Páginas

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Ateus são o grupo que mais causa repulsa e antipatia

Pesquisa da Fundação Perseu Abramo sobre preconceito no Brasil mostra que aversão aos não-crentes é maior do que a dedicada aos usuários de drogas, travestis e prostitutas.

Vinícius Carvalho
vcarvalho@odiariomaringa.com.br

Eles não dizem amém, não batem na madeira e só jejuam antes de exames clínicos, ou para emagrecer. São sempre minoria, rejeitados pela esmagadora massa de cristãos, muçulmanos e outros crentes do mundo. A maior parte deles não está interessada em conflito, contudo os ateus são o grupo que causa maior repulsa no brasileiro, de acordo com pesquisa da Fundação Perseu Abramo, publicada em fevereiro.
Numa análise detalhada sobre o preconceito no Brasil, o levantamento aponta a existência de intolerância relacionada à orientação sexual, crença religiosa, dependência química e situação econômica.
O grupo apontado como mais odiado, na opinião dos entrevistados, é a “gente que não acredita em Deus”. Eles despertam repulsa ou ódio em 17% das pessoas e antipatia em outros 25%, superando a aversão causada por usuários de drogas, garotos de programa, transexuais, travestis, e prostitutas.

Nem ver
Entre as pessoas que os entrevistados afirmaram ter menos vontade de ver ou encontrar na rua, os ateus aparecem em segundo lugar, com 25% – atrás apenas dos usuários de drogas (35%).
A discriminação contra o não-crente é aberta e exercida livremente. No Dicionário Houaiss, entre os sinônimos atribuídos ao verbete “ateu”, estão “ímpio” e “herege”. No entanto, os descrentes, em geral, não estão interessados em atacar nenhuma religião ou profanar os símbolos sagrados da maior parte da humanidade.
“Muitas pessoas acham que se você não tem um pastor, não é ovelha, e se não é ovelha, então é lobo”, diz o estudante de Farmácia no Cesumar, Gustavo Silva Santos, ateu e morador de Maringá.Ele afirma que, quando fala sobre o assunto, as reações são quase sempre negativas. “Os olhares são feios, os comentários desconfiados”, comenta.

Fora do manual
Para Gustavo, a aversão aos ateus se deve ao fato de muita gente acreditar que as concepções de bem/mal e certo/errado estarem necessariamente associadas à crença religiosa.
“O ateísmo é tido como fora dos padrões clássicos de bom comportamento, fora dos ritos sociais comuns. Não nos enquadramos do manual de como ser bom, segundo a Igreja: cultuar a Deus, casar, batizar os filhos, crismá-los e manter talões de dízimo”, diz Gustavo. “Como esse padrão é muito mais forte em pequenos centros, ser ateu ou até agnóstico em Maringá é problema grave”, destaca.
Segundo apurou O Diário, discriminação contra ateus é sentida até no meio jurídico. Muitos daqueles que não creem em Deus, como é o caso de um advogado ouvido pela reportagem, começaram a questionar as religiões com ajuda da ciência.

Hitler estava certo.


É isso mesmo: Hitler estava certo... Esses biscoitos estão uma delícia!
Algum tempo atrás me deparei com uma camiseta com essas inscrições e achei fascinante a lógica da coisa.
Uma declaração de Hitler, nesse caso a fantasiosa opinião dele sobre biscoitos fictícios, não pode ser interpretada universalmente como errada porque a figura histórica do personagem é universalmente (e justificadamente) interpretada como errada.
Esse abandono lógico da verificação de uma ideia singular em função da análise da figura como um todo é um fenômeno recorrente no meu dia a dia. Óbvio que eu acho que devemos também considerar além do que estão falando, quem está falando. Mas ideias não devem ser descartadas por que quem as está pronunciando esteve errado antes.

Onde eu quero chegar? Me acostumei a perceber  em discussões que quando eu discuto com alguém quase sempre a lógica aplicada sobre o argumento em questão é falha. Estamos debatendo a validade do argumento “X” e enquanto eu tento analisar as considerações específicas sobre esse argumento a outra parte costuma apontar situações nas quais eu estava errado e não rebater os argumentos que estou apontando. Isso acontece quando debato situações com a minha família, esposa, amigos, e colegas de trabalho. Dentre esse grupo o único que eu fico grato que apresente essa deficiência na análise lógica da situação são meus colegas de trabalho. Grande parte do fato de eu ter um emprego se deve ao fato de conseguir analisar a situação de forma clara e contra-argumentar logicamente. Mas e quanto aos meus amigos e familiares ou mesmo inimigos?
Desde a adolescência eu não tenho mais a confiança necessária para acreditar que apenas eu estou certo em situações nas quais a oposição tem números esmagadores.
O meu dilema tem traços “alienistas” quando eu considero que eu seria um debatedor eficiente e todos os demais ineficientes. O próximo passo natural é considerar que eu na verdade é que debato de maneira equivocada e todos os outros estão certos. Deveríamos então provar que uma ideia está enganada não pelo mérito da ideia mas pelos méritos das ideias anteriores do atual expoente delas?
Talvez aqui caiba o esclarecimento de que esse tipo de análise só é verídica em discussões mais informais e próximas do nosso dia-a-dia. Quando tratamos de questões mais distantes temos justamente o distanciamento necessário para ponderarmos mais as ideias em si. Não que nossas duvidas diárias e cotidianas tenham uma impacto menor. Pelo contrário elas nos afetam imediatamente e deveriam ser consideradas mais claramente.
Depois de mais de um ano morando junto com a minha esposa, e depois de ela ser vítima desse tipo de análise diversas vezes, ela começou a se armar e apontar para mim cada vez que eu incorria nesse erro que por tanto tempo eu tive a petulância de me julgar imune. Acabei percebendo que eu fazia isso tão frequentemente quanto os outros. Quando me é útil eu abandono a lógica e passo a atacar outras falhas do meu interlocutor e esqueço o real mérito da argumentação envolvida.
Nunca é tarde para aprender que:

Mesmo um relógio parado está com o horário certo duas vezes por dia

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Assassin's Creed 3 - O Melhor Jogo do Xbox 360?

É conhecimento comum para os apaixonados por video-games que quanto mais um console de última geração se aproxima do fim da sua vida útil, mais aumenta a possibilidade de ele apresentar seus melhores jogos. Para citar uma transição que eu acompanhei os últimos jogos do Play One eram melhores que os primeiros jogos do Play 2, ou pelo menos apresentavam uma diferença de qualidade que não era compatível com o abismo tecnológico que separa as duas máquinas. O conhecimento da capacidade da máquina faz com que os desenvolvedores busquem cada vez mais alcançar o máximo possível do console para criar o melhor jogo. Sendo assim com o que é provavelmente o último ano da sétima geração de video-games (Play 3, Xbox 360) estamos acompanhando a possibilidade de presenciarmos os "canto do cisnei" no que se refere a essa geração de consoles. Com muitos dos próximos grandes lançamentos já começando a mirar as próximas plataformas (Just Cause 3 só sairá na 8º geração) já começamos ver os últimos lançamentos e podemos começar uma busca definitiva pelo que poderia ser o melhor jogo do Xbox 360 de todos os tempos. Ainda temos algum tempo e GTA 5 pode surpreender todo mundo, mas depois de assistir aos videos abaixo começo a apostar as minhas fichas em Assassins Creed 3...



Bill Maher - Atheism Is Not A Religion


Everything is a Remix

Eu já havia falado sobre essa série de videos em outro post e acabei postando os três primeiros três videos legendados. Aqui vai a série completa legendada para aqueles que perderam o post anterior. É realmente muito interessante.







Livros Que Mudam A Vida: Guia Politicamente Incorreto da Filosofia

Eu sou uma criança. Sei disso por que depois de passar quase toda a minha uma hora de intervalo de almoço escolhendo um livro na Saraiva escolhi o com a capa mais colorida.
Eu me devo uma certa indulgência e admitir que essa não era a minha intenção inicial. Eu queria comprar a biografia de Johnny Cash, quando isso não foi possível tentei algum livro de Christopher Hitchens. Quando essa possibilidade também não se concretizou me liberei em um safári literário que normalmente não trás bons resultados.
Avistei uma coleção de livros denominados "politicamente incorretos". Aparentemente eles estão tendo um bom volume de vendas pois não é a primeira vez que eu avisto um exemplar dessa coleção em um local de
destaque nas livrarias (mais tarde eu descobriria que eles estão na lista de mais vendidos da Revista Veja, isso teria despertado algumas desconfianças). Dei uma olhada no “Guia” da América Latina (havia também um sobre o Brasil) e identifiquei rapidamente algumas bobagens de direita sobre personalidades que construíram a história da América Latina. Quando eu digo bobagem eu não quero dizer que necessariamente duvido da informação de que Che Guevara queria matar trabalhadores vagabundos, apenas estou ciente de que a informação está ali para invalidar outras ações do homem, cuja validade poderiam ou não estar associadas a esse fato. Não que eu acredite que haja uma explicação válida para matar trabalhadores, independente de sua produtividade, mas isso não invalida automaticamente tudo que o homem fez ou pensou.
Sendo assim dispensei esse título e me interessei pelo “Guia Politicamente Incorreto da Filosofia”, obviamente da mesma série, mas de um autor diferente. A contra-capa trazia novamente algumas informações bizarras sobre grandes filósofos. A última vez que me interessei por esse tipo de informação (curiosidades sobre grandes figuras históricas) descobri que Darwin tinha crises de vômito com medo da Teoria da Evolução e que Marx pedia dinheiro emprestado a amigos. Essas informações não me ajudaram no entendimento de seus
respectivos textos mas ajudaram a desmistificar essas personalidades para que eu pudesse ter mais confiança em entender (e analisar criticamente) o que eles diziam. Imaginei que seria positivo aplicar o mesmo princípio a Nietzsche, Platão e Foucault.
Eu estava redondamente enganado com o conteúdo do livro.
Em minha defesa eu devo dizer que obviamente a intenção do livro é de induzir o possível leitor ao mesmo erro que eu cometi. A arte da capa e mesmo as citações selecionadas na aba do livro tem a intenção de apresentar a obra como sendo um guia "no nonsense" sobre a história da filosofia.
Me decepcionei ao descobrir ainda na introdução que o o livro se trata de um caso contra o "politicamente correto" por parte do autor Luiz Felipe Pondé.
A lógica de Pondé pode ser resumida como "toda a forma de politicamente correto é hipócrita". Essa é uma analise cruel porém honesta e funciona razoavelmente bem. Infelizmente Pondé "estica" essa lógica para abraçar toda uma outra argumentação que não tem base alguma.
 Ele se identifica como politicamente incorreto, explica que tudo que é politicamente correto é errado e passa a entender que como ele é politicamente incorreto tudo que ele não gosta é politicamente correto, portanto errado... Entendeu? Essa lógica infantil é aplicada à esquerda política, as feministas, aos negros, aos gays, aos indíos, aos pobres e a todo grupo cujo senhor Pondé acredite (em uma esfera pessoal) que tem posições políticas de "mulherzinha". Tudo isso é classificado como "Politicamente Incorreto" ou "Praga PC" como ele chama. 
Não vem como surpresa perceber que o autor homem, rico, branco e heterossexual. Não que isso seja errado por si só, apenas não pode ser concebido como coincidência que tudo que é contrário a esse padrão apresentado pelo autor seja (na opinião dele) erroneamente apoiado por uma sociedade infestada pelo politicamente correto. 
Há pontos válidos comentados por Pondé como a menção de que os fundamentos da democracia (liberdade e igualdade) são contra-pontos que jamais permitirão um tipo de estrutura democrática eficiente. Porém esse lampejos de inteligência são soterrados por pérolas da imbecilidade como: "Todas as feministas são feias, por isso são feministas".
Há uma arrogância palpável que causa um certo repúdio muito real ao se ler o livro. Aparentemente ser politicamente incorreto perdeu todo o seu charme e foi substituído por simplesmente ser desagradável.
O tipo de atitude arrogante é até esperado de pessoas que dominam seu assunto com maestria, eu já me referia a pessoas que "conquistaram o direito de ser arrogantes", esse não é o caso de Pondé. Em determinado momento ele menciona ao que as americanas se referem a um homem considerado um bom partido como "keeper" e que isso se daria ao fato de este ser um homem que apresenta o perfil "mantenedor". Alguém teria a capacidade de mantê-las, sustentá-las e protegê-las. Sendo conhecedor do termo e já tendo ouvido a expressão proferida por diversas mulheres que não tinham essa visão eu posso com segurança afirma que a expressão "keeper" se refere a alguém ao qual se deve "manter", ou "segurar" devido a ser alguém bom demais. Isso poderia ser um simples erro de tradução mas Pondé constrói todo um capítulo e um conceito machista sobre essa tradução equivocada.
Eu poderia simplesmente dizer que o livro fosse evitado a qualquer custo mas o fato é que ele é ótimo para pensar. Normalmente leio livros com os quais eu concordo de antemão e percebi que quando discordamos do autor somos instigados a um pensamento mais crítico.
O grande valor desse livro reside em uma frase de Dudley Field Malone: "Eu nunca em minha vida aprendi nada de algum homem que concordasse comigo."

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Teaser do novo filme de Tarantino: Django Unchained

Como se não fosse o suficiente ser o novo filme do mestre Tarantino, tem a música do imortal Johnny Cash!

terça-feira, 5 de junho de 2012

Preces e Resoluções


“Senhor Deus, por favor ajude-me. Por favor, eu imploro. Ajude um pobre pecador como eu. Por favor me dê forças para enfrentar essa prova tão dolorosa e pesada que se coloca diante de mim nesse momento.”
Eu me encontro em um dos momentos que levam as pessoas a pronunciar esse tipo de frase e ainda sim escrevê-la exige um esforço criativo legítimo para que eu possa sequer considerar quais as palavras preencheriam esse tipo de mensagem.
Eu não gostaria de me encontrar em uma situação desesperadora, porém esse tipo de acontecimento me fornece uma visão particular desses momentos e um contato mais próximo com a motivação de pessoas nessas condições.
A minha falta de motivação para que eu não acredite nesse tipo de prece/súplica não vem de um mal direcionado sentimento de orgulho, ainda que eu acredite que esse tipo de mensagem necessite de desnecessária identificação do solicitante como alguém simplório, errado e arrependido, porém a minha indisposição para esse tipo de solicitação desesperada é a simples falta de propósito para isso.
Não haverá uma intervenção divina para mim ou para quem eu proponho, e isso independe da maneira como eu levei a minha vida ou como ele tenha levado a dele, e em algum lugar do mundo alguém que tenha vivido seguindo fielmente todas as arbitrárias e ilógicas (e muitas vezes cruéis) regras da religião poderia fazer as mesmas súplicas e mesmo assim não receberia qualquer tipo de intervenção sobrenatural.
Qualquer tipo de mudança inesperada na ordem natural é fruto da mera chance estatística de isso acontecer de qualquer outra maneira. Vez após vez percebemos o que é estatisticamente improvável como sendo sobrenatural. O que nos leva a imaginar se não temos como alterar as chances do que seria improvável de acontecer a nosso favor. E qual a única coisa que podemos fazer? Qual a única coisa que podemos fazer para transformar algo intangível e improvável em algo concreto e certeiro? Desejar. Desejar que isso se torne realidade. Mas talvez desejar seja algo muito simples. Nós estamos acostumados a desejar diversas coisas simples durante o dia e nenhuma delas acontece. Talvez a resposta seja um pouco mais além. Talvez não seja apenas desejar que seja verdade, talvez nós devêssemos dar o benefício da dúvida ao destino e acreditar que isso irá de fato se tornar realidade. Talvez a resposta seja acreditar em algo como se fosse verdade antes mesmo de sabermos se isso é verdade. Isso é a fé.
Mas ainda sim isso não concretiza o desejo. Talvez por que estejamos acreditando de antemão em algo simples de se acreditar. Talvez nossa fé pudesse ser melhor demonstrada se acreditarmos em algo mais improvável. Talvez se acreditarmos em mitos que desafiam tudo aquilo que presenciamos e verificamos desde o nosso nascimento... Talvez então nossa fé seja o suficiente para que possamos mudar as probabilidades o suficiente para que um evento extremamente improvável ocorra em nosso favor.
No fundo trocamos a possibilidade de um favor extremamente improvável (a vida de um filho, a cura de um pai, a vida eterna) pela crença inquestionável em algo absurdo.
Coincidentemente, o método utilizado acaba tornando a realização do favor inverificável, e a crença absurda em algo que pode ser facilmente monetizado.
Uma das características de um golpe é que ele funciona melhor quando a vitima esta mais fragilizada e nunca em minha vida eu fui tão procurado por religiosos tentando me converter quanto nesse momento.
Peço desculpas aos leitores mas depois de considerar alguns minutos percebi que não há outra maneira de explicar a minha situação a não ser descrevê-la diretamente.
Meu pai está internado em estado grave na UTI do Hospital Dom João Becker de Gravataí  há alguns dias e no último domingo ele foi desenganado.
Ele é o que eu definiria como ateu não-praticante, ele não acredita em Deus mas procura não interferir com a crença de ninguém. Escrevendo isso percebo que jamais sofri qualquer tipo de influência dele em relação a religião. Quando minha mãe insistia que eu fosse a missa ou a catequese ele jamais proferiu uma palavra de incentivo ou de reprovação e a própria revelação de que ele era ateu só foi feita para mim muitos anos depois que eu mesmo já havia me definido como tal para toda a família.
Quando eu vejo ele no leito da UTI e trocamos olhares temos um entendimento, talvez único em nossa família, de que nossa história acabará lamentavelmente ali. Não há promessas de continuações, ou ilusões de nuvens e harpas, há apenas a importância do que foi feito e construído até aquele momento. Estamos comprometidos com nossa consistência e esse é o legado de nossa relação, pelo menos no que diz respeito a nossa escolha religiosa. 
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...