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terça-feira, 7 de julho de 2015

Batman: Arkham Knight - PS4



EU SOU A VINGANÇA! EU SOU A NOITE! EU SOU O BATMAN!

Batman: Arkham Knight é o capítulo final de série que teve os excelentes Arkham Asylum e Arkham City e o fraco Arkham Origins. Desde o primeiro momento a ideia de que essa é aventura final desta encarnação do Batman é algo que é comunicado de forma bem clara ao jogador. Isso acrescenta uma dramaticidade que nos dois primeiros episódios foi atingida de forma mais elegante através de uma história envolvente, e aqui é quase um pré-requisito para que o jogador entenda e importância pré-determinada da narrativa do jogo. Isso não quer dizer que a história em si não seja sólida e interessante, ela apenas estava mais inspirada nos capítulos anteriores e gerava um comprometimento mais natural do jogador, mas esse é o único detrimento do jogo.

Retornamos a uma Gotham que vive em relativa paz desde a morte do Coringa, ocorrida em Arkham City, até que o surgimento de um novo inimigo, o Arkham Knight . Juntamente com o Espantalho, o novo inimigo carrega o manto de principal vilão do jogo. Felizmente isso não significa que ficamos sem o melhor vilão do universo do Homem-Morcego.
O Coringa retorna, novamente perfeitamente interpretado por Mark Hammil. Em Arkham Origins a aparição do Coringa passava uma sensação de que havia um arrependimento na decisão de matar o principal nêmesis do Homem-Morcego. A solução para o retorno do vilão nesse jogo é bastante inspirada e acrescenta um peso e profundidade inesperados à história.

No que se refere ao gameplay o jogo manteve o que deu certo, com seu combate genial e conseguiu a façanha de manter os controles enxutos e ao mesmo tempo expandir as opções de manobras e golpes. Nos outros episódios da saga ao atingir um certo nível de upgrades era comum o jogador ficar confuso com o número de combos possíveis e, apesar de que lembrar de todas as opções à sua disposição durante um combate seja uma tarefa difícil, ainda é mais intuitivo do que nos capítulos anteriores.
Um diferencial significativo dessa versão e que com certeza está evidente para todos aqueles que já ouviram falar desse jogo, é a inclusão do Batmóvel. Há alguma discussão sobre o quão "forçada" é a integração dessa novidade à mecânica do gameplay atual, e é verdade que em alguns momentos a utilização do Batmóvel parece ser mais recorrente do que gostaríamos. Pelo menos a metade dos puzzles do jogo se utilizam dessa ferramenta. Ainda que nem sempre pareça uma adição natural, o fato é que o Batmóvel é uma ferramenta divertida que oferece diversidade ao gameplay e é muito bem vinda por quem achava que a série precisava de algo novo para crescer ainda mais.

A trilha sonora me pegou de surpresa. É com certeza a melhor da série, pelo menos a única que conseguiu fazer a transição do jogo diretamente para a minha playlist pessoal. Há vários temas únicos que tem um impacto na emoção transmitida na tela. Há momentos engraçados, de ação, medo, tristeza e vários tipos de intensidade emocional que são perfeitamente retratados pelas composições da trilha. A variedade e intensidade dos temas me causaram a impressão de que estava ouvindo um tipo de parceria nos mesmo moldes do que foi feito com Hans Zimmer e James Newton Howard nos dois primeiros filmes de Noland. Quando fui checar a informação vi que de fato se tratavam de dois compositores: Nick Arundel e David Buckley. Arundel já havia composto para Asylum e City e Buckley é novo na franquia. Essa é a minha faixa preferida:


Os gráficos são muito bons, a modelagem dos personagens está excelente. Apesar de eu não achar que esse o melhor exemplo de capacidade gráfica da nova geração (The Last of Us Remastered ainda é a minha escolha para o título) eu fiquei genuinamente impressionado com a escala das coisas e o detalhamento de Gotham. A cidade é bastante grande e a transição entre os diversos modos de jogo instantânea.
Quando tudo é levado em conta, esse para mim é o principal momento no qual eu  consigo perceber o potencial da nova geração de consoles: não a capacidade de fazer uma ou duas coisas ótimas, mas diversas coisas muito boas.
Para mim, uma dos piores pecados de Origins foi deixar de lado o nível de detalhamento da série, perdendo os enigmas do Charada e desperdiçando oportunidades. Esse erro não é repetido em Arkham Knight e os troféus, análises de ambientes e desafios estão todos de volta.

Um ponto forte na série, que continua sendo refinado em Arkham Knight, é a imersão na história e no mundo do jogo. Momentos chaves aparecem em primeira pessoa, o jogo flerta com diversos modos de gameplay e faz tudo trabalhar a favor da história que se propõe a contar. Capangas tem conversas aleatórias que mencionam o restante do universo DC.
O jogo apresentou uma tagline nada original: "Seja o Batman". Mas essa mensagem nunca foi tão verdadeira. O arsenal de gadgets do Homem-Morcego nunca parece servir ao propósito do gameplay (com excessão do Batmóvel) e sim a favor da imersão. Você nunca tem a impressão de que há um desafio proposto que só pode ser vencido por uma determinada ferramenta das Industria Wayne por que o jogo quer que você use aquela gadget agora e sim porque você se sente como alguém preparado para qualquer eventualidade.

Como eu disse no início do post, a Rocksteady está apresentando essa como se fosse a última aventura de Bruce Wayne dentro desse universo, ou pelo menos encerrando esse arco de forma definitiva e depois que essa realidade passa a integrar a história de Arkham Knight o jogo fica muito mais épico.
Vilões e aliados tomam posições definitivas, há baixas de figuras icônicas do universo Batman e ao longo do jogo, jogador e personagem começam a perceber que esse é o fim da linha para o Homem-Morcego seja qual for o desfecho da história.
Uma das minhas ideias favoritas em Arkham Knight é que o jogo só apresenta seu final completo quando você completou 100% do jogo e de fato retomou Gotham dos criminosos.

Há vários detalhes inspirados em Arkham Knight, desde a representação de momentos chaves do gibis até os momentos espetaculares do Coringa, há sempre algo de especial acontecendo, como se o fato de o jogo ser simplesmente ótimo não fosse o bastante para a Rocksteady.

                
               

Os fãs dos gibis e da série animada do Homem-Morcego também vão perceber vários easter-eggs, como o nome dos troféus e conquistas ser diretamente tirado do título de revistas do Batman ou a famosa frase na voz de Kevin Conroy (perfeito como sempre): "Eu sou vingança, eu sou a noite, eu sou o Batman!".



A propósito, eu duvido alguém não se empolgar quando Batman solta essa pérola no jogo.
Me desculpem os que gostam de jogos dublados, mas a voz do Batman dublado nesse jogo é um lixo.

Aparentemente a série chega ao fim com seu melhor título. Eu tive o privilégio de jogar e postar resenhas sobre todos os títulos da série aqui no blog: Arkham Asylum, Arkham City e Arkham Origins.
 Eu gosto muito de Arkham Asylum e o elegi o melhor jogo da minha lista do Xbox 360, mas na minha opinião Arkham Knight supera seu antecessor em todos os aspectos. A série Arkham mudou a forma como jogos de super-heróis eram percebidos e criou todo um universo incrível que poderia ser teoricamente expandido para outros heróis da DC. Se a Rocksteady vai ter coragem de tentar trazer para a tela da 8ª geração alguém como o Homem de Aço, uma tarefa considerada impossível por muitos, permanece um mistério. Mas uma coisa é certa, se eles fizerem eu vou comprar. 

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