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segunda-feira, 2 de abril de 2012

Livros Que Mudam a Vida - O Poderoso Chefão

No fim de fevereiro eu completei 27 anos e recebi alguns presentes de amigos meus. Entre esses presentes estava o livro "O Poderoso Chefão". Ele me foi presenteado pelo meu bom amigo Derek, que deve ter se preparado para esse aniversário com uma antecipação incrível já que eu havia visto esse livro pelo menos um ano antes na estante da casa dele.
Obviamente, o livro é a história original de Mario Puzo que foi adaptada por Francis Ford Coppola em um dos melhores filmes de todos os tempos. Minha primeira impressão foi de que não haveria nada de muito interessante em ler um livro cuja história eu já conheço tão bem. Achei que se houvessem partes que não foram transportadas para a tela elas seriam menores e de pouca qualidade. De fato as melhores partes estavam no filme, mas há muita informação e material extremamente interessante no livro.
Diversos personagens são melhor delineados e tem suas motivações melhor explicadas (como era de se esperar em uma versão de bolso com mais de 600 páginas). Alguns como Luca Brasi, Lucy Mancini e Johnny Fontane passam de mera aparições no filme à personagens essenciais à trama.
Além de mais alguns detalhes da família Corleone, uma melhor definição da hierarquia da família e uma visão melhor da dinâmica deles, também há uma compreensão melhor da passagem de tempo do que no filme. Dez anos se passam entre o casamento de Connie e o assassinato dos chefões à mando de Michael no final da história.
Algumas tramas paralelas (mas ainda sim diretamente ligadas a família Corleone) são apresentadas em profundidade. Johnny Fontane tem toda a sua história contada e o autor ainda se aprofunda em sua carreira após a produção do filme no qual ele ganhou o papel graças a Tom Hagen. No livro ele ganha até o Oscar de Melhor Ator por sua interpretação graças a influência de Don Corleone. Lucy Mancini que no filme apenas é vista "escapulindo" com Sonny Corleone durante a festa de casamento de Connie também tem seus detalhes esclarecidos, incluindo alguns bastante intímos. Isso é muito interessante porque eu nunca havia notado que ela é a mãe de Vincent Mancini, o personagem de Andy Garcia em O Poderoso Chefão III.
Outra grande surpresa foi descobrir que grande parte da trama de O Poderoso Chefão II (os flashbacks mostrando Vito Corleone se envolvendo com Téssio e Clemenza e assassinando Fanucci) são originalmente deste livro.
Apesar de ser extremamente difícil para mim analisar o livro como uma obra separada, sendo que a comparação com o filme é inevitável, o livro cresceu em mim e me vi cada vez mais compelido a terminar de ler a história. Puzo tem uma narrativa sólida que consegue descrever o "clima" de determinado local através dos diferentes personagens que ele apresente na história, um mais interessante do que o outro. Puzo cria um clima onde cada diálogo pode ser mais interessante do que um tiroteio e isso prende o leitor.
O único grande defeito do livro é a tradução capenga. Algumas gírias soam bobas e fora de lugar, "parents" é traduzido como "parentes" e erros do tipo são encontrados a cada 10 ou 15 páginas. Mas no geral isso não estraga a compreensão da história.
Fiquei impressionado como Don Corleone ainda consegue ensinar importante lições de vida mesmo tantos anos depois que ele nos foi apresentado pela primeira vez. Quando Don Corleone ensina Michael a dizer "não" sem nunca proferir a palavra em si eu fiquei boquiaberto. É uma lição simples, prática e completamente realista mesmo vindo de um livro sobre a máfia da década de 40.
Acima de tudo fiquei extremamente feliz com meu presente e satisfeito com o livro. Talvez depois de 14 anos de amizade eu deva finalmente dar ao Derek um presente de aniversário além do boneco do Pete Fedido.

2 comentários:

  1. Na verdade, quem me deu esse livro de presente foi a Alice. Já era dela e ela me deu de prsente de formatura, depois de saber que eu fiquei muito empolgado com a trilogia.
    Lembro que devorei ele em poucos dias, o que hoje percebo que foi um erro porque eu não lembro de nada dessas partes mais específicas que tu escreveu.
    Achei que tu acharia interessante (e vejo que acertei) justamente pela riqueza de detalhes, e ao te repassar de certa forma faria o mesmo que ela fez quando me deu o livro.
    Quem sabe um dia tu não de ele de presente pra alguém também?
    Não seja egoista! Hahahaha
    Abraço.

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  2. PS: Pete Fedido não foi pior que um certo presente de amigo secreto que eu dei uma vez...

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