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domingo, 21 de março de 2010

Declaração para Renata...


Ao revisitar a minha história no orkut lembrei que por algum tempo tive um grande contato virtual com a Renata Canzi, que era amiga da Alice, com quem eu também conversava bastante, que era colega de faculdade do Derek. Aparentemente a faculdade do Derek rendeu bons contatos para mim. Enfim, as conversas com a Renata sempre foram agradáveis e infelizmente nunca nos encontramos, porém ela elogiava meus textos e um dia ela pediu para que eu escrevesse uma declaração de amor como se eu fosse apaixonado por ela. Aceitei o desafio e escrevi o texto ouvindo "I Don't Want To Miss A Thing" do Aerosmith. Ao invés de uma declaração de amor falsa decidi romantizar nosso improvável encontro.
Eu admito que o texto é piegas e romântico, mas eu não pude evitar. Como nunca realmente escrevi esse tipo de texto para alguém tenho um certo orgulho nele.
Se alguém se interessar em lê-lo por favor o faça ouvindo a "I Don't Want To Miss A Thing", obviamente a letra não tem qualquer relação com o texto, apenas acho que a melodia casa perfeitamente com o clima do texto.

"Eu estava pensando em ir até Garibaldi para conhecer uma garota, antes de partir comecei a pensar em como eu gostaria que fosse essa viagem. Mas que inspiração que uma fria e solitária noite de inverno poderiam trazer para alguém que busca o calor da companhia? De fato não foi a noite a inspiração responsável pelo pensamento...Nem ao menos o frio que nos faz procurar por um coração afável para nos aquecer do egoísmo e da solidão. A inspiração veio de um sorriso.Um sorriso estático é verdade, mas ainda sim um belo sorriso...
O frio em meus pés, fez com que eu acordasse com um calafrio...a poltrona do ônibus é confortável, os vales que desenham a estrada formam uma paisagem agradável. Mas eu me sinto irrequieto. Por que? A minha mente insiste em questionar. Por que se afastar de um lugar conhecido e me lançar em uma aventura pueril em algum local distante? A resposta não reside em minha mente, talvez repouse no fundo da minha alma. Mas com certeza uma das respostas é aquele belo sorriso na tela do meu computador...O ônibus segue seu caminho, cruzamos uma ponte e eu me pergunto se quando eu cruzá-la novamente, na direção contraria, estarei apaixonado.
Eu sussurro seu nome. Sua imagem se forma na minha mente, suas mãos molhadas pela água da chuva. Seus olhos me lembram do oceano, podendo ser a minha salvação ou a minha ruína final...mas no fundo desse olhar reside alguma verdade e certamente uma felicidade , que quem sabe possa ser compartilhada. Eu penso em seus momentos de alegria e seu leve embaraço em nossas cínicas e agradáveis conversas. Suas reações , que quisera eu ter frieza para avaliar, mas não posso, pois essa necessária frieza é dissipada pelo entusiasmo da sua presença. Assim como é dissipada a névoa da estrada pelo sol, que traz certa esperança em nosso encontro. Por leves momentos você ou ao menos a idéia do seu ser toma conta do meu corpo. Os meus sentidos desejam apenas você e nada mais...A sensibilidade de minhas mãos deseja nada mais do que sentir a suavidade do seu corpo, o meu olfato não será saciado por nada além do seu perfume e a única sensação que meus lábios querem sentir é o beijo ainda não dado...
Todas as minhas duvidas somem...e existe apenas um espaço de tempo no qual eu desejo existir. Esse momento é justamente quando eu te envolver em meus braços e der o seu primeiro beijo, pois pode acreditar que até eu te beijar, você ainda não foi beijada de verdade...Eu começo a planejar em como será nosso encontro, eu deveria descer do ônibus e lá estaria você, eu caminho em sua direção e você deveria sorrir, eu diria algo simpático e uma boa e singela impressão teria sido construída. Parece bom?
Talvez não o suficiente. Mas eu abro meus olhos novamente e ainda falta algum tempo antes de te encontrar. Novamente a lembrança do seu bom humor me faz sorrir sozinho, terei imaginado corretamente sua risada linda e sua displicente gargalhada? Eu me sinto sereno, enquanto a chuva que molha o vidro toma o lugar da neblina como elemento charmoso da viagem.
Finalmente o ônibus entra na cidade e enquanto faz seu tortuoso caminho em direção ao meu destino, eu penso em como tudo o que pensei é abstrato e piegas, e por um momento eu penso em renegar tudo. Considero se fui longe demais... É justamente nesse momento que vejo você pela janela do ônibus...e novamente todas as minhas duvidas somem.
A chuva cai de um céu acinzentado e profético. Eu desço os pequenos degraus e olho para você... a chuva que molha as minhas mãos é a mesma que molha o seu rosto, e eu sempre esperei por isso. Eu caminho em sua direção decididamente e me desfaço do meu sorriso e de minhas artimanhas, eu não digo nada, não é necessário. Eu paro na sua frente por poucos segundos. O mundo para. Um sorriso nasce. Eu te beijo. E o mundo nunca mais será o mesmo. "

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