativo que assume a identidade do responsável pela morte dos seus pais e acaba se tornando justamente aquilo que ele procura.

Uma referência óbvia é Han Solo, um coadjuvante fadado a permanecer na sombra do protagonista Jedi, Luke Skywalker, o piloto coreliano se mostrou um personagem muito mais interessante e marcante do que o protagonista da primeira trilogia de Guerra nas Estrelas.


Eventualmente, esse tipo de admiração me levou a apreciar outros artistas que eram por si sós astros em seus respectivos meios e protagonistas de seus campos de atuação, mas não exatamente escolhas óbvias para alguém com o meu perfil. Johnny Cash e Hans Zimmer servem como perfeito exemplo no âmbito musical. O primeiro um cantor cuja carreira de mais de 50 anos é um marco americano, mas nenhuma de suas músicas jamais chegaria a uma rádio brasileira. Já o alemão Hans Zimmer não é tão obscuro, qualquer pessoa com algum interesse mediano por trilhas sonoras o conheceria. Porém não poderíamos classificá-lo como uma escolha óbvia pela sua música em si e não apenas pelo fenómeno de marketing que acompanha um filme.
Todas essas figuras agem como um anti-protagonista, eles não são o exato contrário do protagonista, mas eles preenchem as lacunas aonde os personagens principais não podem ir.
Mas o ponto interessante é até onde esses personagens me inspiraram e influenciaram a minha vida até esse ponto. Refletindo brevemente a respeito, imagino que a porção tenha sido muito maior do que o recomendado, sendo possível até mesmo relacionar a minha obsessão com decadência ao inicio da admiração por esse tipo de personagem. Talvez possa parecer um pouco exagerada a noção de que esse tipo de admiração específica por um determinado estereótipo viesse a orientar o rumo da minha vida, mas a minha criação foi ausente o suficiente para me proporcionar isso. Não que isso seja uma lamentação em relação aos meus pais, alguém tão narcisista quanto eu só pode achar positiva uma característica que me tornou o que eu sou. O fato é que eu nasci depois da crise de meia-idade dos meus pais e isso me deu uma maior liberdade. Liberdade essa que eu acabei direcionando na parte motivacional e me inspirando a seguir esses exemplos, digamos assim, mais interessantes. Assim acabou se tornando inevitável que como o caminho trilhado por essas diferentes personalidades fictícias eu procurei por preencher as lacunas da minha própria história com meus próprios atos. Em outras palavras eu não deixaria outra pessoa ficar com as vagas interessantes que ficariam entre as minhas ações. Para todos os atos impensados que eu cometi, sempre houve essa presença espectral de um Vinicio que fez todas as outras escolhas. Houve um Vinicio que realmente se dedicou ao estudo e ao desenvolvimento acadêmico enquanto eu mergulhei de cabeça no rpg. Isso sempre foi ponderado por mim (retroativamente) nas mais diversas áreas da minha vida e quanto mais penso nisso mais exemplos me saltam a mente. Eu penso no Vinicio que não foi a festa no dia antes do Provão do Enem e não dormiu na prova. Penso no Vinicio que terminou o cursinho pré-vestibular e entrou em uma faculdade conceituada da UFRGS, penso no Vinicio casou com a Jéssica, penso no Vinicio que não foi expulso de casa, penso no Vinicio que se reconciliou com o seus pais. Todos esses fariam o papel de protagonista no meu destino, cumprindo o papel esperado por eles e tendo algum dilema moral a respeito disso. Mas o fato é que não me restava outra opção a não ser seguir as minhas fortes influências baseadas nos personagens com quem eu tanto queria me identificar. Nenhum deles jamais faria essas escolhas responsáveis, o que me restava eram caminhos alternativos à essas rotas óbvias. Fugas para o Uruguai, festas inoportunas, irresponsabilidades mal diluídas, mágoas carregadas além da necessidade, todas elas cumpriram o seu papel em me afastar do caminho comum e me transformar em alguém que tivesse a qualidade mais importante do mundo para mim: ser alguém ao qual eu posso admirar através do meu gosto deturpado. Pensem o que quiserem, mas a verdade é que no fim do dia, sozinho no meu quarto carregando a sombra desse exército de Vinicios que me acompanha eu ainda posso parar e pensar: "Sabe de uma coisa? Eu ainda sou o cara mais legal dessa sala!"

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Trilogias e Futebol

Há muito tempo eu desisti do futebol, não eu não quis dizer jogar! De jogar eu desisti há milénios (meu único talento, ser goleiro, nunca foi muito apreciado). Eu estou falando de torcer, me emocionar com uma partida, arriscar meu humor e minha alegria ao assistir meu time em campo. Ainda lembro perfeitamente quando isso aconteceu: final do Mundial Interclubes de 1995 (portanto há 14 anos atrás). Aquela era uma situação perfeita, o Grêmio vinha de uma campanha linda: Brasileiro, Libertadores, e depois de vários anos havíamos chego ao mundial. Foi uma partida difícil contra o Ajax, time holandês desconhecido do público brasileiro até então (mas todo gremista nunca mais esqueceu este nome), o Grêmio lutou bravamente, teve o xerife da zaga Rivarola expulso no meio do jogo e levou a partida para os penaltis. Foi nesse ponto que tudo fez sentido para mim. As cobranças começaram a favor do Ajax e o Grêmio estava por um fio, então momentos antes da cobrança derradeira o jogador holandês se preparou para a cobrança e Danrlei estava no gol.
O consagrado goleiro gremista usou uma tática (idiota) que era muito familiar para mim: apontar qual o lado que o jogador iria chutar! Nossa, eu fazia isso muito e sempre, sempre dava errado. Mas é claro, agora era a minha chance de redenção. Mas antes que o jogador holandês corra para a bola vamos analisar algumas questões que estavam em jogo naquele momento. Primeiro, o clima daquele tempo era outro. Devemos lembrar que há menos de um ano havíamos sido tetracampeões mundiais de futebol. O que foi um marco para o Brasil. Tudo era festa , dali em diante tudo daria certo para os brasileiros. Leia sobre a situação política no Brasil no momento e você vai ver que a vitória da seleção influenciou altamente a eleição do Fernando Henrique para presidente. Mais do que isso a vitória foi nos penaltis. O goleiro da seleção havia sido o meu maior ídolo por anos a fio: Taffarel! Eu havia acompanhado todas as eliminatórias da Copa do Mundo de 1994 e as críticas ao fiel goleiro da seleção. Mas depois da final e do título nos penaltis eu tive o orgulho de ler na capa dos jornais do dia seguinte: Taffarel, o herói da final! Para alguém que no país do futebol só tinha talento para ser goleiro aquele era um campeonato especial, ainda mais quando se tem apenas 9 anos de idade, é como se Deus estivesse olhando para você e dissesse: “É isso aí cara!”.
E lá estávamos nós assistindo a partida do Grêmio em 28 de Novembro de 1995. Kluivert partiu para a cobrança e Danrlei estava lá defendendo no mesmo estilo comprovadamente ineficaz que eu utilizava. Mas lá estava o destino novamente pronto para construir uma sequência, é como se Deus estivesse dizendo: “É isso aí cara - 2, A Missão”! Evidentemente, em alguns segundos eu descobriria que Deus estava dizendo mais algo como “Nada disso cara – O Baú da Morte”. No momento em que o Grêmio perdeu aquela partida e perdeu o campeonato mundial eu perdi o meu ânimo de torcedor e perdi a fé em Deus e deixei de acreditar em sequências felizes. Dali em diante eu não me permitiria acreditar que um momento feliz e marcante seria sucedido por um outro de igual importância e qualidade.
Os anos passaram e eu tive que reacomodar o fanatismo e esperanças em algum outro entretenimento e a magia do cinema acabou me cativando e eventualmente restaurando a minha nas sequências. Porém eu não estava preparado para mais uma desilusão gigantesca: as trilogias!
Não houve decepção maior na minha vida do que os capítulos finais de trilogias (interessante notar que esse fenômeno ocorre apenas em trilogias lançadas nos anos 2000). O capitulo final de uma trilogia é muito mais emocionante do que uma final de futebol. Uma final de futebol não tem toda a preparação que o capítulo final de uma trilogia têm. Toda essa antecipação começa meses antes, quando começam a sair as primeiras notícias sobre a produção do filme. Nesses casos as decepções podem começar já nessa época. Você pode descobrir que o elenco do filme não é mais o mesmo (Rachel Weis foi substituída por Maria Bello em “A Múmia – A Tumba do Imperador Dragão”).Ou então que o excelente compositor dos outros dois filmes foi substituido por um péssimo (Sai Danny Elfman e entra o medíocre Christopher Young em "Homem-Aranha 3") ou ainda que o diretor foi alterado (“Parque dos Dinossauros 3” perdeu Spielberg e “ganhou” Joe Johnston). Como eu disse a emoção de um filme é bem maior e também é a decepção. O intervalo médio de uma trilogia é de 6 anos, agora imagine você isso comparado aos 90 minutos de uma partida de futebol. Sem contar que temos trilhas sonoras, trailers, revistas, entrevistas todos aumentando ainda mais a sua expectativa. E quando finalmente a bola vai rolar, quer dizer, o filme vai começar nos deparamos com um Ciclope morrendo nos primeiros 15 minutos de filme (X-Men – O confronto final), ou um John Connor que não tem nada a ver com o original ("Exterminador do Futuro 3 - A Rebelião das Máquinas"). O pior de tudo é quando o filme tem uma parte dois excelente e que cria enormes expectativas no capítulo final e aí tudo desaba. Piratas do Caribe - No Fim do Mundo é um exemplo claro: na segundo parte Jack Sparrow é morto por um Kraken e no terceiro filme o Kraken simplesmente aparece morto na praia. Quer dizer o bicho matou o protagonista da trilogia e nós nem ao menos vemos como ele morreu! E o que dizer de Homem-Aranha 3, todos nós vemos o "Emo-Aranha". O filme é simplesmente MUITO ruim! O Homem-Aranha estava indo muito bem com um vilão por filme, todos nós sabemos o que ocorreu com a franquia do Batman (pré Cristopher Nolan) quando começaram a colocar dois vilões em cada filme (Duas Caras e Charada?! Hera Venenosa e Mr. Freeze?!!!) mas lá vem o Aranha com TRÊS vilões no mesmo filme! E eu achava que torcer por resultados espetaculares no futebol era algo difícil! Imagine quando alguém destrói uma série que você adorava. Vai dizer que você imaginava que debaixo da armadura do Darth Vader estava aquele menino chorão que vimos em "Star Wars - A vingança dos Sith"?
É nos últimos anos as minhas expectativas em relação à que uma sequência de eventos seja algo satisfatório foi por água baixo. Ou no futebol ou no cinema o caminho tem sempre sido decepcionante, mas sempre há uma exceção. Sempre há aquele evento que te faz acreditar que ainda existe esperança e que tudo vai dar certo. Se a sequência de felicidade que eu esperava como torcedor não veio na final do mundial interclubes com o Ajax e nem na final da copa de 1998, ela veio pelas mãos do maior técnico de todos os tempos em 2002. Luis Felipe Scolari nos tornou pentacampeões e finalmente criou um elo com a esperança da Copa de 94. O mesmo foi realizado pelo capítulo final da trilogia do Senhor dos Anéis. O Retorno do Rei, isso sim é que é como encerrar uma trilogia!!!

domingo, 7 de junho de 2009

Casar e ter filhos.

Eu eu tenho pensado muito sobre as vantanges de não ter filhos. Basicamente a minha teoria é de que quanto mais velho se fica maior a vontade de se ter filhos. Apesar de eu achar que essa é um péssimo motivo por si só para ter filhos, devo estar preparado para essa ocasião. Afinal, como disse Elton Jhon "It's the Circle of Life" (ah, sobre um post anterior meu sobre funeral vocês acreditam que essa é uma das dez músicas mais tocadas em funerais americanos?). Mas voltando a ausência do bebê, eu comecei a pensar que eles são (no meu caso) a diferença entre uma vida de classe média e a boa e velha vida de classe baixa, suburbana e miserável, pegadora de ônibus e todos esses ítens charmosos que eu adoro. Por enquanto obviamente eu não tenho condições ou mesmo estrutura para ter um filho. Mas se meus planos estiverem corretos, isso deve se resolver até o fim do ano. Aí vem a questão: por que não ter filhos? Sim, eu sei que há milhares de respostas lógicas para essa questão todas elas me dizendo que ter filhos é o ínicio do pesadelo.
Eu não posso evitar de pensar a respeito de porque as pessoas são impulsionadas a essa vida de casamento e filhos? E como isso pode mudar de forma tão rapidamente... Até onde eu sei eu sempre fui o mais promíscuo dos meus amigos. Acho que na outra ponta estaria o Derek, não importa o que ele diga sempre acho que ele não seria capaz de dormir com alguém sabendo que iria magoar aquela pessoa. Ainda sim dadas essas caracteristícas, aqui estou eu escrevendo sobre ter filhos e casar. Quando um homem pensa em casar e (tecnicamente) viver feliz para sempre com alguém que ama ele sempre deve calcular a vida daqui a 20, 30 anos. Daqui a 30 anos eu terei 54. Seguindo as duas suposições eu poderia ou estar casado, com alguns filhos, investindo cada centavo do meu dinheiro no futuro das crianças ou eu poderia estar solteiro, sem filhos e também investindo cada centavo do meu dinheiro no futuro de algumas outras crianças, digamos universitárias gostosas de 19 a 23 anos. Hey, é tudo ouro para mim! Mas acho que as duas situações tem suas complicações, a vida de casado vai acabar com a sua energia e muito provavelmente comprometer a sua identidade, apartir dali você não é mais "Vinicio", não mesmo, você se torna o "Pai!" ou "Idiota que esqueceu de comprar o leite". Já na solteirice madura você acaba passando por mais situações humilhantes do que de costume (em relação a cantadas é quase uma volta a 8º série), sem falar que as situações inverossímeis que você costuma se meter não diminuem, apenas a sua energia diminui. Mas para aqueles que tem as mesmas dúvidas que eu, um pequeno lembrete visual.

Vida de Casado com Filhos.




Vida de Solteiro sem filhos

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