Quando se fala em jogo clássico de tiro em primeira pessoa todos sabem que a questão é tão polarizada quanto em jogos de video-game sobre futebol. Se nos gramados virtuais Fifa e PES dividem a preferência dos jogadores no campo de batalha essa preferência estava entre Call Of Dutty e Medal Of Honor. É bem verdade que o último tem andado bem por baixo nos últimos anos e que Call Of Duty não apenas assegurou a liderança como re-inventou os jogos de guerra em primeira pessoa ao lançar Modern Warfare. A resposta atrasada de Medal Of Honor chega como um reboot completo da série e apresenta um jogo mais sombrio e baseado na guerra do Afeganistão. Há pontos positivos e negativos no jogo, porém mesmo em seus momentos mais inspirados Medal Of Honor mal consegue fazer frente a linha Modern Warfare. Na verdade há pequenos quesitos nos quais o jogo é melhor do que seu rival, como por exemplo a narrativa que aqui se utilliza de muito bem-vindas animações (ainda que inferiores ao que se vê em outros jogos) que ajudam a contar uma história muito mais clara e real do que a de Modern Warfare 1 e 2. Medalha de Honra (como é automaticamente aportuguesado dada sua fácil tradução) mostra controles ligeiramente superiores ao de Call Of Duty e uma movimentação de personagens normalmente mais convincente. As vantagens param por aí. O principal defeito do jogo, e é realmente um defeito grave, é a duração. O jogo é curto, extremamente curto, eu acredito que tenha levado umas 5 horas para virar. A mecânica de mira das armas é ruim, a sensação de aproximação para quando se mira com uma arma sem mira telescópica é inexistente, o que além de ser frustrante é irreal, afinal sempre que nos concentramos em focar atentamente através da mira de uma arma temos a real impressão de que nosso alvo ficou mais perto e isso se traduz muito bem com a leve aproximação oferecida por outros jogos e inexistente aqui.
O dano das armas é extremamente problemático e irreal, ainda que isso não atrapalhe o jogo para mim. O esquema de armas que usam o mesmo calibre e tem cadência de tiro superior e poder de fogo superior e mesmo assim causam menos dano é frustrante. Não se justifica pegar armas durante o decorrer da fase já que quase não há munições para as mesmas. Sendo que a idéia de pegar armas dos inimigos é justamente baseada na possibilidade de você pegar mais munição baseado na sua habilidade já que quanto mais inimigos matar mais munição teria. Pelo menos essa seria a lógica básica do jogo, porém aqui você mata o inimigo e mesmo podendo ver a arma e a munição caídos ao lado do corpo dos Talibans não se pode pegá-la. O fato de o jogo ter um pé firmemente assentado na realidade tem o preço de não conseguir gerar sequências tão impressionantes como as de Modern Warfare e ainda que existam momentos inspirados eles são tão escassos que não chegam a alterar a percepção do jogo. O clima do jogo pode ser descrito como muito interessante, pois como eu disse tem uma premissa muito realista. Ainda que se analisarmos friamente o jogo, a história em si não pode ser considerada melhor ou pior do que Call Of Duty, ela é basicamente diferente porém no quesito jogo a abordagem de COD proporciona mais momentos memoráveis do que Medalha de Honra. Há uma leve redenção próxima do final quando a história converge para um tom de urgência e me pareceu muito similar a linha de "Leões e Cordeiros", filme de 2007. O epílogo é também muito inspirado e nos traz de volta o espírito do jogo que estava presente nas edições que mostravam o combate na segunda guerra mundial. Se há um ponto onde Medal Of Honor legitimamente brilha por sí só sempre foi no sentimento heróico traduzido pela história e abraçado pelos personagens e pela trilha sonora. Em Call Of Duty você é apenas um soldado, mas em Medal Of Honor você é um herói e isso é independente do background do personagem esse sentimento é traduzido durante o jogo. Infelizmente nessa nova versão do jogo essa tão importante diferenciação do título só apareça em um ou dois momentos e no final do jogo.
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