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quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Flower - PS4

Flower é um jogo diferente, praticamente conceitual. O próprio aprendizado de como manusear corretamente o controle faz parte da experiência. Eu levei uns 15 minutos para entender como sequer interagir adequadamente com o jogo. Esse é um dos charmes desse jogo originalmente do PlayStation 3 que encontra nova vida em um relançamento no PS4. 
Entre as diversas qualidades de Flower estão os gráficos belíssimos, a trilha sonora e o ambiente extremamente relaxantes e efeitos sonoros que agregam a experiência, mas o grande trunfo do jogo é a sua criatividade no que se refere ao gameplay. 


Você nunca jogou nada exatamente como Flower e esse tipo de originalidade é muito bem vinda em um mundo tomado por Call of Duty e Battlefield. Mas o preço acessível também é um atrativo, o jogo é bastante curto, mas tem um potencial de re-jogabilidade bastante grande. Eu acabei adquirindo o título por apenas R$ 17,00 na PSN brasileira. 


Flower surpreende no início, mas seus truques são relativamente curtos, talvez se você for jogar todo ele em um sessão só você se sinta um pouco entediado lá pela terceira fase, porém essa não é a proposta do jogo. Flower é um excelente jogo quando a pessoa não quer pensar em nada e simplesmente relaxar com o joystick na mão. Uma ótima opção para introduzir pessoas desacostumadas ao mundo do video-game aos novos lançamentos de jogos. 
Flower é melhor saboreado em doses homeopáticas, um conceito que é reforçado por um de seus troféus que premia jogadores por tirarem uma pausa de mais de 10 minutos do gameplay. 
Jogos assim, que sabem sua função e seu público, são raros e Flower deve ser apreciado por isso. 

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

The Last of Us - Remastered PS4



Eu não consigo me lembrar de um outro jogo que tenha tido uma fama tão avassaladora. The Last of Us é bom, todo mundo sabe disso. Mas parece que há uma compulsão em se comentar o quão bom esse jogo é. Amigos me disseram que eu devia comprar o Playstation 4 por causa desse jogo. O Rafael Seibel e o Jovem Nerd ficam repetindo que esse é o jogo da vida deles, e uma infinidade de outros amigos me comentam que esse jogo é sensacional! 
Baseado nesse “hype” todo é de se esperar duas coisas: a primeira é de que o jogo seja revolucionário, e a segunda é de que ocorra alguma dose de desapontamento, afinal a expectativa já foi lá em cima. No fim, nenhuma das duas coisas ocorrem (pelo menos não em doses que eu considero relevantes). 


Na verdade The Last of Us é bem “básico” em sua mecânica. Terceira pessoa, apocalipse zumbi e customização de armas são características que poderiam descrever Dead Rising. Mas o trunfo do jogo da Naughty Dog são os personagens, a história e o ritmo. 
Há um nível de qualidade cinematográfica que você não vai encontrar em nenhum outro jogo, seja da atualidade ou anterior. Uma das colas que junta todo o material de forma inspirada é justamente o antídoto para que ninguém se decepcione com a aventura mesmo depois de tanta propaganda: o jogo tem seus pés-no-chão. 


Há um boa dose de realidade em The Last of Us e isso inclui a noção de que mesmo em uma aventura em um mundo pós-apocaliptico há muito espaço para tédio e marasmo. Isso não significa que o jogo seja chato ou apático em alguns partes, mas que tem a confiança necessária para entender que não há a necessidade de uma bomba ou helicóptero ou zumbis pulando na tela a cada dez segundos para que ele mantenha o interesse dos personagens na história. 
Joel e Ellie são personagens clichês mas com uma dose certa de originalidade. Joel é quem faz o papel de protetor mas ao mesmo tempo é o mais emocionalmente frágil dos dois. Ellie é que está sendo escoltada por Joel, mas é ela que mais significativamente cuida dele na história. 


The Last of Us é simplesmente bem feito desde a primeira cena até a última. Os gráficos realmente são os melhores que eu já joguei, já vi melhores mas nunca em um jogo que fosse meu. Mas isso não chega a ser o mais impactante do jogo, como eu disse o conjunto é que faz toda a diferença. 

Eu vi vários gameplays do jogo no YouTube e não é incomum ver gamers experientes se emocionarem já na abertura do jogo (aconteceu comigo). Esse nível de envolvimento só é obtido quando tudo funciona em conjunto. 



O design das fases é muito interessante, o jogo é bem linear e na maioria das fases você começa no ponto "a" e deve chegar ao ponto "b", mas a criação dos ambiantes é tão inteligente que na maioria das vezes você sente que pode explorar o cenário quase a vontade. 


Outra parte desse conjunto vencedor é a excelente trilha sonora de Gustavo Santaolalla (que eu conhecia da trilha sonora de Brokeback Mountain). O violão do argentino dá o tom certo de melancolia e progressão de sentimentos sem ser afetado.



Eu ainda não joguei muitos jogos da nova geração mas The Last of Us é definitivamente o melhor deles, e isso sem considerarmos o excelente multiplayer que acompanha a campanha principal.
Muito mais tático do que outros jogos de tiro da atualidade é altamente recomendado para aqueles que preferem um experiência diferente do que simplesmente apertar o gatilho antes do adversário.
O jogo permite que você escolha entre duas facções e faz que você seja o responsável por um grupo de sobreviventes. Os seus resultados nas partidas indicam se você conseguiu suprimentos suficientes para mantê-los saudáveis ou se eles morrem de fome, afligidos por doenças ou ataques de inimigos. Há a opção de importar o nomes dos seus contatos do facebook para formarem os sobreviventes, o que eu altamente recomendo, nada é publicado na sua timeline, e torna a experiência bem mais pessoal.

De todos os jogos exclusivos que eu já vi e já joguei The Last of Us é o que eu considero ser o mais impactante na decisão de influenciar na escolha de um console. Eu não acho que por si só ele seja um motivo para comprar um PlayStation 4 quando comparado a opção de um Xbox One, mas se alguém for comparar os exclusivos ele me parece ser o mais relevante. 



O grande defeito do jogo para mim foi transformar todos os meus outros jogos em produtos bem menos qualificados na comparação direta. Eu desisti de jogar Destiny, que tem seus próprios defeitos mas a falta de história ficou ainda mais grave depois de jogar um game com uma trama tão impactante, e tive grande dificuldade de passar por cima dos clichês e falta de refinamento de Sombras de Mordor. 

Ainda que o jogo em si não seja de fato revolucionário, seu impacto na mídia é. É bastante raro um jogo que não faz parte de uma franquia estabelecida ter tanta repercussão e atingir tantas mídias além do video-game. A trilha sonora foi bem vendida, um filme está certamente a caminho e a Naughty Dog fez uma apresentação ao vivo, atuada pelos dubladores, de cenas chaves do jogo em um evento chamado "The Last of Us - One Night Live", algo que seria completamente inviável e sem sentido na maioria dos outros jogos que conhecemos.



A versão "Remastered" para PS4 já vem com a adição da DLC "Left Behind" que adiciona mais três ou quatro horas bastante inspiradas ao gameplay original e aprofunda a história de Ellie enquanto ajuda Joel e mostra o que aconteceu com ela logo antes do início do jogo original. O impacto emocional dessas revelações são um atestado de que a qualidade de TLoU não é um acerto único da equipe responsável pelo jogo, mas que a sua capacidade para realizar um história com uma qualidade narrativa surpreendente veem se aprimorando.


The Last of Us é o tipo de jogo que eu poderia sentar e discutir a motivação dos personagens por horas a fio com amigos, algo que eu acredito ser inédito quando se trata de jogos de video-game. 

Sem dúvida um um dos melhores jogos que eu já joguei, eu poderia me divertir tranquilamente apenas assistindo alguém jogar e ir acompanhando a história e os personagens. Difícil imaginar que alguém consiga jogar esse jogo e não se surpreender envolvido na narrativa.

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Playstation 4 - Oitava Geração de Consoles e Top 20 Jogos do Xbox 360

Então chegou a hora de aposentar o velho Xbox 360. Nós tivemos uma boa história e vários momentos memoráveis. Uma breve experiência on-line mas um histórico maior no lado errado da lei. Pagar mais de R$ 100,00 em um único jogo nunca foi algo que eu aceitasse com naturalidade, sem falar da rejeição da minha carteira para com esse tipo de necessidade, então foi uma saída natural utilizar um console desbloqueado e durante o tempo de vida da sétima geração de consoles o Xbox 360 havia sido desbloqueado bem antes do PlayStation 3.
Esse foi o fato mais impactante no que se refere a minha escolha na época. Infelizmente, o preço para isso é que eu fiquei fora do mundo do multiplayer on-line, o que trás um impacto bastante pesado em alguns jogos que não puderam ser aproveitados de forma integral, mas novamente, foi um alívio bem recebido pelo meu saldo no banco. Mas essa escolha seria uma que eu decidi não repetir na próxima geração de video-games.
A oitava geração teve seu início com o WiiU em  Novembro de 2012. Mas os pesos pesados PlayStation 4 e Xbox One só foram lançados um ano depois. Completando o seu primeiro aniversário os dois carros chefes da Sony e da Microsoft deixaram claro que suas diferenças não são tão impactantes e apesar de uma leve vantagem de hardware do PlayStation (e do preço de lançamento absurdo no Brasil) a escolha hoje se dá primariamente por preferências pessoais.
Eu fiquei legitimamente dividido entre as duas opções. Partindo do princípio que ambos estavam disponíveis pelo mesmo preço (desde que o Xbox venha sem Kinect) as diferenças não são de nenhuma forma definitivas.

A minha preferência pela interface e o controle do Xbox One foram de encontro aos jogos exclusivos da Sony e uma abordagem mais "gamer". No fim praticamente não decidi e acabei comprando o que estava disponível no momento e felizmente era o PlayStation 4.
Até agora minhas principais impressões são de que o controle do Play é um pouco menos ergonômico do que o seu concorrente, isso fica evidente na disposição dos controles analógicos. Eu sempre sinto que a disposição do Xbox (com o analógico esquerdo localizado um pouco acima do nível do direito) mais natural e que o Dualshock acaba forçando levemente a mão para alcançar o controle com firmeza. Outro ponto é que os botões "share" e "options" ficaram com uma disposição pouco intuitiva e eu dificilmente os localizo na primeira tentativa. Entretanto essas diferenças se tornam rapidamente imperceptíveis depois de algumas horas de jogo.

Houve uma melhoria sensível no que diz respeito aos botões R2 e L2 e ao contrário do que eu imaginava eles realmente estão com o formato de gatilhos e se aproximam muito do design do Xbox.
Outros pontos positivos são o alto-falante no controle e a opção de plugar o fone de ouvido direto no dualshock, um touchpad no controle que apesar de ainda não ser muito útil apresenta bastante potencial. No fim o design geral do console me agrada mais do que o do Xbox, com um formato mais delineado e botões discretos.

Para completar o layout da interface do Play 4 é bastante simplório, mas intuitivo e bastante útil. Ideal se você está mais preocupado em jogar do que ter uma central de interatividade.


Pois muito bem, preparado para iniciar novos posts sobre os jogos do Play, o que deve ser mais viável pois não pretendo adquirir a mesma quantidade de títulos do Xbox (jogos vinte vezes mais caros tem esse efeito), acho que seria apropriado me despedir com uma lista definitiva dos meus 20 jogos preferidos do console.

Segue então:

20 - Lost Planet 2

Lost Planet é uma aventura irregular e tem momentos confusos e com algumas falhas, mas quando acerta o faz de maneira épica. A diversidade de níveis e o prazer de atacar adversário realmente gigantescos são um atrativo irresistível. A estrutura do jogo é um pouco confusa, mas os momentos de ação são únicos.

19 - Batman - Arkham City
Arkham City expandiu a série Arkham e botou o pé firmemente no território do sandbox. A história e o cenário ficaram maiores e apesar de a aventura ser memorável não tem a mesma qualidade do primeiro jogo da série.

18 - Prince of Persia - The Forgotten Sands
Apesar de ser uma série consagrada esse foi o meu primeiro contato com Príncipe da Pérsia e posso honestamente dizer que fiquei plenamente satisfeito. O que se destaca são o bom design do momentos de plataforma, os poderes realmente inovadores e a jogabilidade ótima nas lutas com espada contra dezenas de oponentes simultâneos.

17 - Portal 2
Portal 2 consegue ser um jogo de puzzles sequenciais e ainda sim ter um roteiro inteligente e cativante. A variedade de diferentes desafios aliado ao humor irreverente do jogo são complementados por um modo co-op que é viciante.

16 - Call of Duty - Modern Warfare 2
Ação consistente, sequências cinematográficas inspiradas e um modo co-op bastante eficiente fazem esse tiro em primeira pessoa ficar na lembrança de muita gente como a versão definitiva de Call of Duty.

15 - Dragon Age - Origins
Com uma história que lentamente vai envolvendo o personagem, Dragon Age conquista o jogador aos poucos. Os gráficos fracos e o início lento me afastaram do jogo por algum tempo, mas quando eu finalmente decidi dar uma chance ao continente de Ferelden sua mitologia e opções de escolhas interessantes definitivamente me conquistaram.

14 - The Elder Scrolls - Skyrim
Eu nunca fiz uma resenha sobre Skyrim porque nunca cheguei a virar o jogo (mas também quem virou?). Mas gastei muitas horas desbravando o continente e dando vida ao meu Dragonborn. Tendo um dos melhores sistemas de progressão de nível, um cenário incrivelmente grande e a possibilidade de se enfrentar dragões(!) Skyrim é um épico tão grande que a maioria dos jogadores o deixaram de lado (depois de muito tempo) mais pelo interesse em novos lançamentos do que por o jogo ter parado de oferecer novas emoções.


13 - Far Cry 3
FarCry 3 recupera a minha fé na franquia que havia sido destruída pelo segundo capítulo da série. Paisagens lindas e um sistema de progressão sólido fazem desse jogo uma excelente aventura paradisíaca. Infelizmente a graça acaba logo após a história ser concluída (em um final que deixa a desejar) e o quesito de re-jogabilidade fica devendo o que acaba colocando o jogo em uma posição mais baixa da lista.

12 - Assassin's Creed 2
Fundamentalmente Assassin's Creed foi o melhor jogo da franquia no que se refere ao parkour, roteiro e ambientação. Isso sem falar nos incríveis puzzles que desafiavam o jogador enquanto iam revelando mais detalhes de uma mitologia muito rica. Apesar de haver outro jogo da franquia melhor colocado na lista esse é o jogo que tornou essa franquia uma aquisição obrigatória para todos.

11 - GTA V
Grand Theft Auto 5 é mais criativo que as iterações anteriores da franquia, ainda que a história não seja tão envolvente pois acaba diluída entre três protagonistas. Ainda sim é o carro chefe no que se refere a um cenário gigantesco, completamente detalhado e cheio de atividades extras mesmo depois que a missão principal acaba.


10 - GTA IV
GTA IV está acima de seu sucessor na lista porque para mim apresenta uma história melhor desenvolvida que lida melhor com a ironia do sonho americano. Niko Bellic ainda é meu protagonista favorito da série.

9 - Limbo
Limbo é um puzzle-game elegante, inteligente e desafiador. Ele é relativamente curto e acessível mesmo para quem nunca jogou um video-game e consegue fazer isso mesmo sem instrução alguma surgindo na tela para guiar o jogador. Algo raro nos dias de hoje.

8 - Assassin's Creed 4- Black Flag
Um pouco mais livre da mitologia de Assassin's Creed, que acabou se tornando em demasiado pesada e restritiva, Black Flag deu mais liberdade ao jogador e trouxe as magníficas batalhas navais como sua principal mecânica.

7- Tomb Raider
É um dos jogos mais recentes dessa lista e também um grata surpresa. Esse é um remake que deixa o original no chinelo e eleva Lara Croft ao nível de uma aventura completa e empolgante. Os gráficos são ótimos, a jogabilidade muito natural e a história, apesar de ter seus pontos fracos (todos os personagens secundários são rasos), consegue manter o interesse do jogador no destino de Croft.

6 - Just Cause 2
Just Cause 2 é o melhor jogo de ação que eu já joguei. A história e outros elementos da narrativa (como todos os personagens) são fracos meras caricaturas que não conseguem nem ao menos ser irônicos de forma muito competente, mas a ação deixa tudo em segundo plano. Em questão de segundos você pula de uma moto para um helicóptero em queda e dispara mísseis e abre seu paraquedas e aterrisa no teto de um carro em movimento. Tudo isso com um cenário paradisíaco ao fundo.

5 - Red Dead Redemption
Um blockbuster da Rockstar que foi entregue cheio de personalidade, com a ambientação correta e uma história bem contada.

4 - Máfia 2
Máfia 2 é um sandbox bastante linear e que restringe bastante as opções e liberdade do jogador, entretanto tem a história mais envolvente de todos os jogos desta lista e gráficos impressionantes. 


3 - The Saboteur
Uma pequena pérola que não fez sucesso (e na verdade levou seu estúdio a falência) The Saboteur foi meu sandbox favorito da sétima geração. A jogabilidade e os gráficos não era dos melhores, mas o jogo compensava suas fraquezas com muita personalidade, estilo e uma quantidade gigantesca de objetivos após a conclusão da história principal.

2 - Mass Effect 2
A mistura definitiva de ação e rpg na medida certa e em um cenário novo. A importação das decisões do primeiro capítulo foram apenas a cereja do bolo nesse jogo que tem uma história competente e ação contagiante.

1 - Batman - Arkham Asylum
Arkham Asylum conseguiu tudo o que um jogo precisa para ser memorável: boa história, boa jogabilidade, estilos diferentes e um personagem icônico. Esse foi o jogo mais completo durante a minha experiência com o Xbox 360. O único jogo que eu fiz questão de completar 100% e que virei duas vezes, mesmo assim eu não hesitaria em jogá-lo novamente.




domingo, 27 de abril de 2014

Livros que Mudam a Vida: Cash: A Autobiografia


Quando eu já estava na metade da leitura de Cash - A Autobiografia percebi que essa era apenas a segunda biografia que leio e a primeira autobiografia. Minhas expectativas quanto a esse tipo de livro estavam corretas, quando você conta a própria história as partes mais feias são varridas para baixo do tapete e a sensação de que a história ficou incompleta é inevitável. O fato de essa não ser a primeira autobiografia de Cash agrava ainda mais esse cenário e a impressão é que esse livro se propõe apenas a preencher algumas lacunas deixadas pelo seu antecessor.
Os grandes focos do livro são o cenário da música country entre as décadas de 50 e 60 e a relação de Cash com outras figuras famosas do mesmo período. 
Cash menciona sua relação com as drogas e sua personalidade destrutiva de forma extensa porém superficial. Ele se abstém dos detalhes em relação a destruição que causou e as pessoas que magoou. A própria relação com June Carter não é mencionada tanto quanto se imaginaria. O início da relação, quando ambos ainda eram casados com outras pessoas, não é bem explicado e fica a impressão de que foi suprimido para não causar uma má impressão ou porque o assunto já foi abordado no livro anterior. 
Cash se mostra um pai e avô coruja e relata detalhadamente os integrantes de seu clã e sua relação com todos eles. Ele sempre tem algum elogio para seus filhos, genros e netos, a maioria deles com laços na industria musical. 
Sua relação com as gravadoras e seu ostracismo nos anos 80 são mencionados e tem algumas histórias interessantes sobre o período. Ele conta rapidamente sobre o inicio de sua relação com Rick Rubin e o lançamento de American Records (minha fase favorita de Cash). 
O aspecto mais interessante do livro para mim é o retrato de Cash como um artista inovador, responsável por diversos álbuns conceituais que inúmeras vezes forçou sua opinião e estilo sobre o das gravadoras e estúdios e que isso somado ao seu envolvimento com as drogas pode ter lhe custado um estrelato ainda maior do que ele eventualmente acabou atingindo. 
No geral "Cash" acaba parecendo mais um amontoado de "causos" contados por Cash do que uma sequência cronológica fiel da vida do famoso músico. 
Enquanto biografias escritas por terceiros podem ser mais fiéis (e intrusivas) no que diz respeito as partes mais comprometedoras da vida de uma personalidade, uma autobiografia nos fornece o "insight" da mente genial por trás da obra e no caso de "Cash" alguns desses momentos são bem interessantes se você se interessa pelos pensamentos de um cantor e compositor que tem uma carreira que se estendeu por mais de 50 anos. 

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Evolução do Penteado de Wolverine

A falta de continuidade do penteado de Wolverine me incomoda mais do que deveria. Aqui vai a ordem cronológica dos penteados da versão cinematográfica personagem mais bad-ass da Marvel.

Obs: Eu decidi colocar as imagens na ordem de lançamento dos filmes, entretanto a ordem cronológica correta dentro do universo cinematográfico da Marvel seria:
X-Men Origens: Wolverine
X-Men: Primeira Classe
X-Men: O Filme
X-Men 2
X-Men 3
Wolverine Imortal
X-Men- Dias de Um Futuro Esquecido

X-Men: O Filme

 X-Men 2

X-Men 3 - O Confronto Final


X-Men Origens: Wolverine

X-men: Primeira Classe

 Wolverine Imortal


X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido



segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Max Payne 3

Aqui está um jogo que foi lançado em 2012 e que eu tratei de comprar assim que foi lançado e em poucos dias eu havia completado toda a história e por algum motivo nunca publiquei uma resenha no blog. Ainda no intuito de fazer um post sobre todos os jogos do Xbox 360 que eu virar, o que de alguma forma doentia me fará sentir liberado comprar um PlayStation 4 ou um Xbox One, eu lhes apresento com dois anos de atraso: Max Payne 3.
Antes desse título eu havia jogado apenas o Max Payne original para pc e me pareceu um jogo com uma ambientação noir bastante interessante e uma jogabilidade simples, porém eficiente.
Quando Max Payne 3 foi anunciado, vários anos antes de seu lançamento, eu lembro que logo de cara São Paulo havia sido apresentada como cenário do jogo. Achei a possibilidade interessante, já que normalmente o Rio de Janeiro é a única cidade lembrada.
A ambientação no Brasil é realmente muito bem feita, apesar de algum erro ou outro típicos de americanos observando uma cultura estrangeira, no geral está presente aquele tipo de detalhismo que só se consegue realmente viajando para o país e investindo em uma pesquisa mais séria do que simplesmente uma foto dos cartões-postais da cidade.
A trama é meio confusa, mas como Max mesmo diz  no meio do jogo se ele não consegue  entender a trama na qual se meteu é porque ele de fato não deveria entendê-la e o mesmo princípio se aplica ao jogador.
Na história Max é responsável pela segurança de uma rica família paulistana que se vê repentinamente envolvida em uma trama de sequestro e violência.
Ok, até aqui tudo bem, uma história meio clichê e provavelmente sem grandes surpresas. Isso até pode ser verdade mas o que realmente torna tudo interessante é  o protagonista. Max é a decadência em pessoa. A narração noir dá o tom certo para a trama de um policial que já perdeu tudo e que continua perdendo cada vez mais.
O gameplay em si segue um roteiro muito simples: siga um determinado caminho e mate todos em seu caminho. Não há escolhas a serem feitas e todas as fases são bastante lineares e sempre vão ser encaradas da mesma maneira, não há a possibilidade de decidir ser mais furtivo em um momento ou tentar aproximações diferentes para uma determinada situação. Porém a complexidade e o peso da personalidade de Payne tornam tudo mais interessante. Há uma certa perda na sensação de controle do jogo devido ao excesso de animações. Normalmente é mais provável que apareça uma animação de Max abrindo uma porta do que você precisar apertar algum botão específico, porém essas animações sempre acrescentam à personalidade de Max, com o personagem frequentemente narrando como se sente.
O jogo tem um foco absurdo no que se propõe: tiro em terceira pessoa. Você MUITO raramente vai apertar qualquer botão que não seja para disparar uma arma. Esse foco é positivo pois o pouco que o jogo faz, ele faz muito bem. Mirar, atirar, recarregar e se proteger são ações que estão entre as melhores que eu já vi nesse gênero de jogo. Infelizmente, as vezes a falta de mobilidade do jogo e do personagem, fazem com que você sinta que o jogo é só um mini-game gigante de encaixar a mira no local certo antes que as suas balas acabem, mas normalmente esses momentos são interrompidos com sequências de ação mais cinematográficas.
Duas mecânicas as quais o jogo se mantém fiel são as curas através de analgésicos e o bullet-time. O primeiro realmente me surpreendeu por permanecer, hoje em dia quase que 100% dos jogos de tiro preferem a mecânica da regeneração à de "med-packs", mas Max Payne se mantém fiel as suas origens e com certeza acaba se tornando mais desafiador por causa disso. Já o bullet-time, ao contrário do que se esperaria, ainda não parece ultrapassado ou utilizado em excesso e é uma característica essencial ao jogo que dá um toque de personalidade ao gameplay sem em nenhum momento desequilibrar a experiência.


terça-feira, 14 de janeiro de 2014

O Leão no Inverno (The Lion In The Winter - 1968)

O Leão no Inverno começa com um ritmo um pouco arrastado e talvez até desinteressante, porém aos poucos as interpretações e diálogos bem escritos tornam esse filme inacreditavelmente bom.
Finalmente eu entendi porque Peter O'Toole era tão reverenciado como ator. A interpretação dele como Rei Henry da Inglaterra é uma das melhores que eu já vi e o fato de estar acompanhado por uma interpretação igualmente magistral de Katharine Hepburn. Enquanto O'Toole demonstra uma sagacidade e inteligência absurdas em seu personagem, Hepburn, que interpreta a Rainha Eleanor, demonstra uma frieza de quem apenas brinca com sentimentos incluindo os seus próprios.


O Leão no Inverno é fruto de uma era em que os diálogos eram rápidos e mordazes, um pouco irreal se considerarmos que a maioria das pessoas não conseguiria ter praticamente todas as suas frases girando em torno de respostas rápidas e provocativas, mas é exatamente assim que acontece no filme e isso serve apenas para tornar todos os personagens mais interessantes.
O filme marcou a estréia de Anthony Hopkins no papel de Ricardo Coração de Leão. Eu achei bastante interessante que um dos sub-plots é justamente a revelação de que o personagem de Hopkins é gay. Somado a isso o fato de o rei mencionar en passant que entre suas ex-amantes estão jovens rapazes, eu fiquei praticamente chocado com a coragem do filme. Na verdade ambas as épocas, a do filme (1968) e a da história (1183), me parecem mais progressivas do que a nossa nesse sentido. Uma triste constatação eu penso.
A trilha sonora é bastante escassa, mas sempre que é ouvida causa um impacto forte na atmosfera do filme.

O roteiro segue a história do Rei Henry II que após inúmeras revoltas mantém a sua esposa, Rainha Eleanor trancada em um castelo distante. Durante o Natal ela e Henry se encontram no castelo de Chinon para passar o feriado de Natal e receber o Rei da França, interpretado por Timothy Dalton (também em sua estréia no cinema). Juntam-se a eles seus três filhos com pretensões ao trono: John, o favorito de seu pai, porém obviamente incapaz e infantil, Geofrey, o irmão do meio, o mais engenhoso e inteligente dos três, e Richard, o mais bélico e capaz dos irmãos, favorecido por sua mãe na disputa do trono.
O roteiro em si não tem o mesmo nível das interpretações ou dos diálogos, há momentos interessantes porém o desfecho não resolve todas as questões levantadas e é um pouco irregular.
O que eu absolutamente não me canso de falar sobre o filme é a qualidade dos diálogos. Cada conversa, e mesmo praticamente cada fala dos personagens, tem uma segunda ou mesmo uma terceira camada de significado. Há uma complexidade que carrega o filme à um patamar superior ao que normalmente esse tipo de material teria se não tivesse falas tão inspiradas.
Baseado em uma peça de teatro o filme as vezes não consegue disfarçar bem suas origens, com várias cena e personagens se acumulando em demasia no mesmo ambiente, mas isso não chega a ser um problema na maioria das vezes.

Eu definitivamente não esperava gostar tanto desse filme e fiquei surpreendido com a qualidade do material. Já havia ouvido o mesmo ser mencionado como um clássico, mas realmente não sabia nada sobre a história em si. O que me levou a procurar o filme foi o jogo de rpg, eu queria descobrir algumas histórias clássicas sobre a realeza e gostei tanto do que descobri que já estou me preparando para assistir "Becket" de 1964 também com O'Toole no papel de Henry II.

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