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quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Pálido Ponto Azul


Com a comoção gerada pelo pouso da Curisity em Marte nas últimas semanas eu estava escutando um dos podcasts do Jovem Nerd sobre Marte e a conquista espacial e ouvi uma reflexão do famoso astrônomo Carl Sagan sobre uma fotografia tirada pela sonda Voyager 1 em 1990.
O próprio Sagan teria sugerido à NASA que vira-se a sonda, já em um ponto distante do nosso sistema solar e tirasse a foto, mostrando nosso planeta natal como um pequeno e "pálido ponto azul".

Segue a reflexão de Sagan:

"Olhem de novo para esse ponto. Isso é a nossa casa, isso somos nós. Nele, todos a quem ama, todos a quem conhece, qualquer um dos que escutamos falar, cada ser humano que existiu, viveu a sua vida aqui. O agregado da nossa alegria e nosso sofrimento, milhares de religiões, ideologias e doutrinas econômicas, cada caçador e colheitador, cada herói e covarde, cada criador e destruidor de civilização, cada rei e camponês, cada casal de namorados, cada mãe e pai, criança cheia de esperança, inventor e explorador, cada mestre de ética, cada político corrupto, cada superestrela, cada líder supremo, cada santo e pecador na história da nossa espécie viveu aí, num grão de pó suspenso num raio de sol.


A Terra é um cenário muito pequeno numa vasta arena cósmica. Pense nos rios de sangue derramados por todos aqueles generais e imperadores, para que, na sua glória e triunfo, vieram eles ser amos momentâneos duma fração desse ponto. Pensai nas crueldades sem fim infligidas pelos moradores dum canto deste pixel aos quase indistinguíveis moradores dalgum outro canto, quão frequentes as suas incompreensões, quão ávidos de se matar uns aos outros, quão veementes os seus ódios.


As nossas exageradas atitudes, a nossa suposta auto-importância, a ilusão de termos qualquer posição de privilégio no Universo, são refutadas por este pontinho de luz frouxa. O nosso planeta é um grão solitário na grande e envolvente escuridão cósmica. Na nossa obscuridade, em toda esta vastidão, não há indícios de que vá chegar ajuda de qualquer lugar para nos salvar de nós próprios.


A Terra é o único mundo conhecido, até hoje, que abriga a vida. Não há mais algum, pelo menos no próximo futuro, onde a nossa espécie puder emigrar. Visitar, pôde. Assentar-se, ainda não. Gostarmos ou não, por enquanto, a Terra é onde temos de ficar.


Tem-se falado da astronomia como uma experiência criadora de firmeza e humildade. Não há, talvez, melhor demonstração das tolas e vãs soberbas humanas do que esta distante imagem do nosso miúdo mundo. Para mim, acentua a nossa responsabilidade para nos portar mais amavelmente uns para com os outros, e para protegermos e acarinharmos o ponto azul pálido, o único lar que tenhamos conhecido."




terça-feira, 28 de agosto de 2012

Sementes...


Você me bate, empurra e tenta me intimidar. Grita, xinga e tenta mais uma vez o golpe imundo de tentar apertar o fácil botão que aciona os meus medos mais óbvios. Somente um imbecil como você tentaria um golpe tão óbvio como esse. Algo tão banal, tão rasteiro.
Seus esforços físicos simplistas são percebidos por meus braços e nada mais. Você se tornou apenas uma carcaça ambulante na qual eu deposito todo o lixo e decepções causados por você mesmo. Ainda sim você insiste e com as mais tolas palavras insiste em tentar me controlar.
E eu como um robô pré-programado respondo a elas da forma esperada. Te bato, empurro e tento te intimidar. Você finge não ouvir e isso me enfurece ainda mais.  Eu uso os argumentos que eu sei que vão te convencer e você permanece calado. Então eu te lembro que o meu pior defeito é ser sua continuação. É ser tão ruim, tão egoísta como você.
Eu não desejo ser honesto, sincero e fiel, mas eu sou porque isso me distância de você. Essas não são sensações agradáveis para a mera extensão de você que eu sempre fui e essa é a única razão que essas qualidades tem algum valor para mim. 
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