Essa realmente uma mecânica que torna todo gameplay único e cada derrota relevante.
O game se sai bem na tarefa de explicar os poderes mais extravagantes que o personagem vai obtendo ao colocar um espírito elfo compartilhando o corpo do personagem. É um pouco mais fantástico do que o universo da Terra Média cinematográfico, mas ainda sim se mantém próximo da estética que estamos acostumados graças a Peter Jackson.
A progressão de poderes é excelente. Em nenhum momento eu me vi adquirindo um poder que não se encaixasse no meu estilo de jogo e todos tem um impacto considerável na forma como o jogador enfrenta seus próximos desafios.
Os dois pontos que eu colocaria como negativos são o cenário em si, e o personagem principal.
Talion, é um ranger do Portão Negro que tem sua família assassinada no início do jogo e ele próprio também é morto, com a ajuda de Celebrimbor, um espírito elfo responsável pela criação do Um Anel ele retorna para a terra de Mordor para executar sua vingança. O pai e viúvo vingativo já é um clichê bastante corriqueiro para qualquer história, porém Talion pode com muita justiça ser chamado de "Aragorn genérico". Ele é raso, não apresenta um desenvolvimento no decorrer da história e apesar de contar com o talento de Troy Baker (o mesmo dublador de The Last of Us) em nenhum momento eu consegui sentir empatia pelo personagem, algo que deveria ser crucial se tratando de uma trama essencialmente de vingança. Celebrimbor é ainda pior e não passa de uma desculpa para a progressão de poderes do jogo, sua personalidade vai de nula para entendiante.
Quanto ao cenário, Mordor é uma armadilha para os desenvolvedores do jogo. Planícies sem vida, onde centenas de orcs vagam cumprindo os desejos do Senhor das Sombras. A descrição não é muito interessante e o design do mundo deixa isso claro depois de algumas horas de jogo. Há uma segunda paisagem no Mar de Nurnen, que apresenta um cenário um pouco mais vivo, mas Mordor é o palco principal. E esse palco principal é um pouco morto, por assim dizer.
A inteligência artificial do jogo não compromete e a música é competente, mas nada que realmente seja digno de nota ou inesperado em um lançamento AAA, como esse.
Há especulações de que o jogo era originalmente um projeto para um jogo do Batman ambientado no universo dos filmes de Nolan, porém quando o projeto foi abandonado os desenvolvedores tentaram salvar o que fosse possível e criaram um jogo ambientado na Terra Média. Um pequeno easter-egg, mencionando um homem morcego no jogo, parece confirmar a teoria.
Um detalhe que realmente me desiludiu é a qualidade da versão dublada em português. As vezes eu tenho a impressão que há uma tentativa de localização excessiva e que fica tirando o jogador de uma necessária imersão na história e ambientação. Alguém imaginou que, algo que eu só posso descrever como "modo de falar da periferia elevado a última potência" seria uma versão adequada para as falas dos orcs. Felizmente é possível jogar com o áudio original.
Sombras de Mordor é um jogo divertido que tem uma parte técnica competente, um sistema inovador, porém não apresenta uma história que tenha me cativado ou um protagonista que conquista a empatia do jogador, algo necessário em um mundo com tantos personagens inesquecíveis.
Com o sucesso do jogo eu posso sonhar em sequências que explorem outras regiões do universo de Tolkien, quem não gostaria de jogar "Middle Earth - Gondor" ou "Middle Earth - Mines of Moria". Sonhar é possível.
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