O Leão no Inverno começa com um ritmo um pouco arrastado e talvez até desinteressante, porém aos poucos as interpretações e diálogos bem escritos tornam esse filme inacreditavelmente bom.
Finalmente eu entendi porque Peter O'Toole era tão reverenciado como ator. A interpretação dele como Rei Henry da Inglaterra é uma das melhores que eu já vi e o fato de estar acompanhado por uma interpretação igualmente magistral de Katharine Hepburn. Enquanto O'Toole demonstra uma sagacidade e inteligência absurdas em seu personagem, Hepburn, que interpreta a Rainha Eleanor, demonstra uma frieza de quem apenas brinca com sentimentos incluindo os seus próprios.
O Leão no Inverno é fruto de uma era em que os diálogos eram rápidos e mordazes, um pouco irreal se considerarmos que a maioria das pessoas não conseguiria ter praticamente todas as suas frases girando em torno de respostas rápidas e provocativas, mas é exatamente assim que acontece no filme e isso serve apenas para tornar todos os personagens mais interessantes.
O filme marcou a estréia de Anthony Hopkins no papel de Ricardo Coração de Leão. Eu achei bastante interessante que um dos sub-plots é justamente a revelação de que o personagem de Hopkins é gay. Somado a isso o fato de o rei mencionar en passant que entre suas ex-amantes estão jovens rapazes, eu fiquei praticamente chocado com a coragem do filme. Na verdade ambas as épocas, a do filme (1968) e a da história (1183), me parecem mais progressivas do que a nossa nesse sentido. Uma triste constatação eu penso.
A trilha sonora é bastante escassa, mas sempre que é ouvida causa um impacto forte na atmosfera do filme.
O roteiro segue a história do Rei Henry II que após inúmeras revoltas mantém a sua esposa, Rainha Eleanor trancada em um castelo distante. Durante o Natal ela e Henry se encontram no castelo de Chinon para passar o feriado de Natal e receber o Rei da França, interpretado por Timothy Dalton (também em sua estréia no cinema). Juntam-se a eles seus três filhos com pretensões ao trono: John, o favorito de seu pai, porém obviamente incapaz e infantil, Geofrey, o irmão do meio, o mais engenhoso e inteligente dos três, e Richard, o mais bélico e capaz dos irmãos, favorecido por sua mãe na disputa do trono.
O roteiro em si não tem o mesmo nível das interpretações ou dos diálogos, há momentos interessantes porém o desfecho não resolve todas as questões levantadas e é um pouco irregular.
O que eu absolutamente não me canso de falar sobre o filme é a qualidade dos diálogos. Cada conversa, e mesmo praticamente cada fala dos personagens, tem uma segunda ou mesmo uma terceira camada de significado. Há uma complexidade que carrega o filme à um patamar superior ao que normalmente esse tipo de material teria se não tivesse falas tão inspiradas.
Baseado em uma peça de teatro o filme as vezes não consegue disfarçar bem suas origens, com várias cena e personagens se acumulando em demasia no mesmo ambiente, mas isso não chega a ser um problema na maioria das vezes.
Eu definitivamente não esperava gostar tanto desse filme e fiquei surpreendido com a qualidade do material. Já havia ouvido o mesmo ser mencionado como um clássico, mas realmente não sabia nada sobre a história em si. O que me levou a procurar o filme foi o jogo de rpg, eu queria descobrir algumas histórias clássicas sobre a realeza e gostei tanto do que descobri que já estou me preparando para assistir "Becket" de 1964 também com O'Toole no papel de Henry II.
Finalmente eu entendi porque Peter O'Toole era tão reverenciado como ator. A interpretação dele como Rei Henry da Inglaterra é uma das melhores que eu já vi e o fato de estar acompanhado por uma interpretação igualmente magistral de Katharine Hepburn. Enquanto O'Toole demonstra uma sagacidade e inteligência absurdas em seu personagem, Hepburn, que interpreta a Rainha Eleanor, demonstra uma frieza de quem apenas brinca com sentimentos incluindo os seus próprios.
O filme marcou a estréia de Anthony Hopkins no papel de Ricardo Coração de Leão. Eu achei bastante interessante que um dos sub-plots é justamente a revelação de que o personagem de Hopkins é gay. Somado a isso o fato de o rei mencionar en passant que entre suas ex-amantes estão jovens rapazes, eu fiquei praticamente chocado com a coragem do filme. Na verdade ambas as épocas, a do filme (1968) e a da história (1183), me parecem mais progressivas do que a nossa nesse sentido. Uma triste constatação eu penso.
A trilha sonora é bastante escassa, mas sempre que é ouvida causa um impacto forte na atmosfera do filme.
O roteiro em si não tem o mesmo nível das interpretações ou dos diálogos, há momentos interessantes porém o desfecho não resolve todas as questões levantadas e é um pouco irregular.
O que eu absolutamente não me canso de falar sobre o filme é a qualidade dos diálogos. Cada conversa, e mesmo praticamente cada fala dos personagens, tem uma segunda ou mesmo uma terceira camada de significado. Há uma complexidade que carrega o filme à um patamar superior ao que normalmente esse tipo de material teria se não tivesse falas tão inspiradas.
Baseado em uma peça de teatro o filme as vezes não consegue disfarçar bem suas origens, com várias cena e personagens se acumulando em demasia no mesmo ambiente, mas isso não chega a ser um problema na maioria das vezes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário