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terça-feira, 7 de julho de 2015

Batman: Arkham Knight - PS4



EU SOU A VINGANÇA! EU SOU A NOITE! EU SOU O BATMAN!

Batman: Arkham Knight é o capítulo final de série que teve os excelentes Arkham Asylum e Arkham City e o fraco Arkham Origins. Desde o primeiro momento a ideia de que essa é aventura final desta encarnação do Batman é algo que é comunicado de forma bem clara ao jogador. Isso acrescenta uma dramaticidade que nos dois primeiros episódios foi atingida de forma mais elegante através de uma história envolvente, e aqui é quase um pré-requisito para que o jogador entenda e importância pré-determinada da narrativa do jogo. Isso não quer dizer que a história em si não seja sólida e interessante, ela apenas estava mais inspirada nos capítulos anteriores e gerava um comprometimento mais natural do jogador, mas esse é o único detrimento do jogo.

Retornamos a uma Gotham que vive em relativa paz desde a morte do Coringa, ocorrida em Arkham City, até que o surgimento de um novo inimigo, o Arkham Knight . Juntamente com o Espantalho, o novo inimigo carrega o manto de principal vilão do jogo. Felizmente isso não significa que ficamos sem o melhor vilão do universo do Homem-Morcego.
O Coringa retorna, novamente perfeitamente interpretado por Mark Hammil. Em Arkham Origins a aparição do Coringa passava uma sensação de que havia um arrependimento na decisão de matar o principal nêmesis do Homem-Morcego. A solução para o retorno do vilão nesse jogo é bastante inspirada e acrescenta um peso e profundidade inesperados à história.

No que se refere ao gameplay o jogo manteve o que deu certo, com seu combate genial e conseguiu a façanha de manter os controles enxutos e ao mesmo tempo expandir as opções de manobras e golpes. Nos outros episódios da saga ao atingir um certo nível de upgrades era comum o jogador ficar confuso com o número de combos possíveis e, apesar de que lembrar de todas as opções à sua disposição durante um combate seja uma tarefa difícil, ainda é mais intuitivo do que nos capítulos anteriores.
Um diferencial significativo dessa versão e que com certeza está evidente para todos aqueles que já ouviram falar desse jogo, é a inclusão do Batmóvel. Há alguma discussão sobre o quão "forçada" é a integração dessa novidade à mecânica do gameplay atual, e é verdade que em alguns momentos a utilização do Batmóvel parece ser mais recorrente do que gostaríamos. Pelo menos a metade dos puzzles do jogo se utilizam dessa ferramenta. Ainda que nem sempre pareça uma adição natural, o fato é que o Batmóvel é uma ferramenta divertida que oferece diversidade ao gameplay e é muito bem vinda por quem achava que a série precisava de algo novo para crescer ainda mais.

A trilha sonora me pegou de surpresa. É com certeza a melhor da série, pelo menos a única que conseguiu fazer a transição do jogo diretamente para a minha playlist pessoal. Há vários temas únicos que tem um impacto na emoção transmitida na tela. Há momentos engraçados, de ação, medo, tristeza e vários tipos de intensidade emocional que são perfeitamente retratados pelas composições da trilha. A variedade e intensidade dos temas me causaram a impressão de que estava ouvindo um tipo de parceria nos mesmo moldes do que foi feito com Hans Zimmer e James Newton Howard nos dois primeiros filmes de Noland. Quando fui checar a informação vi que de fato se tratavam de dois compositores: Nick Arundel e David Buckley. Arundel já havia composto para Asylum e City e Buckley é novo na franquia. Essa é a minha faixa preferida:


Os gráficos são muito bons, a modelagem dos personagens está excelente. Apesar de eu não achar que esse o melhor exemplo de capacidade gráfica da nova geração (The Last of Us Remastered ainda é a minha escolha para o título) eu fiquei genuinamente impressionado com a escala das coisas e o detalhamento de Gotham. A cidade é bastante grande e a transição entre os diversos modos de jogo instantânea.
Quando tudo é levado em conta, esse para mim é o principal momento no qual eu  consigo perceber o potencial da nova geração de consoles: não a capacidade de fazer uma ou duas coisas ótimas, mas diversas coisas muito boas.
Para mim, uma dos piores pecados de Origins foi deixar de lado o nível de detalhamento da série, perdendo os enigmas do Charada e desperdiçando oportunidades. Esse erro não é repetido em Arkham Knight e os troféus, análises de ambientes e desafios estão todos de volta.

Um ponto forte na série, que continua sendo refinado em Arkham Knight, é a imersão na história e no mundo do jogo. Momentos chaves aparecem em primeira pessoa, o jogo flerta com diversos modos de gameplay e faz tudo trabalhar a favor da história que se propõe a contar. Capangas tem conversas aleatórias que mencionam o restante do universo DC.
O jogo apresentou uma tagline nada original: "Seja o Batman". Mas essa mensagem nunca foi tão verdadeira. O arsenal de gadgets do Homem-Morcego nunca parece servir ao propósito do gameplay (com excessão do Batmóvel) e sim a favor da imersão. Você nunca tem a impressão de que há um desafio proposto que só pode ser vencido por uma determinada ferramenta das Industria Wayne por que o jogo quer que você use aquela gadget agora e sim porque você se sente como alguém preparado para qualquer eventualidade.

Como eu disse no início do post, a Rocksteady está apresentando essa como se fosse a última aventura de Bruce Wayne dentro desse universo, ou pelo menos encerrando esse arco de forma definitiva e depois que essa realidade passa a integrar a história de Arkham Knight o jogo fica muito mais épico.
Vilões e aliados tomam posições definitivas, há baixas de figuras icônicas do universo Batman e ao longo do jogo, jogador e personagem começam a perceber que esse é o fim da linha para o Homem-Morcego seja qual for o desfecho da história.
Uma das minhas ideias favoritas em Arkham Knight é que o jogo só apresenta seu final completo quando você completou 100% do jogo e de fato retomou Gotham dos criminosos.

Há vários detalhes inspirados em Arkham Knight, desde a representação de momentos chaves do gibis até os momentos espetaculares do Coringa, há sempre algo de especial acontecendo, como se o fato de o jogo ser simplesmente ótimo não fosse o bastante para a Rocksteady.

                
               

Os fãs dos gibis e da série animada do Homem-Morcego também vão perceber vários easter-eggs, como o nome dos troféus e conquistas ser diretamente tirado do título de revistas do Batman ou a famosa frase na voz de Kevin Conroy (perfeito como sempre): "Eu sou vingança, eu sou a noite, eu sou o Batman!".



A propósito, eu duvido alguém não se empolgar quando Batman solta essa pérola no jogo.
Me desculpem os que gostam de jogos dublados, mas a voz do Batman dublado nesse jogo é um lixo.

Aparentemente a série chega ao fim com seu melhor título. Eu tive o privilégio de jogar e postar resenhas sobre todos os títulos da série aqui no blog: Arkham Asylum, Arkham City e Arkham Origins.
 Eu gosto muito de Arkham Asylum e o elegi o melhor jogo da minha lista do Xbox 360, mas na minha opinião Arkham Knight supera seu antecessor em todos os aspectos. A série Arkham mudou a forma como jogos de super-heróis eram percebidos e criou todo um universo incrível que poderia ser teoricamente expandido para outros heróis da DC. Se a Rocksteady vai ter coragem de tentar trazer para a tela da 8ª geração alguém como o Homem de Aço, uma tarefa considerada impossível por muitos, permanece um mistério. Mas uma coisa é certa, se eles fizerem eu vou comprar. 

terça-feira, 10 de março de 2015

Sombras de Mordor - PS4 (Middle-Earth - Shadows of Mordor)


Sombras de Mordor tinha vários atrativos para mim desde antes de eu sequer começar a jogar. Um jogo ambientado na Terra Média, com um combate inspirado na série Batman Arkham e com um mundo aberto são todos ingredientes certos para um jogo de sucesso. Quando chegou a hora de jogar percebi que realmente a maior qualidade do jogo era o "sistema Nemesis" que faz com que o exército de orcs vassalos de Sauron tenham um sistema de patentes, com suas características específicas e fraquezas, onde cada vez que um deles mata você ele é promovido e se torna mais poderoso.
Essa realmente uma mecânica que torna todo gameplay único e cada derrota relevante.
O game se sai bem na tarefa de explicar os poderes mais extravagantes que o personagem vai obtendo ao colocar um espírito elfo compartilhando o corpo do personagem. É um pouco mais fantástico do que o universo da Terra Média cinematográfico, mas ainda sim se  mantém próximo da estética que estamos acostumados graças a Peter Jackson.


A progressão de poderes é excelente. Em nenhum momento eu me vi adquirindo um poder que não se encaixasse no meu estilo de jogo e todos tem um impacto considerável na forma como o jogador enfrenta seus próximos desafios.


Os dois pontos que eu colocaria como negativos são o cenário em si, e o personagem principal.
Talion, é um ranger do Portão Negro que tem sua família assassinada no início do jogo e ele próprio também é morto, com a ajuda de Celebrimbor, um espírito elfo responsável pela criação do Um Anel ele retorna para a terra de Mordor para executar sua vingança. O pai e viúvo vingativo já é um clichê bastante corriqueiro para qualquer história, porém Talion pode com muita justiça ser chamado de "Aragorn genérico". Ele é raso, não apresenta um desenvolvimento no decorrer da história e apesar de contar com o talento de Troy Baker (o mesmo dublador de The Last of Us) em nenhum momento eu consegui sentir empatia pelo personagem, algo que deveria ser crucial se tratando de uma trama essencialmente de vingança. Celebrimbor é ainda pior e não passa de uma desculpa para a progressão de poderes do jogo, sua personalidade vai de nula para entendiante.


Quanto ao cenário, Mordor é uma armadilha para os desenvolvedores do jogo. Planícies sem vida, onde centenas de orcs vagam cumprindo os desejos do Senhor das Sombras. A descrição não é muito interessante e o design do mundo deixa isso claro depois de algumas horas de jogo. Há uma segunda paisagem no Mar de Nurnen, que apresenta um cenário um pouco mais vivo, mas Mordor é o palco principal. E esse palco principal é um pouco morto, por assim dizer.
A inteligência artificial do jogo não compromete e a música é competente, mas nada que realmente seja digno de nota ou inesperado em um lançamento AAA, como esse.


Há especulações de que o jogo era originalmente um projeto para um jogo do Batman ambientado no universo dos filmes de Nolan, porém quando o projeto foi abandonado os desenvolvedores tentaram salvar o que fosse possível e criaram um jogo ambientado na Terra Média. Um pequeno easter-egg, mencionando um homem morcego no jogo, parece confirmar a teoria.
Um detalhe que realmente me desiludiu é a qualidade da versão dublada em português. As vezes eu tenho a impressão que há uma tentativa de localização excessiva e que fica tirando o jogador de uma necessária imersão na história e ambientação. Alguém imaginou que, algo que eu só posso descrever como "modo de falar da periferia elevado a última potência" seria uma versão adequada para as falas dos orcs. Felizmente é possível jogar com o áudio original.
Sombras de Mordor é um jogo divertido que tem uma parte técnica competente, um sistema inovador, porém não apresenta uma história que tenha me cativado ou um protagonista que conquista a empatia do jogador, algo necessário em um mundo com tantos personagens inesquecíveis.
Com o sucesso do jogo eu posso sonhar em sequências que explorem outras regiões do universo de Tolkien, quem não gostaria de jogar "Middle Earth - Gondor" ou "Middle Earth - Mines of Moria". Sonhar é possível.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Livros que Mudam a Vida: Eu sou Malala


Eu levei quase um ano para ler a biografia da jovem paquistanesa alvejada com um tiro na cabeça pelo Talibã por defender a educação de meninas no Paquistão. A minha falta de interesse se deve ao fato de o livro não ter um foco ou um senso de desenvolvimento muito grande.
Malala começa descrevendo sua terra natal, o lindo vale do Swat no Paquistão, apresenta sua família, fala de assuntos e problemas corriqueiros na vida de uma jovem adolescente, como as brigas com os irmãos irmãos e suas amizade e competições com jovens da mesma idade. Isso tudo é muito singelo, porém apresentados com uma humildade e apego cativantes. Eu sabia que eventualmente a história atingiria o ponto no qual Malala seria baleada, mas até chegar a esse ponto o livro acaba não prendendo o leitor.
Os pontos mais interessantes para mim são os momentos nos quais Malala descreve a realidade do Paquistão, tão diferente do Ocidente, bem como as peculiaridades de sua vida como muçulmana.
O livro foi escrito em coautoria com a jornalista britânica Christina Lamb. A eloquência de Malala e a fluidez de suas ideias me fizeram considerar que o envolvimento de Lamb seja mais do que o indicado para que possamos acreditar na veracidade do que lemos, principalmente porque o livro é escrito em primeira pessoa. Mas eu felizmente acompanhei diversas entrevistas de Malala para verificar que ela é de fato uma excelente oradora e que sua capacidade na escrita deve ser igualmente desenvolvida, somado a isso o fato de a mesma se mostrar uma aluna dedicada e uma campeã do direito a educação é possível acreditar que o livro seja honesto e transmita realmente a linguagem de uma adolescente eloquente de uma cultura bastante diferente da nossa.
O que mais me decepcionou no livro são os momentos nos quais Malala defende sua religião com os mesmos argumentos cansados que já vimos antes, porém ainda sim é interessante ver essas idiossincrasias se manifestarem na mente de alguém tão jovem que já está doutrinada a defender a própria religião das perguntas que ela mesmo manifesta e ao mesmo tempo a exime sem nenhuma justificativa.
"Nosso país estava enlouquecendo. Como era possível que agora festejássemos os assassinos?" a menina pergunta. Mas apesar de sua astúcia intelectual precoce nunca parece considerar o papel deturpador e potencialmente perigoso da religião em seu mundo.
Malala tem uma mensagem inspiradora e uma determinação inabalável de que todas as meninas do mundo tenham acesso a educação, porém ela não parece considerar porque ela precisa lutar contra organizações religiosas (como o Talibã) para que isso aconteça.
Infelizmente o Talibã que atirou em uma menina indefesa é um seguidor mais fiel da religião islâmica do que a inocente menina vítima da violência e que tem uma luta tão nobre pela frente.

Ps: Uma observação na versão brasileira, na contra-capa ao lado da recomendação do livro feita pelo secretário geral da ONU, Ban Ki-moon, está uma recomendação de Luciano Huck. O porque isso deveria ser algo positivo eu realmente não entendo.



quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Flower - PS4

Flower é um jogo diferente, praticamente conceitual. O próprio aprendizado de como manusear corretamente o controle faz parte da experiência. Eu levei uns 15 minutos para entender como sequer interagir adequadamente com o jogo. Esse é um dos charmes desse jogo originalmente do PlayStation 3 que encontra nova vida em um relançamento no PS4. 
Entre as diversas qualidades de Flower estão os gráficos belíssimos, a trilha sonora e o ambiente extremamente relaxantes e efeitos sonoros que agregam a experiência, mas o grande trunfo do jogo é a sua criatividade no que se refere ao gameplay. 


Você nunca jogou nada exatamente como Flower e esse tipo de originalidade é muito bem vinda em um mundo tomado por Call of Duty e Battlefield. Mas o preço acessível também é um atrativo, o jogo é bastante curto, mas tem um potencial de re-jogabilidade bastante grande. Eu acabei adquirindo o título por apenas R$ 17,00 na PSN brasileira. 


Flower surpreende no início, mas seus truques são relativamente curtos, talvez se você for jogar todo ele em um sessão só você se sinta um pouco entediado lá pela terceira fase, porém essa não é a proposta do jogo. Flower é um excelente jogo quando a pessoa não quer pensar em nada e simplesmente relaxar com o joystick na mão. Uma ótima opção para introduzir pessoas desacostumadas ao mundo do video-game aos novos lançamentos de jogos. 
Flower é melhor saboreado em doses homeopáticas, um conceito que é reforçado por um de seus troféus que premia jogadores por tirarem uma pausa de mais de 10 minutos do gameplay. 
Jogos assim, que sabem sua função e seu público, são raros e Flower deve ser apreciado por isso. 

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

The Last of Us - Remastered PS4



Eu não consigo me lembrar de um outro jogo que tenha tido uma fama tão avassaladora. The Last of Us é bom, todo mundo sabe disso. Mas parece que há uma compulsão em se comentar o quão bom esse jogo é. Amigos me disseram que eu devia comprar o Playstation 4 por causa desse jogo. O Rafael Seibel e o Jovem Nerd ficam repetindo que esse é o jogo da vida deles, e uma infinidade de outros amigos me comentam que esse jogo é sensacional! 
Baseado nesse “hype” todo é de se esperar duas coisas: a primeira é de que o jogo seja revolucionário, e a segunda é de que ocorra alguma dose de desapontamento, afinal a expectativa já foi lá em cima. No fim, nenhuma das duas coisas ocorrem (pelo menos não em doses que eu considero relevantes). 


Na verdade The Last of Us é bem “básico” em sua mecânica. Terceira pessoa, apocalipse zumbi e customização de armas são características que poderiam descrever Dead Rising. Mas o trunfo do jogo da Naughty Dog são os personagens, a história e o ritmo. 
Há um nível de qualidade cinematográfica que você não vai encontrar em nenhum outro jogo, seja da atualidade ou anterior. Uma das colas que junta todo o material de forma inspirada é justamente o antídoto para que ninguém se decepcione com a aventura mesmo depois de tanta propaganda: o jogo tem seus pés-no-chão. 


Há um boa dose de realidade em The Last of Us e isso inclui a noção de que mesmo em uma aventura em um mundo pós-apocaliptico há muito espaço para tédio e marasmo. Isso não significa que o jogo seja chato ou apático em alguns partes, mas que tem a confiança necessária para entender que não há a necessidade de uma bomba ou helicóptero ou zumbis pulando na tela a cada dez segundos para que ele mantenha o interesse dos personagens na história. 
Joel e Ellie são personagens clichês mas com uma dose certa de originalidade. Joel é quem faz o papel de protetor mas ao mesmo tempo é o mais emocionalmente frágil dos dois. Ellie é que está sendo escoltada por Joel, mas é ela que mais significativamente cuida dele na história. 


The Last of Us é simplesmente bem feito desde a primeira cena até a última. Os gráficos realmente são os melhores que eu já joguei, já vi melhores mas nunca em um jogo que fosse meu. Mas isso não chega a ser o mais impactante do jogo, como eu disse o conjunto é que faz toda a diferença. 

Eu vi vários gameplays do jogo no YouTube e não é incomum ver gamers experientes se emocionarem já na abertura do jogo (aconteceu comigo). Esse nível de envolvimento só é obtido quando tudo funciona em conjunto. 



O design das fases é muito interessante, o jogo é bem linear e na maioria das fases você começa no ponto "a" e deve chegar ao ponto "b", mas a criação dos ambiantes é tão inteligente que na maioria das vezes você sente que pode explorar o cenário quase a vontade. 


Outra parte desse conjunto vencedor é a excelente trilha sonora de Gustavo Santaolalla (que eu conhecia da trilha sonora de Brokeback Mountain). O violão do argentino dá o tom certo de melancolia e progressão de sentimentos sem ser afetado.



Eu ainda não joguei muitos jogos da nova geração mas The Last of Us é definitivamente o melhor deles, e isso sem considerarmos o excelente multiplayer que acompanha a campanha principal.
Muito mais tático do que outros jogos de tiro da atualidade é altamente recomendado para aqueles que preferem um experiência diferente do que simplesmente apertar o gatilho antes do adversário.
O jogo permite que você escolha entre duas facções e faz que você seja o responsável por um grupo de sobreviventes. Os seus resultados nas partidas indicam se você conseguiu suprimentos suficientes para mantê-los saudáveis ou se eles morrem de fome, afligidos por doenças ou ataques de inimigos. Há a opção de importar o nomes dos seus contatos do facebook para formarem os sobreviventes, o que eu altamente recomendo, nada é publicado na sua timeline, e torna a experiência bem mais pessoal.

De todos os jogos exclusivos que eu já vi e já joguei The Last of Us é o que eu considero ser o mais impactante na decisão de influenciar na escolha de um console. Eu não acho que por si só ele seja um motivo para comprar um PlayStation 4 quando comparado a opção de um Xbox One, mas se alguém for comparar os exclusivos ele me parece ser o mais relevante. 



O grande defeito do jogo para mim foi transformar todos os meus outros jogos em produtos bem menos qualificados na comparação direta. Eu desisti de jogar Destiny, que tem seus próprios defeitos mas a falta de história ficou ainda mais grave depois de jogar um game com uma trama tão impactante, e tive grande dificuldade de passar por cima dos clichês e falta de refinamento de Sombras de Mordor. 

Ainda que o jogo em si não seja de fato revolucionário, seu impacto na mídia é. É bastante raro um jogo que não faz parte de uma franquia estabelecida ter tanta repercussão e atingir tantas mídias além do video-game. A trilha sonora foi bem vendida, um filme está certamente a caminho e a Naughty Dog fez uma apresentação ao vivo, atuada pelos dubladores, de cenas chaves do jogo em um evento chamado "The Last of Us - One Night Live", algo que seria completamente inviável e sem sentido na maioria dos outros jogos que conhecemos.



A versão "Remastered" para PS4 já vem com a adição da DLC "Left Behind" que adiciona mais três ou quatro horas bastante inspiradas ao gameplay original e aprofunda a história de Ellie enquanto ajuda Joel e mostra o que aconteceu com ela logo antes do início do jogo original. O impacto emocional dessas revelações são um atestado de que a qualidade de TLoU não é um acerto único da equipe responsável pelo jogo, mas que a sua capacidade para realizar um história com uma qualidade narrativa surpreendente veem se aprimorando.


The Last of Us é o tipo de jogo que eu poderia sentar e discutir a motivação dos personagens por horas a fio com amigos, algo que eu acredito ser inédito quando se trata de jogos de video-game. 

Sem dúvida um um dos melhores jogos que eu já joguei, eu poderia me divertir tranquilamente apenas assistindo alguém jogar e ir acompanhando a história e os personagens. Difícil imaginar que alguém consiga jogar esse jogo e não se surpreender envolvido na narrativa.

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Playstation 4 - Oitava Geração de Consoles e Top 20 Jogos do Xbox 360

Então chegou a hora de aposentar o velho Xbox 360. Nós tivemos uma boa história e vários momentos memoráveis. Uma breve experiência on-line mas um histórico maior no lado errado da lei. Pagar mais de R$ 100,00 em um único jogo nunca foi algo que eu aceitasse com naturalidade, sem falar da rejeição da minha carteira para com esse tipo de necessidade, então foi uma saída natural utilizar um console desbloqueado e durante o tempo de vida da sétima geração de consoles o Xbox 360 havia sido desbloqueado bem antes do PlayStation 3.
Esse foi o fato mais impactante no que se refere a minha escolha na época. Infelizmente, o preço para isso é que eu fiquei fora do mundo do multiplayer on-line, o que trás um impacto bastante pesado em alguns jogos que não puderam ser aproveitados de forma integral, mas novamente, foi um alívio bem recebido pelo meu saldo no banco. Mas essa escolha seria uma que eu decidi não repetir na próxima geração de video-games.
A oitava geração teve seu início com o WiiU em  Novembro de 2012. Mas os pesos pesados PlayStation 4 e Xbox One só foram lançados um ano depois. Completando o seu primeiro aniversário os dois carros chefes da Sony e da Microsoft deixaram claro que suas diferenças não são tão impactantes e apesar de uma leve vantagem de hardware do PlayStation (e do preço de lançamento absurdo no Brasil) a escolha hoje se dá primariamente por preferências pessoais.
Eu fiquei legitimamente dividido entre as duas opções. Partindo do princípio que ambos estavam disponíveis pelo mesmo preço (desde que o Xbox venha sem Kinect) as diferenças não são de nenhuma forma definitivas.

A minha preferência pela interface e o controle do Xbox One foram de encontro aos jogos exclusivos da Sony e uma abordagem mais "gamer". No fim praticamente não decidi e acabei comprando o que estava disponível no momento e felizmente era o PlayStation 4.
Até agora minhas principais impressões são de que o controle do Play é um pouco menos ergonômico do que o seu concorrente, isso fica evidente na disposição dos controles analógicos. Eu sempre sinto que a disposição do Xbox (com o analógico esquerdo localizado um pouco acima do nível do direito) mais natural e que o Dualshock acaba forçando levemente a mão para alcançar o controle com firmeza. Outro ponto é que os botões "share" e "options" ficaram com uma disposição pouco intuitiva e eu dificilmente os localizo na primeira tentativa. Entretanto essas diferenças se tornam rapidamente imperceptíveis depois de algumas horas de jogo.

Houve uma melhoria sensível no que diz respeito aos botões R2 e L2 e ao contrário do que eu imaginava eles realmente estão com o formato de gatilhos e se aproximam muito do design do Xbox.
Outros pontos positivos são o alto-falante no controle e a opção de plugar o fone de ouvido direto no dualshock, um touchpad no controle que apesar de ainda não ser muito útil apresenta bastante potencial. No fim o design geral do console me agrada mais do que o do Xbox, com um formato mais delineado e botões discretos.

Para completar o layout da interface do Play 4 é bastante simplório, mas intuitivo e bastante útil. Ideal se você está mais preocupado em jogar do que ter uma central de interatividade.


Pois muito bem, preparado para iniciar novos posts sobre os jogos do Play, o que deve ser mais viável pois não pretendo adquirir a mesma quantidade de títulos do Xbox (jogos vinte vezes mais caros tem esse efeito), acho que seria apropriado me despedir com uma lista definitiva dos meus 20 jogos preferidos do console.

Segue então:

20 - Lost Planet 2

Lost Planet é uma aventura irregular e tem momentos confusos e com algumas falhas, mas quando acerta o faz de maneira épica. A diversidade de níveis e o prazer de atacar adversário realmente gigantescos são um atrativo irresistível. A estrutura do jogo é um pouco confusa, mas os momentos de ação são únicos.

19 - Batman - Arkham City
Arkham City expandiu a série Arkham e botou o pé firmemente no território do sandbox. A história e o cenário ficaram maiores e apesar de a aventura ser memorável não tem a mesma qualidade do primeiro jogo da série.

18 - Prince of Persia - The Forgotten Sands
Apesar de ser uma série consagrada esse foi o meu primeiro contato com Príncipe da Pérsia e posso honestamente dizer que fiquei plenamente satisfeito. O que se destaca são o bom design do momentos de plataforma, os poderes realmente inovadores e a jogabilidade ótima nas lutas com espada contra dezenas de oponentes simultâneos.

17 - Portal 2
Portal 2 consegue ser um jogo de puzzles sequenciais e ainda sim ter um roteiro inteligente e cativante. A variedade de diferentes desafios aliado ao humor irreverente do jogo são complementados por um modo co-op que é viciante.

16 - Call of Duty - Modern Warfare 2
Ação consistente, sequências cinematográficas inspiradas e um modo co-op bastante eficiente fazem esse tiro em primeira pessoa ficar na lembrança de muita gente como a versão definitiva de Call of Duty.

15 - Dragon Age - Origins
Com uma história que lentamente vai envolvendo o personagem, Dragon Age conquista o jogador aos poucos. Os gráficos fracos e o início lento me afastaram do jogo por algum tempo, mas quando eu finalmente decidi dar uma chance ao continente de Ferelden sua mitologia e opções de escolhas interessantes definitivamente me conquistaram.

14 - The Elder Scrolls - Skyrim
Eu nunca fiz uma resenha sobre Skyrim porque nunca cheguei a virar o jogo (mas também quem virou?). Mas gastei muitas horas desbravando o continente e dando vida ao meu Dragonborn. Tendo um dos melhores sistemas de progressão de nível, um cenário incrivelmente grande e a possibilidade de se enfrentar dragões(!) Skyrim é um épico tão grande que a maioria dos jogadores o deixaram de lado (depois de muito tempo) mais pelo interesse em novos lançamentos do que por o jogo ter parado de oferecer novas emoções.


13 - Far Cry 3
FarCry 3 recupera a minha fé na franquia que havia sido destruída pelo segundo capítulo da série. Paisagens lindas e um sistema de progressão sólido fazem desse jogo uma excelente aventura paradisíaca. Infelizmente a graça acaba logo após a história ser concluída (em um final que deixa a desejar) e o quesito de re-jogabilidade fica devendo o que acaba colocando o jogo em uma posição mais baixa da lista.

12 - Assassin's Creed 2
Fundamentalmente Assassin's Creed foi o melhor jogo da franquia no que se refere ao parkour, roteiro e ambientação. Isso sem falar nos incríveis puzzles que desafiavam o jogador enquanto iam revelando mais detalhes de uma mitologia muito rica. Apesar de haver outro jogo da franquia melhor colocado na lista esse é o jogo que tornou essa franquia uma aquisição obrigatória para todos.

11 - GTA V
Grand Theft Auto 5 é mais criativo que as iterações anteriores da franquia, ainda que a história não seja tão envolvente pois acaba diluída entre três protagonistas. Ainda sim é o carro chefe no que se refere a um cenário gigantesco, completamente detalhado e cheio de atividades extras mesmo depois que a missão principal acaba.


10 - GTA IV
GTA IV está acima de seu sucessor na lista porque para mim apresenta uma história melhor desenvolvida que lida melhor com a ironia do sonho americano. Niko Bellic ainda é meu protagonista favorito da série.

9 - Limbo
Limbo é um puzzle-game elegante, inteligente e desafiador. Ele é relativamente curto e acessível mesmo para quem nunca jogou um video-game e consegue fazer isso mesmo sem instrução alguma surgindo na tela para guiar o jogador. Algo raro nos dias de hoje.

8 - Assassin's Creed 4- Black Flag
Um pouco mais livre da mitologia de Assassin's Creed, que acabou se tornando em demasiado pesada e restritiva, Black Flag deu mais liberdade ao jogador e trouxe as magníficas batalhas navais como sua principal mecânica.

7- Tomb Raider
É um dos jogos mais recentes dessa lista e também um grata surpresa. Esse é um remake que deixa o original no chinelo e eleva Lara Croft ao nível de uma aventura completa e empolgante. Os gráficos são ótimos, a jogabilidade muito natural e a história, apesar de ter seus pontos fracos (todos os personagens secundários são rasos), consegue manter o interesse do jogador no destino de Croft.

6 - Just Cause 2
Just Cause 2 é o melhor jogo de ação que eu já joguei. A história e outros elementos da narrativa (como todos os personagens) são fracos meras caricaturas que não conseguem nem ao menos ser irônicos de forma muito competente, mas a ação deixa tudo em segundo plano. Em questão de segundos você pula de uma moto para um helicóptero em queda e dispara mísseis e abre seu paraquedas e aterrisa no teto de um carro em movimento. Tudo isso com um cenário paradisíaco ao fundo.

5 - Red Dead Redemption
Um blockbuster da Rockstar que foi entregue cheio de personalidade, com a ambientação correta e uma história bem contada.

4 - Máfia 2
Máfia 2 é um sandbox bastante linear e que restringe bastante as opções e liberdade do jogador, entretanto tem a história mais envolvente de todos os jogos desta lista e gráficos impressionantes. 


3 - The Saboteur
Uma pequena pérola que não fez sucesso (e na verdade levou seu estúdio a falência) The Saboteur foi meu sandbox favorito da sétima geração. A jogabilidade e os gráficos não era dos melhores, mas o jogo compensava suas fraquezas com muita personalidade, estilo e uma quantidade gigantesca de objetivos após a conclusão da história principal.

2 - Mass Effect 2
A mistura definitiva de ação e rpg na medida certa e em um cenário novo. A importação das decisões do primeiro capítulo foram apenas a cereja do bolo nesse jogo que tem uma história competente e ação contagiante.

1 - Batman - Arkham Asylum
Arkham Asylum conseguiu tudo o que um jogo precisa para ser memorável: boa história, boa jogabilidade, estilos diferentes e um personagem icônico. Esse foi o jogo mais completo durante a minha experiência com o Xbox 360. O único jogo que eu fiz questão de completar 100% e que virei duas vezes, mesmo assim eu não hesitaria em jogá-lo novamente.




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