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segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Top 10 Transformações de Atores

Ainda que isso não seja garantia ou mesmo sinônimo de qualidade alguns atores se submetem a mudanças drásticas em seus corpos para garantirem que determinado personagem, normalmente baseado em uma pessoa real, seja interpretado com a maior proximidade possível da realidade. Seja por maquiagem, perda (ou ganho) de peso ou simplesmente uma interpretação magnífica diversos atores se tornaram irreconhecíveis em determinados papéis. Ao longo dos anos tivemos vários exemplos e aqui vai o meu Top 10:

10º - John Voight


O pai de Angelina Jolie ficou absolutamtente irreconhecível como o comentarista esportivo Howard Cosell. Voigtht atua sob uma pesada maquiagem e de peruca, mas para quem viu o comentarista original sabe que a performance de Voight é soberba. Desde o timbre de voz até a cadência das palavras Voight acerta em cheio na interpretação que lhe rendeu uma indicação ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante.


9º - Charlize Theron
Além da excelente maquiagem Charlize Theron também mudou completamente sua atitude para poder interpretar Aileen Wuornos.  A beleza delicada da sul-africana deu lugar a feiura e paranóia da personagem. Theron ganhou o Oscar de melhor atriz pelo papel.


8º - Robert Downey Jr
Ainda que não tenha passado por nada além do pesado ritual diário de horas de maquiagem para ficar com a pele negra, Robert Downey Jr impressionou muita gente com sua performance de um ator branco que de tão obcecado por seu ofício passa por uma cirurgia para pigmentar a pele que ele possa interpretar um personagem negro. Os maneirismos e voz do personagem são estereotipados, com certeza, mas é impressionante como vemos Downey Jr sumir na pele do Sargento Osiris.  


7º - Tom Hanks

Hanks já havia emagrecido bastante para interpretar um portador do vírus HIV no drama Filadélfia. Depois ele teve que engordar para fazer o técnico beberrão no filme Uma Equipe Muito Especial. Mas nada disso seria tão drástico como a sua mudança em Naufrágo. Para compor o personagem o ator chegava a passar dias sem falar com ninguém e as vezes só se alimentava de água-de-coco.



6º - Jared Leto
Jared Leto sempre apresentou uma figura esguia em grandes produções como Alexandre e Clube da Luta, mas surpreendeu muitos fãs ao abandonar essa silhueta e adiconar muitos quilos no corpo para viver o assassíno de John Lennon, Mark David Chapman. Leto tomava potes de sorvete derretido no microondas coberto com molho shoyu e azeite de oliva. Segundo ele essa dieta foi bem mais díficil do que a que ele teve que fazer para emagrecer para o filme Réquiem de Um Sonho, onde ele interpretava um drogado. Ele engordou 30 quilos para o papel e acabou desenvolvendo gota já que seu corpo não estava preparado para o peso extra. 



5º - Donnie Wahlberg

Donnie é o irmão mais velho e menos famoso de Mark Walhberg. Ele normalmente faz papéis mais fortes e intimidadores como o policial de Jogos Mortais e um sargento aliado na ótima série Band of Brothers. Qual não foi a minha surpresa ao descobrir que Donnie era o paciente raquitíco que atira em Bruce Willis em O Sexto Sentido. Mas a minha surpresa com Walhberg foi em dose duplas pois ele voltou ao corpo frágil e irreconhecível em O Apanhador de Sonhos no papel de um deficiente com a saúde extremamente fragilizada por um câncer.


4º - Eric Bana

Todo Mundo gostaria de ter a dieta de Eric Bana para viver o bandido Chopper no cinema: ficar sentado e consumir grandes quantidades de rosquinhas, cerveja e gordura saturada. O filme virou cult e lançou a carreira do australiano.

3º - Matt Damon
Quando fez Coragem Sob Fogo, Mat Dammon precisou emagrecer tanto para o seu papel que Steven Spielberg considerou não chamá-lo para O Resgate do Soldado Ryan. No ano passado o ator deixou para trás o físico preparado de Jason Bourne para viver um espião gordinho em O Desinformante.

2º - Robert De Niro
De Niro teve que malhar pesado para esculpir o físico de um boxeador jovem o no auge da fama e depois quando a produção foi parada por quatro meses, ele embarcou em uma viagem gastronomica pela França e Norte da Itália. O ator foi de 66 para 97 quilos e teve a sua saúde seriamente afetada, sofrendo graves problemas de postura, respiração e fala.



1º - Christian Bale

O ator emagreceu bruscamente para interpretar um operário insône em O Maquinista e depois teve que ganhar músculos para interpretar o Cavaleiro das Trevas em Batman Begins. Depois ele emagreceu novamente para fazer o irmão viciado de Mark Wahlberg no filme o Vencedor e novamente teve que voltar a boa forma para fazer o novo Batman. Bale já é sinônimo de radicais mudanças na silhueta e durante as filmagens de O Maquinista sua dieta diária incluia apenas uma lata de atum, uma maçã e muitos cigarros. Um médico chegou a ser chamado ao set e orientou Bale a parar imediatamente com a dieta.



quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Falecimento: Derek Scheifler Moreira



É com pesar que informo o falecimento de meu ex-colega e eterno amigo Derek Scheifler Moreira. Com uma vida jovem porém laureada de conquistas o jovem empresário, professor e filantropo doou muito mais do que lhe foi pedido e deixa saudades inconsoláveis em seus numerosos amigos, sua esposa e seu filho ainda não-nascido.
Como todos predestinados ao sucesso, mas abençoados com a sabedoria, Moreira deixou para trás um ínicio modesto e tímido em um bairro pobre do mais meridional estado do Brasil, para alcançar a confiança e representatividade demonstradas não apenas nas áreas em que atuou mas também em todos aqueles que seguiam seu modelo incansável de liderança através do exemplo.
Moreira guiou-se sempre pelo equilibrio de suas posições, e imparcialidade de idéias, o que não o impedia de ser uma liderança carismática quando achava que um posicionamento enérgico era a melhor solução para um conflito. Provando que seu equilibrio não constava apenas na retórica de seu discurso o "Durepox Gaúcho" como ficou conhecido por suas habilidades de manter unidos os grupos mais heterogêneos, fez questão de frequentar escolas públicas e privadas em sua formação. Ao ingressar na faculdade de Jornalismo percebeu que reportar as notícias para um público que não se interessava por suas consequências era um trabalho frustrante. Buscando as raízes da formação da cidadania resolveu ingressar na faculdade de História da Universidade do Vale do Rio dos Sinos, onde em 2009 se graduou com honras.
Incessante em sua colaboração para a educação do país e essencial no entendimento e de obras imprescindíveis à literatura brasileira se uniu ao projeto de estudo e catalogação de obras raras, na mesma faculdade em que se formou, no qual prestou serviços inestimáveis a cultura nacional.
Foi nessa época também que Moreira lecionou por um breve período em escolas públicas da periferia no intuíto de demonstrar a necessidade de investimentos na educação de locais mais pobres.
Em 2010, quando a crise financeira internacional começava a mostrar suas primeiras vítimas na Europa o filósofo e professor se viu mais uma vez obrigado a dar licença a sua faceta empreendedora e retornar ao setor privado, capitaneando empreendimentos arriscados e investindo tanto no setor eletrônico quanto imobiliário Moreira teve sua parcela de responsabilidade mais do que atestada em resguardar o país dos efeitos devastadores de uma potencial reviravolta financeira.
Nos anos que virão as pessoas se impressionarão com as habilidades profissionais e a visão mercadológica desse visionário empreendedor, mas muitos questionarão sobre a intimidade dessa estóica figura. A mim, como um de seus gratos amigos, cabe afirmar que ele era um marido devotado e carinhoso, mas como ele mesmo constumava frizar, nenhum de seus sentimentos positivos deveria se estender apenas aqueles que compartilhavam de seu círculo de amizades. Eu lembro de uma vez em que não podendo compartilhar sua felicidade com todos os que lhe acompanhavam em um bar, quando confrontado com uma anedota hilária compartilhada por seus companheiros, essa figura inabalável se resignou a se negar ao riso fácil e inconsequente comentando como lhe parecia desagradável que outras pessoas no mesmo local pudessem ouvir a risada mas não a história. Em sua moral irrepreensível ele se negou a dividir sua risada com os demais e o fez em nome de um ideal maior.
Derek Scheifler Moreira foi atropelado enquanto caminhava pelas ruas do centro da cidade, um hábito que ele se orgulhava em cultivar. Vítima de um motorista torpe e apressado Derek foi vítima da imprudência e da ironia. Sempre reconhecido por sua calma e passividade em contraste com a pressa inconsequente que atinge o mundo moderno suas últimas palavras foram dirigidas a seus companheiros transeuntes quando os questionou se haviam outras vítimas. É com tristeza que constatamos que esse tipo de exemplo de abnegação pela própria segurança e amor ao próximo é extremamente raro hoje em dia, mas graças ao breve tempo que tivemos a honra de compartilhar com pessoas tão especiais como Moreira é que temos esperanças que as próximas gerações terão um farol luminoso de moral e para guiá-las em meio aos males do futuro.

Descanse em paz, velho amigo.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Ateu X Crente X Agnóstico


Eu continuo sendo honrado com a presença de meus caros amigos Derek Scheifler e João Colombo em nossa aparentemente interminável discussão sobre religião. Nos dois últimos posts nos quais tratamos disso (Fanatísmo Ateu e Fanatísmo Ateu: Um Debate) eu recebi respostas de ambos sobre as questões levantadas e me apresento para mais uma réplica.

Primeiro o argumento do Derek:

Resolvi voltar do meu "oásis agnóstico" (não recomendo!) para algumas colocações.

Primeiramente meu comentário sobre o teu fanatismo surgiu pelo primeiro motivo (não entediar nossos demais amigos) e não pelo segundo (te achar uma criatura de mente fechada).

A questão é que o João levantou ai uma coisa interessante, que já notei por diversas vezes na tua argumentação, e que isso sim é de praxe em qualquer retórica fanática: desenvolver e expandir o seu argumento, enquanto restringe e limita os dos demais. Deus não é só o da igreja católica. Isso por si só é um grande dado. Existindo a figura de Deus em outras religiões e doutrinas por si só já afirma isso. Restringir Deus a visão católica e/ou protestante é negligência, que prefiro acreditar que tu não cometa de forma consciente, e sim por ser o nosso exemplo mais “cotidiano”. Deus é em essência um ser de poder incomparável que criou todas as coisas. Isso para qualquer religião ou visão. Só. O que os homens incluíram em sua “lenda” não é de Sua autoridade. O que os homens dizem que é Sua vontade ou Suas leis não são Dele, e sim do homem. Crer em Deus é só crer que um ser criou tudo que existe, e não o acaso. Se qualquer maluco acha que subiu no morro e Deus entregou para ele umas pedras com “textos divinos” é OUTRA história. Bom, ai sim vamos as doutrinas que tentam então nos aproximar Dele. As doutrinas, tanto religiosas quanto de qualquer outra natureza, são muito perigosas, pelo simples fato que todas ditam o que é certo e o que é errado, impondo assim sua vontade sobre os demais e ao afirmar o que é certo, automaticamente reduz todos os demais a erros. Tudo que é imposto envolve poder. Tudo que envolve poder tem grande potencial construtivo e destrutivo. Acreditar em Deus não envolve necessariamente ter uma postura ativa diante disso. Creditar a Deus as calamidades que grupos religiosos cometeram em Seu nome não é válido. A humanidade já se mostrou, em diversas ocasiões, ser intolerante e violenta a tudo que é diferente, não apenas no campo religioso. Concordo sim que as religiões já causaram muitas destruições, mas também nos ajudaram a construir outras tantas (já expliquei isso exaustivamente em outro lugar aqui no blog) como muitas das expressões humanas. Porque a religião nada mais é do que uma expressão humana. Dizer que hoje existem leis é um argumento falho, pois TODAS ELAS se originaram de doutrinas religiosas, pois até mesmo o que o estado laico considera certo e errado veio delas. É importante, contudo, separar definitivamente duas coisas: deus e religião. Podemos sim acreditar em Deus em não seguir a nenhuma doutrina. O oposto obviamente não. Ser ateu e dizer que Deus é ruim por causa de algumas religiões é tão leviano e malicioso quanto dizer que alguém cometeu algum crime porque era ateu e “não tinha Deus no coração”. Acreditar em deus é acreditar em algum grande plano, em alguma lei ou ordem das coisas, e não que a vida é um emaranhado caótico de encontros e acontecimentos, surgidos de um acidente evolutivo. Eu, claro, queria ter algumas dessas duas certezas comigo...

Primeiro eu concordo com várias coisas que você falou e discordo de apenas algumas.
Talvez seja um mau planejamento meu, mas eu considero que o desenvolvimento e expansão do meu argumento é compátivel com o espaço que cedo ao desenvolvimento e expansão do argumento de vocês (ou de qualquer outro colaborador que venha a se manifestar).  Eu entendo que você está mencionando o conteúdo e racionalização da minha própria retórica. Mas se há falhas ou incoerências nela, provocadas por falta de espaço que eu mesmo cedo na contra-argumentação das minhas idéias, isso é algo que eu adoraria que vocês continuassem apontando, afinal eu não me furto das mesmas ações quando eu respondo o argumento de vocês.
Quando você considera que eu limito a minha discussão ao Deus da igreja católica/ e ou protestante de forma inconsciente eu posso assegurar que esse não é o caso. Eu escolho partir desse princípio, justamente por ser o nosso exemplo mais cotidiano, e por partilhar extremas semelhanças com o Deus judaico e islâmico, porém a minha  questão contra a religião (ou instituição religiosa como o João gostaria que eu chamasse) é que eu nunca conheci nenhuma religião que causasse qualquer tipo de benefício sem trazer estragos muito maiores. Mas o ponto mais básico da questão é que pesar o bem ou mal causado por uma instituição não conclui ou atesta a veracidade da mesma. Então além da minha indignação com os maus causados pela religião, há a questão do óbvio embuste religioso, mesmo quando a religião é utilizada com boas intenções o seu resultado é torpe e prejudicial. Eu reconheço que diferentes tipos de religião tem tipos de defeitos práticos diferentes (ainda que possivelmente derivados dos mesmo erros) e que uma acusação feita contra os preceitos católicos não se aplica direta ou necessariamente aos budistas, ou muçulmanos. Novamente eu reforço que por questão de espaço eu não cito essas religiões aqui (ainda que com o tempo eu pretenda retomar o assunto).

Depois disso vem algumas frases sobre digamos, algumas características universais de Deus. E eu concordo que todos que acreditam em Deus concordam com essas características.

"O que os homens incluíram em sua “lenda” não é de Sua autoridade."
Hum, eu não tentaria levar Deus a um tribunal caso seja isso que vocês estejam pensando. Como eu já disse anteriormente eu não julgo Deus. Até porque eu não acredito em Deus. Mas há um looping lógico que é apresentado na idéia de vocês que eu, infelizmente, sou obrigado a acreditar tem a função de tornar mais difícil contrariar a idéia. O Deus que você me apresente é o Deus que não tem nenhuma ligação com textos sagrados e portanto doutrinas. Um Deus "Einsteinano" ou "ideológico" como já foi chamado. Esse Deus preenche a mesma lacuna que "mistério" ou "ainda não identificado" ocuparia. Como eu disse aqui tudo vira semântica e eu não tenho nada contra esse "Deus". Stephen Hawkins diz que a Física Quântica pode "ler a mente de Deus" e é ateu. Acho que fica claro aqui que esse "Deus" não me oferece nenhum perigo pois ele não oferece a nenhum dos seus crentes caminhos para preconceito ou intolerância. Essas pessoas podem cometer esses atos mas daí eles claramente não foram influenciados pela doutrina religiosa. Eu não tenho e jamais terei nada contra esse tipo de Deus, se tanto o próprio motivo de chamar isso de Deus, mas nada mais. Porém como eu disse antes essa definição não encontra nenhum respaldo dentro do conceito de Religião, que é o que eu realmente sou contra. E aqui eu não posso deixar de já me adiantar e responder ao João sobre a origem da palavra religião. Realmente a etmologia da palavra é inegavelmente muito mais interessante do que a sua definição atual (ainda que eu não a considere completamente inofensiva), mas eu estou falando de doutrina religiosa. Visando um texto mais abrangente eu me permito a utilização da palavra religião para definir isso. E eu acredito, infelizmente, que 99,9% das pessoas compreendem que quando eu critico a religião eu estou criticando a doutrina religiosa seja ela qual for.

Bom, voltando ao Derek, depois de esclarecermos sobre qual Deus estamos falando eu concordo com as opiniões de que o Deus "Einsteinano" não pode ser considerado culpado pelos atos cometidos em seu nome. Bom, aqui reside o problema. De fato, nenhum "ato" é cometido em nome desse Deus, pois para ele simplesmente não existem doutrinas. Nem ao menos o caráter benigno pode lhe ser atribuído. Esse Deus se torna portanto irrelevante para a nossa discussão. O único Deus que me interessa é o Deus das escrituras, o deus da religião.
Quanto ao argumento de que todas as leis (que acabam por definir o certo e o errado) vieram de doutrinas religiosas, o que certamente é discutível pois aspectos básicos e inerentes ao ser humano como a sobrevivência, são observados por essas leis e contundentemente precedem qualquer tipo de religião, ou mesmo aspectos modernos previstos em leis como o direito a privacidade (presente na constituição) e que não encontra qualquer respaldo em qualquer aspecto religioso. Mas mesmo que esse fosse o caso esse argumento seria inadmissível pois mesmo as leis (originadas de constumes) que tiveram origens religiosas foram ponderadas sob outros aspectos e a maior prova disso é que algumas sobreviveram a esse escrutínio e outras simplesmente foram abandonadas.

Ser ateu e dizer que Deus é ruim por causa de algumas religiões é tão leviano e malicioso quanto dizer que alguém cometeu algum crime porque era ateu e “não tinha Deus no coração”.
Eu não tenho o que discordar da frase acima, mas apenas para ter certeza de que não há uma implicação desnecessária do meu posicionamento na conotação dela eu gostaria de salientar que isso não representa o que eu defendo, que sendo o que é eu admito pode descuidadamente ser confundida com a frase acima.
Primeiro por que existem dois "Deuses" nessa discussão. Um que eu chamo de Deus "Einsteinano" e que realmente não se aplica na questão e outro o Deus (principalmente o da Bíblia, mas eu reforço que existem outros diversos exemplos) das religiões. Esse segundo Deus, não é ruim simplesmente porque seus seguidores fazer coisas ruins, ele é ruim porque seus seguidores fazem coisas horríveis respondendo aos entendimentos desse Deus e eu não estou falando aqui dos maus intencionados que deturpam a suposta mensagem desse Deus, eu estou falando da mensagem original, inalterada por interpretações subjetivas, eu estou falando do óbvio, (também mas não somente) das ordens diretas de Deus e Jesus na Bíblia. 

Vamos a resposta do João:

Tentarei ser mais breve dessa vez:

Primeiro: Eu sugeri que buscasse a "origem da palavra religião", não o seu sentido no dicionário, que é falho. Religião vem do latim 'religare' e significa tão somente "religar". O homem ao longo do tempo atribui o sentido de se ligar à divindade, mas na antiguidade, tinha o sentido mais amplo de uma conexão com outros seres (animais, plantas e pessoas) Nesse contexto, a palavra religião por si só é algo muito positivo.

Segundo: Peço cuidado ao me chamar de crente, pois hoje em dia isso denota alguém que crê cegamente numa fé qualquer. Sou muito mais cético do que imaginas, pois, pelo contrário, duvido de tudo, antes de assumir algum discurso. Como costumo dizer, minha fé em Deus, independe de dogmas.

Terceiro: A lógica filosófica se distingue da lógica comum. Ela não se baseia em tecnismos, medições ou números, como a lógica matemática, ela preenche, através da 'dedução' aquilo que a ciência não responde, pois o universo é muito mais do que aquilo que vemos.

Quarto: quanto a saber quando Jesus falou de evolução... bem, eu diria que em todas as passagens, mas partamos da sua mensagem maior "Ama o próximo como a ti mesmo". Nesse ponto o Cristo quebra o paradigma do "olho por olho" e diz que não devemos apenas "não fazer mal", mas que devemos evoluir e "fazer o bem". 'Não fazer o mal' e 'fazer o bem', são coisas bem distintas. Jesus falava por parábolas para que sua mensagem pudesse ser entendida em todos os tempos e porque sabia que, naquela época, que nem todos compreenderiam sua mensagem. Uma de suas frases que dá mais uma ideia da questão da evolução, para teres ideia é "Nem só de pão vive o homem", ou seja, não basta alimentar o corpo (se focar nas coisas materiais), é necessário alimentar o espírito também (adquirir cultura, conhecimento). Meu amigo, sugiro que, mais do que ler a bíblia, estude-a, em seu contexto histórico, além de ler mais de Sócrates e Platão, de onde está a maior bagagem cristã, além de outros filósofos... Nossa vida é uma dualidade de três coisas: Corpo e mente trabalham para compreendermos filosofia, religião e ciência; e essas três coisas não podem ser desassociadas.

Quinto: quanto ao debate sobre o fanatismo ateu, é perigoso você acusar de imoral aquilo que a muitos pessoas tem como modelo mais perfeito de moralidade, não só o Cristo, mas qualquer outro líder religioso. Não é apenas um pensamento crítico, pois não foi fundamentado e é necessário. Portanto, peço que diga onde, nesses conceitos, está a imoralidade do Cristo para qualquer modelo de sociedade, moderna ou antiga (o conceito de pecado, redenção, responsabilidade, o amor compulsivo, livre arbítrio unilateral.) e onde o Cristo cometeu este deslize? Para uma crítica à sua postura são necessários fundamentos, senão, tornam-se apenas argumentos vazios.

Meu caro amigo Vinício, espero que mais do que simplesmente cavar por argumentos a fim de refutar a mim e ao Derek, reflita profundamente sobre cada vírgula. Não quero converter ninguém a nada, mas algumas coisas são mais simples do que parecem.

Forte Abraço.

Vamos a resposta:
1º Acho que me empolguei e já respondi essa no texto do Derek.

2º Peço desculpas por me utilizar desse rótulo tão difamado nos dias de hoje. Eu continuarei o usando no entanto tão somente no sentido de "aquele que crê". Eu admito que não me ocorre outra nomenclatura e eu facilmente abriria mão dela caso eu econtrasse (ou me fosse sugerida) uma tão facilmente reconhecida que denotasse apenas o sentido original.

3º Eu devo confessar que me sinto decepcionado. Eu esperava mais do que "dedução" e abandono de ferramentas tão essenciais como tecnismos, medições ou números. Eu concordo que o univeros é muito mais do que aquilo que vemos. Mas como uma velha máxima esclarece: Só porque algo não tem uma explicação natural não quer dizer que tenha uma sobrenatural.

4º Por questão de espaço eu pretendo debater a mensagem de Jesus em um post a parte, mas muito em breve. Eu também tenho que confessar que me senti um pouco ofendido com a sua idéia de que eu não leio Platão e Sócrates o suficiente. Eu já escrevi um texto sobre Sócrates e Jesus, traçando a comparação de que ambos falharam em deixar textos de suas próprias mãos e existindo apenas através de relatos secundários. Porém eu diria ainda que Platão (principalmente levando em consideração o fim do relato sobre Sócrates) é leitura obrigatória para qualquer ateu.

5ºAh, aqui eu não poderia concordar e discordar mais de você ao mesmo tempo mas, felizmente para a minha sanidade, são em pontos diferentes. Como eu argumentei antes eu não cheguei a apresentar os argumentos para essas colocações e eu agradeço por você finalmente levar em consideração esse ponto antes de classificar essas idéias. Apesar de ao não apresentá-las eu estar me utilizando do mesmo pré-conceito (tão comumente estendido a figura de Jesus) de que determinados argumentos são bons porque alguém diz que eles são sem a necessidade de expô-los. De qualquer forma eu pretendo expô-los em um post muito em breve.

Quanto a ser perigoso eu "acusar de imoral aquilo que a muitos pessoas tem como modelo mais perfeito de moralidade, não só o Cristo, mas qualquer outro líder religioso" eu tenho que perguntar como isso pode ser perigoso? A própria noção de que questionar algo amplamente aceito é perigoso denota o quão frágil e potencialmente não verdadeiro aquele ideal é. A descrição "modelo mais perfeito de moralidade" pode ser aplicada, sem alterações à visão do povo japonês sobre o Imperador durante a 2º Guerra Mundial. E similar a cristo ele não era apenas "o mais perfeito modelo moral" ele também era divino. Se a sua orientação fosse seguida ele jamais teria sido obrigado pelas forças aliadas a anunciar pelo rádio (depois da rendição do Japão) que ele na verdade não era um deus. O que essa perigosa idéia de desafiar o modelo mais perfeito de moralidade (concretizada nesse caso) causou ao Japão? Fez eles abandonarem uma subserviência e inquestionabilidade prejudicias e se tornar uma das nações mais desenvolvidas do mundo.

Infelizmente eu me vejo obrigado a discordar da última afirmação, ainda que eu entenda que ela é composta por boas intenções.

Primeiro eu devo dizer que acredito que você não esteja tentando converter ninguém e espero que você acredite que eu também não quero "des-converter" ninguém.

Agora eu não esperaria que você me encorajasse a fazer "mais do que simplesmente cavar por argumentos a fim de refutar a você e ao Derek". Justamente por não buscar nada além de um debate entre ideologias diferentes eu não pretendo fazer absolutamente nada mais do que apresentar argumentos e ter uma boa e saudável discussão com meus amigos. Insinuar, ainda que sutilmente, que há algo místico por trás de um dos lados dispostos nesse embate é se utilizar da mesma curtina infeliz que a religião sempre se cobriu.

Um grande abraço.

BAD ASS!









terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Fanatísmo Ateu - Um Debate

No meu último post sobre religião intitulado "Fanatismo Ateu" eu falei sobre a acusação que eu recebi de ser um "fanático" ateu. O meu grande amigo  João Colombo respondeu com o texto abaixo:

Primeiro, não há nada de lógico no ateísmo: qualquer resposta que tentares encontrar para a origem das coisas vão te levar a outras perguntas que vão te levar a pensar num ser supremo, causa primeira de tudo - isso é Deus, esqueça o ser mitológico criado pelo homem. A maioria dos físicos quânticos já reconhece isso, entre tantos cientistas, o que é apenas um derivado da filosofia clássica, de Sócrates e Platão (novamente lhe falo da lógica filosófica, que tu ainda não conseguiu entender).



Segundo, já que gostas de citar o Aurélio, procure entender a origem da palavra religião e verá o quão positivo é seu sentido no mundo. Mais uma vez vou te dizer isso: Não confunda religião com instituição religiosa.


Terceiro, teus argumentos estão ficando perigosos, beirando o fanatismo, sim; Tenha mais cuidado ao dizer que os ensinamentos de Jesus são imorais. Não confunda a mensagem do Cristo com a da igreja católica, nem sempre são a mesma coisa. A mensagem do Cristo se resume em uma só coisa, "amar". "Fora da caridade não há salvação", significa que não precisa estar atrelado a qualquer instituição ou ideologia, mas à ação de fazer o bem; de evoluir moralmente, enquanto evoluímos intelectualmente. Alguém dizer isso quando o mundo vivia numa barbárie ainda maior que hoje me parece algo bem positivo.


Nem todo cristão é contra a evolução das coisas. Pelo contrário, a evolução é uma lei universal e acreditar ou não em Deus, não vai mudar isso.

Eu achei válida a argumentação e segue as minhas respostas abaixo:

Vamos por partes.

Primeiro eu já esqueci o ser mitológico criado pelo homem. Mas a sina de todo ateu é ter que reconsiderar cada argumento obviamente falso para não poder ser chamado de fanático e isso infelizmente me obriga a considerar o Deus fabricado da Bíblia. Obviamente eu considero ele tão real quanto o Deus primordial que você apresenta. Agora vamos considerar a parte referente aos cientistas quânticos e a afirmação de que "qualquer resposta que tentares encontrar para a origem das coisas vão te levar a outras perguntas que vão te levar a pensar num ser supremo, causa primeira de tudo - isso é Deus".



Eu devo salientar que ao consultar novamente o Aurélio eu não quero entrar em um jogo de semântica, ainda que o mesmo me favoreça. Mas devo fazer para demonstrar meu ponto. O dicionário Aurélio diz: "religião: crença na existência de força ou forças sobrenaturais. Manifestação de tal crença pela doutrina e ritual próprios, devoção." Me desculpe mas eu não vejo o mérito ou qualidade em nenhuma das palavras que definem o conceito.

Referente a afirmação sobre os fisicos quânticos, eu já estava ciente da tentativa de "provar" Deus mas como Ken Wilber definiu em seu livro "Questões Quânticas" isso não passa de má física (ou estudo da mesma) e misticismo preguiçoso. Ele cita os estudos originais dos 13 fundadores mais importantes da física quântica moderna e relativística, para explorar seu entendimento da relação entre a física e o misticismo. Sem exceção, cada um deles acreditava que a física moderna não prova realidades espirituais de qualquer maneira. E cada um deles acreditava em religião, e não por causa da física, mas apesar dela. Ao explorarem os limites exteriores da suas próprias disciplinas, eles se encontraram frente a frente com as realidades que a física categoricamente não podia explicar. Isso é algo comum na física quântica. Atribuir isso a um Deus é uma questão de opinião. E isso eu posso respeitar, apesar de discordar profundamente. Mas não podemos nos cegar para o perigo de rotular algo completamente indefinido como "Deus". E ainda que eu respeite o direito individual de qualquer pessoa tomar isso como uma evidência da possibilidade da existência de um Deus a palavra religião não encontra qualquer respaldo nesse sentido.

O problema aqui começa na falácia de que sempre que tentarmos encontrar uma resposta para a origem das coisas isso vai acabar nos levando a essa causa primeira de todas as coisas. Com Stephen Hawkins muito bem definiu: "A questão é: a maneira como o universo começou foi escolhida por Deus, por razões que não podemos compreender, ou foi determinada por uma lei da ciência? Eu acredito que o segundo". Ele acrescenta: "Porque há uma lei como a gravidade, o Universo pode e vai criar a si mesmo do nada".



De qualquer forma o tipo de argumento que você utiliza é rebatido pelo princípio filosófico de Dawkins que diz que tudo aquilo que é criado parte de algo mais complexo que demanda uma explicação ainda mais complexa, ou seja, uma lança nunca vai fabricar uma "máquina de fazer lanças". Um Deus incrivelmente complexo, criador de tudo, simplesmente precisa de uma explicação ainda mais complexa. Caso contrário ficaremos eternamente postulando a questão: "Quem criou o criador?" E eu não posso deixar de notar que esse tipo de explicação para justificar a existência de um Deus, me parece derivativa do sempre presente, e incorreto quando aplicado a essa questão, princípio lógico da "Navalha de Occam".

Entretanto das suas afirmações dessa primeira parte eu não posso deixar de notar uma que surpreendentemente me parece mais simpática à versão lógica da natureza da fé e religião. "Não há nada de lógico no ateísmo". Evidententemente eu discordo de você e já citei os exemplos acima, mas de fato eu considero que há uma verdade adormecida nessa frase que me leva de encontro ao que é mais habilmente defendido pelo Derek. Não podemos saber que Deus não existe. Pelo menos nossa ignorância nessa questão é tão grande quanto qualquer outra figura mitológica. Não podemos dizer que definitivamente não há o Papai Noel, ou Thor, ou o "Monstro do Spaghetti Voador (ainda mais se atribuirmos a ele a capacidade de ser eterno, invísivel e onipresente). O que podemos dizer é que ninguém tem certeza também, mas o que faz a diferença é que não há motivos para acreditarmos que há um Deus. Como Sócrates definiu: "eu não sei ao certo sobre a morte e sobre os deuses, mas eu estou tão certo quanto posso estar de que você também não sabe". Ainda que eu considere que nenhum dos lados da discussão possa ter 100% de certeza eu não considero que ambos tenham a mesma chance de estar certos. Mas certamente eu sei apreciar o valor da frase, e o que me permite isso é, como eu disse antes, meu compromisso com as evidências e com a lógica (ou falta de no caso da religião) que me permitem apreciar os argumentos e incidentalmente flutuar para o lado do ateísmo ao invés de me posicionar em defesa dos improváveis, e infelizmente potencialmente perigosos, caminhos da crença e do agnosticismo. Embora eu deva reconhecer que em um mundo ideal eu seria agnóstico, mas em um mundo ideal acreditar ou não em um deus não traria quaisquer consequências à sociedade.

Cabem dois reconhecimentos aqui. Primeiro de fato eu não estou familiarizado com o conceito de "lógica filosófica" se você for gentil o suficiente para me esclarecer a respeito eu poderia responder, e te conhecendo eu sei que não haverá problemas nessa possibilidade. Segundo eu não acredito que nossas visões de religião dentro do aspecto dos seus dois primeiros argumentos sejam conflitantes. Basicamente porque mesmo mantendo que as religiões são intrinsicamente prejudiciais a humanidade na nossa condição atual eu não considero o seu conceito como religião. E por outro, se eu não me engano, você também considera o que eu chamo vulgarmente de religião de instituição religiosa. Aqui sim a semântica faz a sua parte e nos faz vislumbrar a visão do outro, ou pelo menos assim eu gostaria de acreditar.



Porém infelizmente há um terceiro argumento que trai a minha idéia, um pouco utópica, de entendimento. Eu não entendo como os meus argumentos estão ficando "perigosos". Eles estão ameaçando alguém? Eles estão perdendo o contato com a realidade? E o que me deixa mais perplexo é a explicação para que meus argumentos tenham se tornado perigosos: eu devo ter mais cuidado ao dizer que os ensinamentos de Jesus são imorais! Ora vamos esquecer por um minuto que eu acabao de ser transportado para as obras de Orwel e Kafka e fui ameaçado pelo crime de pensamento. Vamos apenas considerar que classificar um pensamento crítico como perigoso é a própria natureza de um regime totalitarista e fascista. E o porque eles são considerados perigosos? Por que sim. Eu não cometo o erro de confundir os ensinamentos de Cristo com a Igreja Católica. Atacar a Igreja Católica é tão devastador que mesmo o mais inapto dos ateus se sente desmotivado a argumentar com alguém que defende a Igreja Católica tamanha é a quantidade de argumentos contra essa instituição. Agora como separar a Igreja Católica dos ensinamentos de Jesus. Por interesse de argumento eu vou considerar que você estaria utilizando a Bíblia (caso eu esteja equivocado por favor me diga qual a fonte correta) para evidenciar a mensagem de Jesus, devidamente separada de qualquer doutrina que poderia subvêrte-la. Uma versão inalterada do que Jesus pretendia digamos assim. Ainda que eu considere isso impossível dada a natureza dos autores da Bíblia, eu estou disposto a conceder o benefício da dúvida em benefício do argumento. Então aqui estamos nós com a mensagem "original" de Cristo. Na minha concepção vários dos ensinamentos dele são, como eu disse, não apensa amorais e completamente impráticaveis em uma sociedade justa e moderna, mas também imorais. Entre eles eu citaria: o conceito de pecado, redenção, responsabilidade, o amor compulsivo, livre arbítrio unilateral. Todos esses são conceitos presentes na mensagem original de Jesus, que se analisados sob qualquer outra roupagem que não a religiosa seriam considerados imorais. Eu simplesmente acredito que eles não merecem ser analisados por uma ótica diferente do que qualquer outro ensinamento porque lhes é atribuida uma origem divina.

O que mais me choca é a possibilidade de identificar essa posição como fanática, sem a necessidade de debater esse argumentos individuais, mas sim apenas evidenciando que eles fazem parte da mensagem de Jesus Cristo. Eu não digo que eu tenho absoluta razão no que eu argumento sobre os ensinamentos de Jesus, Eu apenas acho que a única maneira de eles serem rebatidos é analisando-os individualmente e não pela sua autoria.

É engraçada a contra-posição da lógica na sua argumentação, pois você cria argumentos válidos, com preposições coerentes porém essas conclusões são erradas pois não pertencem a religião. Eu concordo com você que devemos evoluir moralmente e intelectualmente. Eu apenas gostaria de ver em qual passagem Cristo nos ensina isso.

Por fim eu gostaria de agradecer ao João Colombo por se dignar a responder. Eu sempre aprecio as suas opiniões e a oportunidade de debate-las. O mesmo se extende ao Derek Moreira. Eu acredito que essa tríade formada por um ateu, um agnóstico, e um crente representa a maioria dos meus leitores (afinal qual outra opção resta?) e esse tipo de debate só pode nos levar para um entendimento melhor.

Grande abraço.

Por fim temos a resposta do Derek:

Resolvi voltar do meu "oásis agnóstico" (não recomendo!) para algumas colocações.



Primeiramente meu comentário sobre o teu fanatismo surgiu pelo primeiro motivo (não entediar nossos demais amigos) e não pelo segundo (te achar uma criatura de mente fechada).


A questão é que o João levantou ai uma coisa interessante, que já notei por diversas vezes na tua argumentação, e que isso sim é de praxe em qualquer retórica fanática: desenvolver e expandir o seu argumento, enquanto restringe e limita os dos demais. Deus não é só o da igreja católica. Isso por si só é um grande dado. Existindo a figura de Deus em outras religiões e doutrinas por si só já afirma isso. Restringir Deus a visão católica e/ou protestante é negligência, que prefiro acreditar que tu não cometa de forma consciente, e sim por ser o nosso exemplo mais “cotidiano”. Deus é em essência um ser de poder incomparável que criou todas as coisas. Isso para qualquer religião ou visão. Só. O que os homens incluíram em sua “lenda” não é de Sua autoridade. O que os homens dizem que é Sua vontade ou Suas leias não são Dele, e sim do homem. Crer em Deus é só crer que um ser criou tudo que existe, e não o acaso. Se qualquer maluco acha que subiu no morro e Deus entregou para ele umas pedras com “textos divinos” é OUTRA história. Bom, ai sim vamos as doutrinas que tentam então nos aproximar Dele. As doutrinas, tanto religiosas quanto de qualquer outra natureza, são muito perigosas, pelo simples fato que todas ditam o que é certo e o que é errado, impondo assim sua vontade sobre os demais e ao afirmar o que é certo, automaticamente reduz todos os demais a erros. Tudo que é imposto envolve poder. Tudo que envolve poder tem grande potencial construtivo e destrutivo. Acreditar em Deus não envolve necessariamente ter uma postura ativa diante disso. Creditar a Deus as calamidades que grupos religiosos cometeram em Seu nome não é válido. A humanidade já se mostrou, em diversas ocasiões, ser intolerante e violenta a tudo que é diferente, não apenas no campo religioso. Concordo sim que as religiões já causaram muitas destruições, mas também nos ajudaram a construir outras tantas (já expliquei isso exaustivamente em outro lugar aqui no blog) como muitas das expressões humanas. Porque a religião nada mais é do que uma expressão humana. Dizer que hoje existem leis é um argumento falho, pois TODAS ELAS se originaram de doutrinas religiosas, pois até mesmo o que o estado laico considera certo e errado veio delas. É importante, contudo, separar definitivamente duas coisas: deus e religião. Podemos sim acreditar em Deus em não seguir a nenhuma doutrina. O oposto obviamente não. Ser ateu e dizer que Deus é ruim por causa de algumas religiões é tão leviano e malicioso quanto dizer que alguém cometeu algum crime porque era ateu e “não tinha Deus no coração”. Acreditar em deus é acreditar em algum grande plano, em alguma lei ou ordem das coisas, e não que a vida é um emaranhado caótico de encontros e acontecimentos, surgidos de um acidente evolutivo. Eu, claro, queria ter algumas dessas duas certezas comigo...



French Micromanagement

Meu chefe microgerencia, é carente, infantil, arrogante e para piorar tudo francês. Ele é tão incoveniente que frequentemente eu sinto vergonha por ele. Um dos poucos momentos no qual a minha habilidade empática se torna uma ferramenta indesejável para mim. Baseado nele resolvia fazer esse post. Para que eu possa sempre lembrar de como os franceses são inteligentes e como o microgerenciamente é uma ferramenta fantástica de trabalho.







segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Fanatísmo Ateu

Em mais de um post aqui nesse blog (link, link) eu falei da minha admiração em poder ter um debate de bom nível com meu grande amigo Derek Scheifler Moreira sobre ateísmo. Eu cheguei até mesmo a postar a seguinte frase, tamanha era a minha admiração pela sua capacidade argumentativa: "o Derek é um ótimo argumentador com um ponto de vista ligeiramente diferente do meu o que torna tudo mais interessante. O que me deixa impressionado é que ele realmente leva em consideração na sua argumentação aquilo que eu escrevi e debate (e refuta) exatamente as minhas argumentações". 
Qual a minha surpresa quando nos nossos últimos encontros o  Derek deixou claro que não discututiria religião comigo por que eu havia me tornado um fanático. Ou melhor alguém tão fanático pelo "Ateísmo" quanto os religiosos que eu condeno por serem tão fanáticos por "Religião". O argumento dele me coloca no outro extremo da situação e parece acreditar que a posição mais acertada (ou menos errada) é um ponto de equilibrio em algum lugar no meio desses dois extremos. Um oásis agnóstico por assim dizer.
Eu me questionei a respeito e assumindo que nosssos debates de conotação religiosa tem se tornado mais comuns do que o normal me peguei considerando se ele simplesmente não tinha se expressado de maneira pobre ao tentar mencionar que o assunto havia se tornado repetitivo demais em nossas conversas. Porém considerando que em mais de uma vez eu mesmo procurei evitar o assunto, ou terminar previamente uma conversa que se encaminhava para o tópico, estou convencido de que essa não poderia ser a razão e que meu amigo não se expressou de maneira equivocada. Ele de fato passou a me considerar um fanático ateísta. 
Pois bem, como definimos um fanático? Segundo o dicionário Aurélio, fanático é aquele que segue cegamente uma doutrina ou partido. Seguir cegamente é não questionar. Não avaliar logicamente os fatos e informações que se apresentam. Ora, se eu sempre considerei os argumentos que ele me apresentou (tanto no blog quanto em nossas conversas), como poderia eu me encaixar nessa descrição?
Devo esclarecer que o que me leva a escrever esse texto não é nenhuma rixa ou dúvida em relação a meu amigo. Provavelmente podemos esclarecer essas dúvidas em uma mesa de bar. Mas o que realmente me leva a escrever esse texto é o fato de que pessoas como eu possam ser rotuladas de fanático simplesmente por que se opõe a outros fanáticos. Quando uma pessoa culta consegue fazer isso (o Derek é formado em História) o que se esperar de outras pessoas que não tem o mesmo acesso a informação?
Acreditar que por se posicionarem diametralmente em relação a religião os ateus são tão radicias quanto os radicais religiosos é infundado.
Umas das retóricas que eu já ouvi é de que atacamos os extremistas, ignorando os religiosos amenos que não causam mal a ninguém. O meu ponto é que todas as religiões não são apenas amorais, elas são ativamente imorais em diversos dos seus preceitos. Não apenas quando eles são postos em má utilização prática por aqueles que buscam se aproveitar da ingenuidade alheia. Os ensinamentos da igreja e de Jesus (de outras religiões também mas vamos deixar isso para outros posts) são imorais no que diz respeito a responsabilidade, livre arbítrio, amor compulsivo e outras mazelas que são irresponsavelmente repaginadas e espalhadas para a sociedade em geral como valores legítimos.
Outro argumento que eu sempre ouvi é de que se tirássemos a religião das pessoas elas perderiam o controle e o caos imperaria na sociedade uma vez que nosso código de moral mais importante nos seria negado. As pessoas que utilizam esse argumento se esquecem que nosso código federal, civil, penal e de processo civil, completamente suficientes para nos guiar entre o que é certo e errado, permitido e proibido dentro de uma sociedade, são laicos e não tiram suas morais da Bíblia. Não podemos jogar nossos crimes em cima de outra pessoa, como a Bíblia tão alegremente nos incita. Nenhuma das sentenças no código penal prevê "olho por olho" e "dar a outra face" mesmo que fosse legalmente amparado, nunca seria aceito por qualquer pessoa vítima de um crime, como bem podemos perceber em nosso dia-a-dia.
O que eu quero dizer aqui é que mesmo sendo enfático em uma posição eu sempre estou aberto a novas provas e argumentações isso não caracteriza fanatismo. O contrário sim. Se fosse provado que as religiões são algo além de superstição e que elas de fato trazem algo de positivo ao mundo eu seria o primeiro a abandonar o ateísmo e saudar a religião. Isso por que eu não me encontro cegamente em uma lado da discussão. Eu me encontro irremediavelmente apaixonado pela lógica e nesse momento a lógica me mostra que o único caminho é o ateísmo.

Enquanto relia Deus, um delírio de Richard Dawkins, percebi que no prefácio à edição de bolso do livro, no qual Dawkins rebate críticas feitas após a publicação da 1º Edição,  Dawkins respondeu a uma questão parecida com essa levantada contra mim e me fez considerar que essa acusação contra ateus não seja tão original assim.

VOCÊ É TÃO FUNDAMENTALISTA QUANTO AQUELES QUE CRITICA

Não, por favor, é fácil demais confundir uma paixão capaz de mudar de opinião com fundamentalismo, coisa que nunca farei. Cristãos fundamentalistas são apaixonadamente contra a evolução, e eu sou apaixonadamente a favor dela. Paixão por paixão, estamos no mesmo nível. E isso, para algumas pessoas, significa que somos igualmente fundamentalistas. Mas, parafraseando um aforismo cuja fonte eu não saberia precisar, quando dois pontos de vista contrários são manifestados com a mesma força, a verdade não está necessariamente no meio dos dois. É possível que um dos lados esteja simplesmente errado. E isso justifica a paixão do outro lado.


Os fundamentalistas sabem no que acreditam e sabem que nada vai mudar isso. A citação de Kurt Wise na página 366 diz tudo: "[...] se todas as evidências do universo se voltarem contra o criacionismo, serei o primeiro a admiti-las, mas continuarei sendo criacionista, porque é isso que a Palavra de Deus parece indicar. Essa é minha posição". A diferença entre esse tipo de compromisso apaixonado com os fundamentos bíblicos e o compromisso igualmente apaixonado de um verdadeiro cientista com as evidências é tão grande que é impossível exagerá-la. O fundamentalista Kurt Wise declara que todas as evidências do universo não o fariam mudar de opinião. O verdadeiro cientista, por mais apaixonadamente que "acredite" na evolução, sabe exatamente o que é necessário para fazê-lo mudar de opinião: evidências. Como disse J. B. S. Haldane, quando questionado sobre que tipo de evidência poderia contradizer a evolução: "Fósseis de coelho no Pré-cambriano". Cunho aqui minha própria versão contrária ao manifesto de Kurt Wise: "Se todas as evidências do universo se voltarem a favor do criacionismo, serei o primeiro a admiti-las, e mudarei de opinião imediatamente. Na atual situação, porém, todas as evidências disponíveis (e há uma quantidade enorme delas) sustentam a evolução. É por esse motivo, e apenas por esse motivo, que defendo a evolução com uma paixão comparável à paixão daqueles que a atacam. Minha paixão baseia-se nas evidências. A deles, que ignora as evidências, é verdadeiramente fundamentalista".
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