Eu não consigo me lembrar de um outro jogo que tenha tido uma fama tão avassaladora. The Last of Us é bom, todo mundo sabe disso. Mas parece que há uma compulsão em se comentar o quão bom esse jogo é. Amigos me disseram que eu devia comprar o Playstation 4 por causa desse jogo. O Rafael Seibel e o Jovem Nerd ficam repetindo que esse é o jogo da vida deles, e uma infinidade de outros amigos me comentam que esse jogo é sensacional!
Baseado nesse “hype” todo é de se esperar duas coisas: a primeira é de que o jogo seja revolucionário, e a segunda é de que ocorra alguma dose de desapontamento, afinal a expectativa já foi lá em cima. No fim, nenhuma das duas coisas ocorrem (pelo menos não em doses que eu considero relevantes).
Na verdade The Last of Us é bem “básico” em sua mecânica. Terceira pessoa, apocalipse zumbi e customização de armas são características que poderiam descrever Dead Rising. Mas o trunfo do jogo da Naughty Dog são os personagens, a história e o ritmo.
Há um nível de qualidade cinematográfica que você não vai encontrar em nenhum outro jogo, seja da atualidade ou anterior. Uma das colas que junta todo o material de forma inspirada é justamente o antídoto para que ninguém se decepcione com a aventura mesmo depois de tanta propaganda: o jogo tem seus pés-no-chão.
Há um boa dose de realidade em The Last of Us e isso inclui a noção de que mesmo em uma aventura em um mundo pós-apocaliptico há muito espaço para tédio e marasmo. Isso não significa que o jogo seja chato ou apático em alguns partes, mas que tem a confiança necessária para entender que não há a necessidade de uma bomba ou helicóptero ou zumbis pulando na tela a cada dez segundos para que ele mantenha o interesse dos personagens na história.
Joel e Ellie são personagens clichês mas com uma dose certa de originalidade. Joel é quem faz o papel de protetor mas ao mesmo tempo é o mais emocionalmente frágil dos dois. Ellie é que está sendo escoltada por Joel, mas é ela que mais significativamente cuida dele na história.
Joel e Ellie são personagens clichês mas com uma dose certa de originalidade. Joel é quem faz o papel de protetor mas ao mesmo tempo é o mais emocionalmente frágil dos dois. Ellie é que está sendo escoltada por Joel, mas é ela que mais significativamente cuida dele na história.
The Last of Us é simplesmente bem feito desde a primeira cena até a última. Os gráficos realmente são os melhores que eu já joguei, já vi melhores mas nunca em um jogo que fosse meu. Mas isso não chega a ser o mais impactante do jogo, como eu disse o conjunto é que faz toda a diferença.
Eu vi vários gameplays do jogo no YouTube e não é incomum ver gamers experientes se emocionarem já na abertura do jogo (aconteceu comigo). Esse nível de envolvimento só é obtido quando tudo funciona em conjunto.
Outra parte desse conjunto vencedor é a excelente trilha sonora de Gustavo Santaolalla (que eu conhecia da trilha sonora de Brokeback Mountain). O violão do argentino dá o tom certo de melancolia e progressão de sentimentos sem ser afetado.
Eu ainda não joguei muitos jogos da nova geração mas The Last of Us é definitivamente o melhor deles, e isso sem considerarmos o excelente multiplayer que acompanha a campanha principal.
Muito mais tático do que outros jogos de tiro da atualidade é altamente recomendado para aqueles que preferem um experiência diferente do que simplesmente apertar o gatilho antes do adversário.
O jogo permite que você escolha entre duas facções e faz que você seja o responsável por um grupo de sobreviventes. Os seus resultados nas partidas indicam se você conseguiu suprimentos suficientes para mantê-los saudáveis ou se eles morrem de fome, afligidos por doenças ou ataques de inimigos. Há a opção de importar o nomes dos seus contatos do facebook para formarem os sobreviventes, o que eu altamente recomendo, nada é publicado na sua timeline, e torna a experiência bem mais pessoal.
De todos os jogos exclusivos que eu já vi e já joguei The Last of Us é o que eu considero ser o mais impactante na decisão de influenciar na escolha de um console. Eu não acho que por si só ele seja um motivo para comprar um PlayStation 4 quando comparado a opção de um Xbox One, mas se alguém for comparar os exclusivos ele me parece ser o mais relevante.
Ainda que o jogo em si não seja de fato revolucionário, seu impacto na mídia é. É bastante raro um jogo que não faz parte de uma franquia estabelecida ter tanta repercussão e atingir tantas mídias além do video-game. A trilha sonora foi bem vendida, um filme está certamente a caminho e a Naughty Dog fez uma apresentação ao vivo, atuada pelos dubladores, de cenas chaves do jogo em um evento chamado "The Last of Us - One Night Live", algo que seria completamente inviável e sem sentido na maioria dos outros jogos que conhecemos.
A versão "Remastered" para PS4 já vem com a adição da DLC "Left Behind" que adiciona mais três ou quatro horas bastante inspiradas ao gameplay original e aprofunda a história de Ellie enquanto ajuda Joel e mostra o que aconteceu com ela logo antes do início do jogo original. O impacto emocional dessas revelações são um atestado de que a qualidade de TLoU não é um acerto único da equipe responsável pelo jogo, mas que a sua capacidade para realizar um história com uma qualidade narrativa surpreendente veem se aprimorando.
The Last of Us é o tipo de jogo que eu poderia sentar e discutir a motivação dos personagens por horas a fio com amigos, algo que eu acredito ser inédito quando se trata de jogos de video-game.
Sem dúvida um um dos melhores jogos que eu já joguei, eu poderia me divertir tranquilamente apenas assistindo alguém jogar e ir acompanhando a história e os personagens. Difícil imaginar que alguém consiga jogar esse jogo e não se surpreender envolvido na narrativa.
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