O subtítulo de "A Magia da Realidade", o último livro de Richard Dawkins, diz "como sabemos o que é verdade" e essa é uma descrição adequada sobre o conteúdo do livro porém há mais por trás das descrições de como a ciência e o método científico nos deram informações que não são tão simples de verificarmos através da observação mais simplista e cotidiana.
Dawkins, um reconhecido escritor anti-religião, está tomando a rota da sutileza aqui e focando, como foi sugerido por muitos de seus leitores, nos benefícios da ciência aos invés dos malefícios da religião.
O tema central do livro é apresentar conceitos científicos bastante básicos sobre assuntos que foram dominados por séculos por respostas incorretas ou místicas.
Uma das maiores qualidades do livro são as ilustrações inspiradas de Dave McKean, ao mesmo tempo em que elas evocam uma identidade visual única elas também conseguem passar exatamente a idéia de um conceito abrangente e dinâmico como é o caso da maioria das explicações de Dawkins.
Eu acabei ouvindo o audiobook em inglês antes de ler o livro em português e as ilustrações de McKean tornaram a experiência mais agradável e os conceitos mais complexos mais fáceis de serem assimilados.
O livro tem um apelo muito forte aos mais jovens porém tem uma temática um pouco desequilibrada. Enquanto a maioria dos capítulos se propõe a responder questões básicas e que parecem mais apropriadas a pré-adolescentes (como "quem foi a primeira pessoa?" ou "do que são feitas as coisas?) as respostas algumas vezes não conseguem ser tão dinâmicas a ponto de prender a atenção do leitor mais jovem.
Dawkins inicia cada capítulo enumerando as "explicações" religiosas e supersticiosas para todos os fenômenos para os quais ele se dispõe a explicar e depois apresenta a explicação científica para eles. Ainda que o tom de Dawkins seja menos combativo do que em Deus, Um Delírio, a inevitável comparação é avassaladora e acaba se revelando um dos mais eficientes ataques a religião. O grande trunfo do livro é deixar que essa percepção ecoe sozinha na mente do leitor sem necessariamente forçá-la "goela abaixo" algo que outros livros anti-teístas podiam (ainda que injustamente) ser acusados.