Há algum tempo atrás eu postei sobre a primeira campanha ateísta do Brasil estar sendo lançada em Porto Alegre. Meu grande amigo João Colombo, por quem eu tenho grande admiração, mas que não compartilha o mesmo ponto de vista que eu, postou um comentário no post e eu achei interessante responder. Porém as forças divinas devem estar me impedindo de responder pois eu aparentemente não consigo postar um comentário no meu próprio blog. Mas melhor assim pois podemos tornar o assunto mais um post para que todos possam opinar. Segue o comentário do João Colombo e a minha resposta, e por favor João e demais interessados sintam-se sempre a vontade de replicar e colocar suas opiniões com a certeza de que serão tratadas com atenção e importância.
"Novamente, o problema de "acreditar" ou "não acreditar" na existência de Deus... 'ninguém' é capaz de comprovar que ele 'não exista'; e sua 'existência' se dá 'excluivamente' a partir de uma 'lógica filosófica'. Acreditar em algo maior e abstrato não tem nada a ver com as ações dos seres humanos. O problema é a ganância do homem que, em sua imperfeição, usa a religião 'como desculpa' para barbaridades. Hilter "acreditava" em Deus, mas não entendia nada sobre 'amor Universal', cultuado desde Platão e reafirmado pelo Cristo. Chaplin, por sua vez, "não acreditava" em Deus, mas se posicionava como um 'verdadeiro cristão'. "
João, acho que você está encarando o problema ao contrário. Primeiro, nada parte do princípio que não se pode comprovar que algo "não exista". O fato é que não podemos comprovar que Deus existe. As duas frases significam a mesma coisa, porém inverter a ordem natural de questionamento apenas para dar espaço para a certeza irracional ao invés do questionamento lógico é algo que não torna a existência de Deus mais ou menos provável apenas cria uma rápida confusão que é a capa que a religião tem utilizado durante todos esses anos. E "acreditar em algo maior e abstrato" tem absolutamente tudo a ver com as ações dos seres humanos. Porque você acha que nós ateus nos posicionamos contra a religião? Porque ela de fato, diariamente, impede o avanço da humanidade e do ser humano. Eu me pergunto por quanto tempo o ideal utópico da religião vai cegar as pessoas para seus efeitos nocivos muito mais reais e recorrentes do que qualquer suposto benefício?
Além disso não posso deixar de notar que você deixou de compreender o tema da campanha. "Diga não ao preconceito aos ateus". Como a placa diz religião não define caráter. O objetivo aqui é mostrar que independente de quem acredita no que (no sentido religioso), isso não define o caráter daquela pessoa. Não acredito que Chaplin se posicionava como um "verdadeiro cristão", talvez você tenha tentado dizer que ele era uma pessoa boa e produtiva, mas no mundo real essas qualidades raramente são sinonimos automáticos de um "verdadeiro cristão". E por favor não pense que eu acho que não podem haver cristãos com tais qualidades, apenas acho que eles não as tem automaticamente por pertencerem aquele ou a qualquer credo, eles podem ter essas qualidades mas por suas atitudes. Deviamos julgar as pessoas pelo que elas fazem e não por qual amigo imaginário elas tem. Essa é a mensagem da campanha.
Ps: Obviamente o preconceito contra ateus está em alta e muito longe de acabar, apenas dois dias depois que eu postei essa mensagem o outdoor havia sido rasgado, enquanto todos os outros cinco ao seu redor continuavam intactos.
Posso ter compreendido errado, mas acho que tu fugiu ao ponto apresentado pelo João. O ponto mais importante que ele apresentou, ao meu ver, é o fato de que todos esses efeitos nocivos que tu apresenta como relacionados a Deus são culpa do homem, e não de uma figura superior divina. O que Deus representa não são os atos do homem. Se eu matar alguém que tu não gosta porque te considero um simbolo pra mim, a culpa é tua? Os outros devem virar as costas pra ti porque eu fiz isso?
ResponderExcluirVamos pegar o exemplo que tu deu... e colocar Hitler no meio, como sempre!
ResponderExcluir"Se eu(Derek) matar alguém(Fulano) que tu(Vinicio) não gosta porque te considero um simbolo pra mim, a culpa é tua?"
Vamos trocar Derek por Soldado Alemão, Fulano por Judeus e Vinicio por Hitler... Você ainda acha que no exato mesmo exemplo que você deu a culpa não é minha Vinicio Hitler?
Muito bem, mas existêm coisas a considerar:
ResponderExcluir1º- Hitler tinha um discurso claramente violento, o que justifica o ato de soldado e implica em sua culpa.
2º- O meu exemplo ainda leva em consideração pessoas (Vinicio e Hitler). Deus não é uma pessoa, não importa o quanto tente julgar ou analisar como um.
Ainda que o teu 2º exemplo tente tirar qualquer possibilidade de eu rebater o 1º (Ele por si só já tira a necessidade de tu dar o 2º argumento), eu vou considerar ele nulo temporariamente e responder ao primeiro exemplo:
ResponderExcluir1º Eu te garanto que NENHUM discurso de Hitler é mais violento do que o de Deus no Velho Testamento. Absolutamente nenhum.
2ºEsse velho argumento. Não se pode discutir Deus por que não se pode. Engraçado, Deus só vira objeto de exemplos quando a comparação é positiva, quando é negativa não se pode mais... Você deu o exemplo de pessoas, como eu deixei claro eu não mudei o exemplo só mudei os personagens e infelizmente o contexto não muda muito. Então Deus não pode ser julgado porque ele é intangível e fruto de uma lógica filosófica??? Óbvio, mas o problema aqui é a crença. Na comparação que demos até agora, eu estou atacando a crença no Nazismo como alternativa viável e não que Hitler é isso ou aquilo, para mim ele não existe. Dizer que o soldado alemão é que está corrompendo o nazismo dada a inerente condição do ser humano como pária e desonesto não justifica a existência desse sistema em primeiro lugar, se tanto simplismente evidência que ele pode, é e sempre sera usado para o mal independente de que a visão inicial era perfeita.
Bom, então o o fato de tu ser ateu não se relaciona. A qustão é o mal que tu atribui a religião e a fé, se entendi bem. O ato da fé já se mostrou extremamente destrutivo através dos tempos, mas muito positivo e construtivo também. Negar a contribuição da fé na filosofia, na arte e na cultura é impossível. A própria igreja católica, enquanto limitava a ciência, ajudou enormemente a preservar a arte, e o direito canônico e a base de todas as leis que temos hoje; enquanto fomentou guerras pela reconquista da terra santa, impediu que diversos paises, por compartilhar a mesma fé, entrassem em guerra, impedidno assim outra série de conflitos. No próprio império romano a adoção do cristianismo se deu para que o império, formando por diversos povos e culturas, tivesse uma identidade comum, e não se partisse em conflitos internos. A fé, como qualquer expressão humana, tem grande potencial construtivo e destrutivo. Focar no mal, de qualquer coisa, da conotação negativa.
ResponderExcluirJá a existência de deus fica naquela nossa questão habitual: Racionalizar Deus o destitui de signifacado e sentido. Não racionalizar Deus impede o debate. E é essa questão o que me faz agnóstico...
Vinício, você ainda não entendeu uma coisa fundamental na discução se Deus existe ou não. Deus é "causa primeira de todas as coisas, inteligência superior do universo". Isso é um conceito de lógica filosófica. Não há outra maneira de definir Deus e isso não tem como ser rebatido. Deus não tem nada a ver com as ações do homem. As brutalidades do ser humano, são fruto de sua imperfeição e estamos em busca constante pela perfeição moral e intelectual. Você não precisa ter "religião", enquanto "instituição-empresa" para acreditar em Deus e viver o amor universal. John Lenon dizia que não acreditava em Jesus ou nos Beatles, só nele mesmo e olha quantas coisa belas fez em prol da humanidade. Quando falei de Chaplin agia "como um verdadeiro cristão", quis dizer que ele agia como o Cristo pregava o amor ao próximo. Cristo nunca mandou matar em nome dele, jamais! Pelo contrário, tratava a todos da mesma maneira e eu busco me espelhar nele. Concordo contigo que as pessoas não devem ser julgadas por serem boas só porque se dizem cristãs, é um rótulo de defesa ridículo, ou serem julgadas como "más" porque se dizem atéias, isso é um absurdo. Admiro o esforço de um grupo que se sente oprimido, e acho que ninguém deve julgar um ateu porque ele diz não ter religião. Mas a questão é que o ateísmo, no sentido de que não acreditar na "existência de Deus", isso não existe, o que existe são pessoas sem religião formalizada. Duvido que em um momento de felicidade, de sentimento de agradecimento ou sofrimento, tu não busque se conectar com algo maior, com algo abstrato. Se tu acreditas na possibilidade do amor universal, se se sente agredecido pela vida te dar coisa boas, então acreditas em Deus, mesmo sem religião.
ResponderExcluirLembre-se disso nessa discução: acreditar ou não acredita em Deus, não tem nada a ver com religião ou com as barbaridades do ser humano.
Você não precisa rebater isso para dizer que não tem religião. "Stop worrying and enjoy your life".
O Derek entendeu isso
Abraço
"Deus é 'causa primeira de todas as coisas, inteligência superior do universo' ".
ResponderExcluirAté entendo que, devido à lógica aristotélica se conclua que exista uma causa primeira para o universo. Mas existe um abismo imenso entre esta causa primeira ser o que chamam de por aí de deus e maior ainda o abismo que separa esta causa primeira de ser, de fato, inteligência suprema.
A coisa chegou a tal ponto que esconderam deus na metafísica, para que não seja alvo do método científico. Isso eu entendo como uma estratégia desesperada e até a aceito, ninguém disse que era proibido fazer isso.
O problema está justamente em inventar uma inteligência metafísica que não se sujeitaria às leis da física. Por mais que se alegue o contrário, não é lógico conceber um "ser", físico ou metafísico, que ignore as leis da termodinâmica, por exemplo, em especial a segunda.